Silvana Breion
Sabe quando a felicidade é tão grande e ilusionista que você até se questiona pra saber se é real? No meu caso é como se ela fosse uma grande bexiga sem nó. Tão bela como sua cor, tão pura como o ar contido, mas que escapa fácil e ainda cospe na tua cara. É assim que a vejo.
Na real mesmo, nós só procuramos os detalhes quando esquecemos deles. Admitindo ou não, nós somos desprovidos da percepção avançada e isso afeta diretamente na nossa zona de conforto.
Descobri em mim um medo novo. Um que diferente dos outros, não consome meu conforto. Ele simplesmente flutua por entre minhas vértebras causando-me um magro temor. Passei esse último mês revirando tripas, tentando encontrar a raiz desse medo. E encontrei.
É tanta mentira que é quase possível vê-la em forma de sombra atrás dos mascarados. E ouvir tais me embrulha o estômago causando-me nojo. Tem gente que consegue jogar o mesmo jogo e interpreta com facilidade o papel, mas eu não. Na minha percepção, isso é como colocar a sujeira pra baixo do tapete e varrer junto todos os princípios que construí. Não, isso é sujo demais.
TEMOS QUE COLIDIR! E parar com essa ideia de que basta “deixar pra lá”. Talvez combatendo a gente consiga construir ao menos alguma coisa verdadeira, que não seja necessariamente bom, mas que seja real. Porque o que falta é verdade. Tente. Talvez a sinceridade traga algo bom para todos nós.
Sejamos amantes da verdade. Sejamos todos aletófilos.
Nós até poderíamos alcançar um nível de ilusão suficiente que fosse capaz de nos levar a felicidade. Eu te prometo, se você voltar.
Você seria a proteção e eu a razão e juntos alimentaríamos a emoção. Eu te prometo, se você voltar.
No início tínhamos a solidão e agora é ela que nos têm. Isto está ridiculamente errado. Nossos laços ainda não se romperam, só necessitamos apertá-los e a solidão irá embora. Eu te prometo, se você voltar.
Tento impor limites pré-estipulados, a mim mesma. Mas, algo me faz crer que os limites estão ali para serem ultrapassados, como se eu pudesse rascunhar fora da margem do papel. O que me instiga a tomar tais atitudes, é o desconhecido.
Não satisfaço-me com partes. Quando se espera pelo inteiro, a metade não convém. E quando eu chego perto do total preenchimento, me lembro que deixei pedaços para trás. Pedaços que foram arrancados de mim, sem qualquer cuidado e mesmo assim, sem ninguém perceber.
Estes pedaços nunca mais serão meus. Estão grudados em outro alguém, que igual a mim, veio em busca do ‘completo’.
Estendeu-se o colapso em meu sistema nervoso, tudo parecia tão claro que cegava-me os olhos da forma mais intensa e dolorosa possível. E com a organização das linhas de raciocínio vem o gosto amargo e forte da decepção.
A falta de densidade nas tuas palavras me faz desacreditar em qualquer coisa que elas tentam me dizer, como se o silêncio fosse um manto que cobrisse meus ouvidos. E a pressão entre eles está a ponto de deixar-me surda.