Sergio Fajardo
LOUCO
Já fui chamado de louco
No princípio não gostava,
mas refletindo melhor...
Descobri que,
de certa forma,
sou louco sim!
Louco por fugir das convenções
Por não me conformar
com o mundo como ele é
Sou louco por acreditar
no impossível
E viver no mundo da lua,
alheio ao nosso mundo real.
Sou um verdadeiro maluco,
falando de amor
Como se todos fossem
sensíveis a ele
Nesse planeta não há espaço para loucos
Essa espécie não tem lugar
Nosso habitat é nossa própria mente
Nós, os pirados, somos perigosos
Representamos uma ameaça à sociedade
Justamente por fazermos
o que a maioria não faz
Por falta de coragem,
em nome das aparências ou do status
Mas o louco não tem maldade!
Sou louco por ser demasiadamente simples
De uma simplicidade até ingênua,
que fala o que sente
Louco por ser intenso
e esperar que os outros sejam
E como louco sou incompreensível
E quero continuar sendo!
Por favor não tenha preconceitos
Louco também é gente!
Louco não faz sentido,
isso é que é genial
[O louco é imprevisível]
Prefiro ser assim, louco e diferente
Que alguém comum e normal
O louco é um revolucionário
Que atua em si mesmo
Mas de modo solitário
Sou louco por ser estranho
Não me encaixo nos padrões
Sou louco mas nada ganho
Somente uma felicidade
Recheada de ilusões.
RECEITA DA ARROGÂNCIA
Junte uma porção de vaidade
Com um pacote de orgulho
Ferva com ganância
e aspirações de poder
Adicione oportunidade
e uma plateia
Tempere com egocentrismo
e com indiferença
Deixe resfriar nos ares da superioridade
e decore com estupidez
Está pronta a arrogância!
Vaidosos que gabam-se de si mesmos e de sua pretensa superioridade (acreditando que são imortais) são derrubados na sua própria arrogância, vencidos pela humildade do interlocutor.
PERDESTE A NATUREZA
Perdeste tua natureza
O mergulho no asfalto,
afastou a beleza
Esqueceste o silvestre
E sua sutileza
Teu mundo é submundo
Artificial
De homem tornaste pedestre
banal
Perdeste o eclipse
Obscurecido pela cidade
Não viste o meteoro
Teus olhos eram vaidade
As estrelas tornaram-se lâmpadas
Fugazes
Perdeste a primavera
Em um jardim de plástico
Mataste o beija-flor
A chuva virou quimera
Consumo tornou-se amor
A brisa é condicionada
Eletrodoméstico e motor
Perdeste a cor das nuvens
Substituídas pela fumaça
Não ouviste mais os pássaros
Tua floresta é uma praça
O dinheiro teu coração
Animais são as máquinas
Cessaram beleza e paixão
Perdeste os verdadeiros valores
Humanos e naturais
Rotulaste os sentimentos
A flora, a fauna e a água
No prazer individual
Preso ao teu egoísmo
Consideras tudo normal
Perdeste a afetividade
Já não enxergas o brilho da lua
Insensível ao falso humano
À indiferença tua
Da amizade trabalho fizeste
E do amor, destroços
Restrito ao teu ambiente
Esqueceste o ser que és
De carne, sangue e ossos.
Ah, como eu gostaria que o valor das palavras sustentassem o dia-a-dia. Dos versos fazer salário, pondo fim à correria.
Cresci admirando a lua, sem intenção de aproximar. Um mero espectador, ouvinte do vento, passageiro do tempo, contemplador do mar.
Liberdade não significa egoísmo. Sinceridade não exige aspereza. Bom humor não precisa de cinismo. Não se exclui carinho da franqueza.
Sou a esperança perdida, o sonho não realizado. Sou o desamor que ainda ama. A alma que perambula por sua vida.
Hoje é o dia! Não quero pensar no ontem, nas noites passadas ou tardes frias, nem no amanhã, que não podemos mudar, mas no dia de hoje, tempo de viver e amar.
Adoro ler teu corpo, como a um livro aberto. Leio-te como a um conto cujo final precisa ainda ser descoberto.
Você não é linda. Linda é sua mãe, que gerou a ternura. Você é maravilhosa, ultrapassa a estética, sua alma transparece.