Sihan Felix
Ser poeta é deixar o sentido das palavras oculto para os sábios e invisível para os tolos. Fazer arte com as palavras é o contrário.
Quando o que você mais queria te pertence e não há mais sentido em ter, vai-se parte da vida e a confiança no próprio querer.
A maioria não vê a água que há no fundo do poço. A minoria consegue aproveitar toda a água. E a chuva continua sendo necessária.
Homens são palavras soltas, mulheres são textos sem pontuação. Eles têm mais sentido com elas, elas são incompreensíveis mesmo com eles.
Ao me esforçar para lembrar de velhos pensamentos, acabo descobrindo novos. Acho que o esquecimento é um triunfo do cérebro.
Nada melhor que uma mulher inteligente ao lado, uma garrafa d'água e algumas ideias verdes que, possivelmente, acordarão maduras.
Acho que há sempre algo a mais para se descobrir em uma imagem real. Um abstrato nada mais é que a deformação infiel dessa descoberta.
Tornam-se gênios aqueles que, devido a uma misteriosa sorte e algum autoconhecimento, fazem aquilo que nasceram para fazer.
Uma guerra pode atravessar séculos até ser findada na última batalha, mas a última batalha pode ser hoje.
A poesia só existe em momentos extremos. Um poema construído por uma alma neutra é tão neutro quanto a alma que o construiu.
Saudade não se vê
porque embaça os olhos
e não dói
porque cala os ais.
Saudade é uma ladra:
esquece a porta
e entra por uma janela.
Saudade leva tudo,
até quem sente,
pra perto dela.
Sonhos são de pó,
de cera.
Um nó
no sonhador.
Sonhos cabem no bolso,
na madeira
seca
da casa inventada.
Sonhos pertencem a um mundo
à beira
do desejo,
à margem
do querer.
Quem se acha um Chocopologie e tem sabor de hidrogenado precisa aprender a ser fracionado antes de querer provar ser nobre.
Aquele mesmo menino franzino que procurava solução para os compassos silenciosos agora entende que pausa também é música.