Sildácio Matos

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⁠A solidão é um ensaio para a morte.

⁠Já olhei pela janela e vi o caos,
já olhei pela mesma janela,
e vi calmaria. Não está fora,
está dentro!

⁠A poesia aponta caminhos
te livra da velha mesmice
privilegia o desapego...
Te leva a um novo universo,
extenso caminhar de sonhos
enigmas e desassossego.


Vivemos uma peça surreal,
à margem, a realidade nos procura,
olhamo-nos diariamente com ternura,
no entanto, quase nunca nos tocamos.
A vida nos obriga a muito:
A ficarmos calados...
a ficarmos doentes...
a ficarmos tristes...
ou mesmo contentes.
Nos deixa aflitos
ou apaixonados...
explodindo de alegria
ou desesperados.
A vida apronta
e também ensina,
a vida apaga,
e a vida ilumina.

⁠Eu canto... não por estar feliz,
mas por imaginar que as lágrimas
dançarão no meu rosto.

⁠Os grandes, os nobres de pensamento, só encontram amparo em seus semelhantes. Não esperam sintonia de mentes medíocres.

⁠Somos as vítimas culpadas,
feras mal domesticadas
doutrina e doutrinador.
Somos a indiferença macabra
a curva, a encruzilhada...
o sorriso a insensatez o pavor.

⁠Não comemoro frivolidades,
nem me deleito com elogios,
renego seres supérfluos, previsíveis...
cultivo a realidade sem floreios,
nela encontro algum sentido.

⁠Hoje eu sei, só há uma coisa no mundo capaz de aproximar e tornar as pessoas realmente iguais. Não é a religião, o poder, não é a cor, nem mesmo a condição financeira ou opção sexual; mas a música, apenas a música!

⁠Somos eternos prisioneiros
- vez em quando nos soltamos -
mas com dependência doentia
ao cárcere logo voltamos.

⁠O que eu tenho a fazer é bem pouco,
logo, a vida não importa tanto...
Sei que fui riso e fui lágrima
Que deixei saudades nalgum canto.

A ilusão não mais me guia
a esperança morreu, como deveria,
como uma fogueira que se apagou
em noite extremamente fria.


Não são minhas tristezas que me matam,
nem minhas angustias ou frustrações.
Não são meus medos que me atormentam,
nem meus pecados ou contradições.
Mas a certeza da saudade que não tarda, inevitável ao coração.
E o observar dores alheias impotente, estático como um cão!

⁠Não temo morrer à míngua; temo morrer miguado.

⁠Não é o banal, que me agiganta
nem o corriqueiro, que min'alma guia.
Mas o vendaval, que explode em mim,
e essa vontade voraz, que nunca me sacia.

⁠Já soube o que é ser amado!
Nem estava preparado, mas soube.
E hoje, já não me sinto...
Não com a mesma intensidade,
Amor de verdade, um dia também acaba
Amor de verdade, tem prazo de validade.

⁠Amar de fato
amar intensamente,
não tem a ver comigo ou com você...
Mais com o que o outro, vai fazer na gente.
É tudo o que se disse, sem abrir a boca
tem a ver com a forma que teu olho brilha,
com o sorriso, que só há pra ti...
Tem a ver com o abraço enquanto o outro dorme,
tem a ver com cheiro...
Tem um que de dor e de poesia,
tem aquela música que nem se conhecia
mas que hoje, só ela, tua alma acaricia.
É a tempestade, que não amedronta
é a solidão plantada em cada canto,
com a certeza ingrata, de ser colhida um dia...
É a lágrima solitária, que fugiu do pranto,
e se refugiou pra sempre, numa noite fria.

⁠Ah, essas podres almas ditas nobres
Que de nobre mesmo, não têm nada,
Usam as mesmas falas, debochadas,
E se repetem dando as mesmas gargalhadas..

⁠A mulher é um ser fantástico. Se alguém consegue tocar-lhe, de fato, o coração, não importa o que aconteça, ela jamais será de outra pessoa.

⁠É sem o burburinho das multidões
E sem os olhares deslustrados da plateia,
Que o homem se descobre em solidão
Se reconstrói, se reinventa e se revela.

⁠Destilarei meu sarcasmo e minha ironia, enquanto a hipocrisia insistir em prosperar. Os maus e seus cúmplices sorrateiros, regarão os meus canteiros até o bem frutificar.

⁠Viajo sempre...
Todos os dias
Com a mesma companhia
Para o mesmo lugar.
Viajo sempre...
Para o mesmo lugar
Mas sua companhia
Muda esse lugar
A cada viagem que faço.

⁠Cortinas se abrem
Cortinas se fecham
Várias vezes, por vários anos.
Até que saiamos de cena
Pela vez derradeira.
No último ato, percebemos:
Éramos nós, a plateia
Éramos nós, o único ator
O único coadjuvante
O único figurante...
Sem ensaio
Sem teatro
Sem palco, e sem diretor.

⁠A vida tem o "dom" de nivelar...
passar por cima das vaidades
igualar as discrepâncias
te sacudir, te ensinar.

A vida tem o "dom" de nivelar...
Cedo ou tarde, seremos todos nivelados
Com a justa aceitação dos destemidos
Ou a resistência fugaz dos desgraçados.

⁠Critérios competitivos, fazem homens competitivos... em seres vazios.

⁠Aspiraçoes vãs, vãos desatinos
A vida é um eterno moribundo
Rastejamos como vermes, nesse mundo
Acreditando um dia sermos salvos.
E a mente segue solta, deslumbrada
Alimentando de mentiras seu caminho
Enquanto a alma se debate atordoada.