Sebastião Brandão
Tinha um pé de alface
e um de tomate.
Regava, regava, regava!
E a lua melancólica observava...
E o sol rei, ajudava!
E a terra mãe, adubava.
Tinha um pé de alface
e um de tomate.
Lembranças na horta,
de minha doce amada.
No canteiro, solidão apertada!
Tinha um pé de alface
e um de tomate.
Na hora do almoço
virou salada!
Quero esquecer da fome
Quero esquecer teu nome
Quero esquecer pelo que já passei
Quero lembrar da vida
Quero lembrar da lida
Quero lembrar da consciência de que já errei
Quero partir agora
Quero saber da hora
Quero ver morrer os sonhos que plantei
Quero usar minha roupa
Quero ter a consciência louca
Quero ter tudo que não roubei
Quero lembrar da rosa
Quero terminar em prosa
Quero lembrar da pessoa que amei
Quero ver teu rosto
Quero que tudo que seja exposto
Quero ver que de tudo me enganei
Quero toda essa ânsia louca
Quero toda essa liberdade pouca
Quero toda a vida que não me dei