Silvestre Kuhlmann
"Você é passarinho,
Eu sou poeta,
Vai, voa ligeiro,
alcança sua meta,
Mas nunca se esqueça:
Sou sua metade."
"Quando estou triste, rimo;
Faço das rimas arrimo,
Tiro das pedras o limo,
Dou-me um presente, um mimo,
Um novo poema."
"Deus fez tudo em seis dias,
No sétimo? Descansa!
Mas Deus se cansa?
Não, mas nos ensina
Uma nova disciplina
Sair da rotina,
guardar na retina
A beleza do descanso,
Nele, Deus manso."
"Minha ovelha perdida,
Onde andará escondida?
Será que encontrou comida?
Será que ainda tem vida?
São tantos os maus pastores,
São tantos os predadores
Que querem sua lã e couro,
Mas ela é meu tesouro!"
"Filho de carpinteiro sou,
De José e de Maria;
Tomo a plaina, a serra e corto,
Cedo aprendi a artesania:
Pego a lima, a régua, o torno,
O que é feio, em belo torno."
"Que seja minha fé,
assim, tamanha,
A ponto de não me apegar ao ter,
A ponto de não segurar, reter,
Tornando a existência
triste e enfadonha."
"Tu és o Deus infinito
Que por nós se fez finito,
És o Cordeiro Imolado.
E nada é mais bonito,
Nem nome há mais bendito
Que o de Jesus Cristo amado."
"A felicidade consiste
em poder notar
O belo que se ergue
ao redor do meu olhar
E em ter a meninice
Na crendice que tudo existe
Pra me alegrar."
"Teus olhos,
diamantes,
Tem por amantes
meus dois olhos,
São dia-amantes,
à tarde, amantes,
À noite, amantes,
namorados."
Bem sei que não sou nobre
O valor do que trago se encobre
Dos que não me veem por dentro
Duas moedas de cobre
Oferta da viúva pobre
O meu tudo ofereço
Palmas para Palmas
Capital de Tocantins
Para as ruas calmas
Para as praças e jardins
E não é por acaso
Que o mais belo ocaso,
O mais lindo por do sol
É o daqui!
De que me vale ter todas as coisas?
A fome em minha alma não se mede.
Virás pra saciar a minha sede?
Tesouros vãos se vão
são ventos, brisas,
Quero buscar primeiro a Ti e ao Reino;
No qual quero chegar feito menino
Ele coreografou movimentos,
A cabriolagem, o golfinho rotador
O urubu observando em círculos
A paradinha do beija-flor.
É pintor do azul celeste,
Amarelo-canário e do branco algodão
Alquimista do cravo e canela,
Do alecrim e do manjericão.
Esta é a mais bela poesia
Ver Jesus em nosso dia-a-dia
E no meio dessa correria
Fazer com ele parceria, melodia
E ver no simples a mais bela poesia
Cá na Terra não há alegria pura,
Também não vejo aqui amor perfeito,
Felicidade que mora em meu peito
Com dor e com tristeza se mistura.
Eu vou tocar a trombeta
e o tambor,
Erguer alto a bandeira,
ser o portador
Da notícia alvissareira:
Chegou o nosso libertador!
Andando no caminho
de Emaús
Com minhas esperanças
já perdidas,
Com minhas vistas tão
escurecidas,
Não via que ao meu lado
ia Jesus.
Mais perto do pó,
Mais junto de Deus,
Quanto mais quebrado,
Mais inteiro;
Inteiro para adorá-Lo,
Esquecer-me, reconhecê-Lo.
Só serei infeliz
Se deixar o meu "eu"
Destronar o meu Deus;
Só serei feliz
Se deixar o meu Deus
Destronar o meu "eu".
Cada dia que se passa
Não é apenas mais um dia,
Pois me traz mais para perto
Do dia em que O verei
em descoberto.