Sergio Santeiro
A brasilidade, sem dúvida, algo cuja natureza se refira ou que seja próprio ao Brasil ganha melhor contorno, a meu ver, quando se pensa mais em nativismo do que em nacionalismo.
A brasilidade, que seria a preocupação de situar o país em que nasci, é o coração de tudo o que tenho feito. Em meus filmes, o golpe, a poesia de Sousândrade, a siderurgia brasileira, a revista dos modernistas, o Humor, a Universidade Fluminense, a arquitetura histórica paulista, Ismael Nery, em meus artigos de intransigente e exclusiva análise do cinema e da cultura brasileiros, em meus poemas, em minhas aulas e palestras, em tudo o que faço e digo outra não tem sido minha orientação sobretudo na medida em que me detive até hoje a retratar aspectos da cultura e da realidade brasileiras, e assim sempre será.
“Por quem sonhas?
Ó Helena, tão amada, desejada.
Por quem tremes?
Por quem gemes?
Por quem choras?
Por quem sonhas?
Do teu sono sem lampejo, meu desejo é despertar-te.
Mas tu sonhas, tao risonha, tão amada, desejada
Meu desejo perde vida, és tão querida!
Por quem tremes?
Teus cabelos, luz dourando, fogem soltos por teu rosto.
Fazem ondas na tua fronte tão amada, desejada.
Teus cabelos tremem inda, és tão linda!
Por quem gemes?
Tua bôca semi-aberta, mal-desperta pede beijos.
Dar-tos-ei em tua bôca tão amada, desejada.
Dar-tos-ei de minh´alma, és tão calma!
Por quem choras?
Nos teus olhos, são castanhos, bens tamanhos, correm larmas.
Doce lágrima eu tivesse tão amada, desejada.
Mas as larmas se não movem, és tão jovem!
Ó Helena, és tão pura! Minha jura mais perene.
Ó Helena, por ti choro, por ti sonho,
por ti tremo, por ti gemo”.
Sergio Santeiro