SELDA KALIL
Marcas do tempo
Marcas do tempo nos reformam a cada ano
Desenham-nos a cada transformação
E num zigue-zague de ponto cruz
Bordam os contornos das nossas ilusões
Marcas do tempo
Marcas do tempo que nos sintonizam
Pincelam linhas em surrados semblantes
Deteriorizam-nos em plenitude e beleza
E semeiam-nos o aprendizado das certezas
Marcas do tempo
Marcas do tempo enfraquece-nos em euforias
Arrastam chinelos, diminuem nossos compassos.
Deita-te erguido e acorda-te aluído ao cansaço
Marcas do tempo
Marcas do tempo contemporizam sem modéstia, faz moradia
Despejam todos os seus direitos reservados em tempo estipulado
Assombram-nos com suas reais cobranças postuladas
A escola da vida é quase que infinita
Uma jornada incansável aos nossos corações
A cada passo um aprendiz ao nosso favor
A cada tropeço pagamos um preço redentor
Se somarmos um mais um em nossos acertos
Obviamente haverá um mais um em desacertos
Uma balança inconfundível aos nossos olhos
Chora coração, mande embora seus pecados !
Liberte sua alma destes caminhos pedregosos
Dê-lhe chances para redimir dos pecados de mau-agouro
Que vontade de te abraçar!
Querer-te mais que antes
Pegar-te no colo
Acariciar seus cabelos
E dizer que te amo
Amor do meu querer
Venha para meus braços
Pegue-me forte
Arraste-me com vontade
Sou tua nesta liberdade
MINHA VIDA EM VERSOS
Nas minhas genéticas obscuras sem conexão
De professor adotei a vida informal
Através dos cantos e das almas sofridas
Dos louvores e das labutas de vida.
MINHA VIDA EM VERSOS
Como ondas do mar às vezes sem lugar
Destravada e com trejeito rezo meu terço
Vim do sertão e dos matagais sem berço
De bem com meu canto, credo e tradições
MINHA VIDA EM VERSOS
Nas minhas andanças de tempo criança
Da vida extinta sem abraço e sem afago
Solta no mundo vivendo o perigo dos náufragos
SAUDADES
Olho o tempo sem espaço para nós
Entristeço-me pelo abandono sofrido
Meu coração cansado e desfalecido
Isolou-se neste estupefato interdito
PRAZER
Esta voz que chega devagar
Para me atentar , me enlouquecer
De mansinho chegam aos meus ouvidos
Diz coisas que me deixam em perigo
PRAZER
Sem forças me entrego ao seu abrigo
Fecho os olhos ,me deleito com seu riso
Amor bendito que me deixa sem sentido
Espairece minha mente neste paraíso.
POBRES MORTAIS
Somos nós, seres humanos!
Pobres mortais que o acaso fez nascer...
E caminhou contigo em vida.
POBRES MORTAIS
Em tempo limitado... Bateu a sua porta!
Cobrou-lhe todas as dívidas
Que só a morte lucrou
ATITUDES
Nem um rumo se toma sem atitudes
As ruas são retas, sem esquinas da vida
Os morros esquentam a cada subida
E as descidas são apedrejadas pelo vento
ATITUDES
Sem sentido não se vai a lugar algum
Sem coragem o mundo te rejeita
Os bêbados caem pela falta do existir
Os sóbrios alargam-se pela vontade de subir
ATITUDE
Estamos vivendo num mundo dos sentidos
Sentidos pelos sentimentos e pelas conquistas do mesmo querer
Atitudes faz parceria à evolução humana de forma firme, ativa e concreta.
CRUZ
Solidão me maltrata nesta conjunção errada
Tira de mim o abraço do amor desejado
Coroa minha cabeça num presente tão amargo
Deitam-me em leito por mim renegado
O PODER DAS PALAVRAS
O poder das palavras pode ressuscitar,
quando ditas ao vento sem interrupções
E uma praga que pode bendizer ou maldizer,
qualquer um nestas errôneas interpretações
O PODER DAS PALAVRAS
Certamente boca calada não entra mosca
E quando entra destrói todo o organismo
Bendito é aquele que bem sabe escutar!
E que aterrissa suas bocas sem retrucar