Sávio Santiago
Escrita do Amor
Com olhar doce,
caminhar decidido,
hálito de desejo,
tem amor escondido,
Vivias sem saber,
quando o tempo não chegou
escondido, ora porque?
no olhar, não fitou,
Seguias em frente,
embelezando o vale,
mas o destino não mente,
o despertar da verdade,
Gélido sopro no peito,
no olhar se sentiu,
sendo você e eu,
o escrito enfim se cumpriu,
Flertes, sorrisos e olhos,
bocas, toques, paixão,
cheiros, instintos e ápice,
sempre me dê a mão…
Face “à Gioconda”,
a obra dourada em cor,
não percebeu Da Vince,
onde nascia o amor,
Hei de viver sem saber,
se é feliz sentimento ou dor,
cortejar a beleza da amada,
monumento inspirador,
A ti, te dou meu caminho,
tolo era o passado,
sei que sempre foi minha,
sou seu servo amado.
Amo-te o maior dos amores,
por amar, cultivo a flor,
por amar, desenho em cores,
justo, o grande amor …
Tolerância
Na apoteose dos desejos,
Pele com pelos dourados,
Dobras na anca curvada,
Será meu seu calor?
Divindade das curvas,
No colo, perfeição sustentada,
O caminho das mãos à cintura,
Fitar que me causa furor!
Sensuais passos de Deusa,
À olhar firme em meus olhos,
Sorrindo no canto da boca,
E meu peito em repique de samba,
E entre o flerte e o ápice, a mais prazerosa tolerância …
Seu nome é música !
.
.
Minha menina,
Branca, branquinha,
Mítica heroína!
De onde veio pra mim?
.
Minha guria,
Bella donna, faceira,
Firme, viva, certeira,
Vem logo sem fim!
.
Minha loira,
Fogo na roupa, rainha,
Forte, amada e festeira,
Tô com saudades de ti!
.
Meu amorzinho,
És daqui ou estrangeira?
Italiana ou francesa?
Tô te querendo pra mim !
.
Minha riqueza,
Branca, branquinha, lindeza!
Força da natureza !
Tô te amando sem fim !
Pote, ouro,
Pote, grão,
Pote, erva,
Pote, pão,
.
Vida, rosa,
Vida, chão,
Vida, relva,
Vida, pão,
.
Sonhos, vida,
Sonhos, ouro,
Sonhos, chão,
Sonhos, pão
Breve Homenagem ao Rio Grande do Sul
Povo raiz, povo bagual,
Aqui tem Guri, aqui tem Xirú,
Terra dos pampas sem fim,
Do gado campeiro do sul,
.
Mate que roda entre amigos,
Céu igual nunca se viu,
As prendas são lindas demais,
Fundão do grandioso Brasil,
.
Não é forró, é fandango,
Produz em todos os rincões,
Festeiras as canchas de bocha,
Belo o horizonte das Missões,
.
Desceram ás aguas dos céus,
Com fúria correu o Taquari,
Chorou o mais forte dos Guascas,
Pelo Rio Grande sofri.
.
Mas forte é o povo do Sul;
A Querência vai proteger,
Pilchado e pronto pra peleia,
Com a força que Deus te prover.
As ruas do meu coração
.
Onde pisas?
Com seus pés descalços,
Seria solo fértil?
Ou terreno inabitado?
.
O que te inspiras?
Descansar em meus braços,
Pés na areia,
Ou beleza dos vales?
.
Em que direção olhas?
O horizonte no mar,
Para o céu em aurora,
Ou para o amor em um olhar
.
Caminha sem medo,
Do solo, a mais bela flor,
Habitado ficou o terreno,
O caminho repleto de amor.
Saudade
.
Saudade, incompletude do ser,
A peça que falta,
Tempo suspenso, ponteiro parado,
Vazio com resignação,
.
Saudade, amor amordaçado,
Da feição na memória,
Peito despedaçado, sorriso lembrado,
Pranto não chorado,
.
De que serei digno?
Merecedor eterno,
Do sofrer calado, olhar desolado,
Sorrir inventado,
.
Voltar. Sonho acordado,
Florescer da alma,
Renascer apaixonado,
Reviver o amor mais amado,
.
Sentir, o beijo molhado,
Hálito trocado,
Do entranhar transpirado,
Pulsar indomado,
.
Curar, no ápice alcançado,
Êxtase dos corpos,
De coração aquietado,
Olhar cobiçado.
Rotina …..
Seu beijo
De manhã sabor café,
Meio dia sabor hortelã,
Entardecer sabor Mate,
Anoitecer sabor Cabernet,
Seu corpo,
De manhã sabor calmaria,
Meio dia sabor maçã,
Entardecer sabor pimenta,
Anoitecer queima a língua em brasa,
De manhã boca de café, com pernas em conchinha,
Meio dia, bala de hortelã e mordida na maçã,
De tardinha, trocamos chimarrão e suas entranhas tão picantes,
No breu da noite, vinho fresco em chamas acesas….
Córrego das Desilusões
.
És tão dura,
Ó vida de luta,
De madrugada em madrugada,
Viver é um detalhe,
.
Trem, ônibus ou pé,
Vida dura demais,
Não pode perder a fé?
Mas não se vive mais,
.
A conta do pão,
Tão cruel e sofrida,
porque vives em vão?
O pobre e as suas feridas,
.
Quem é pelo povo?
Há esperança em alguém?
Governante ignora de novo,
A massa não tem ninguém,
.
Aluguel está por vencer,
Falta uma semana, o que vamos comer?
A luz também acabou nos vizinhos?
O mercadinho só quer receber.
.
Psiu filho, fala baixinho,
O moço não pode ouvir,
Ele bate forte na porta e grita,
Vive de juros, não vai desistir,
.
O pobre vive humilhado,
A prole protegida e preservada,
Não sabe pra correr em que lado…
Desperança é a sua morada,
.
Como estão as coisas seu Zé?
Tá ruim, mas vai melhorar…
Mas quando a melhora vem?
Só quando o mundo acabar ….
O Fim do meu Tudo
.
Colchas desarrumadas,
Travesseiros ao chão,
Um bilhete mesa,
Tremor forte na mão,
.
Leio e releio atento,
Vejo turvo, úmido e sofrido.
Não há mais um alento,
Não sou mais seu marido,
.
E as juras, não eram eternas?
A juventude já me passou,
Mas viestes com suas pernas,
Nem afeto mais demonstrou.
.
Será que tens outro alguém,
Por que me abandonaste?
Não valho mais que um vintém,
Um frio bilhete deixaste,
.
A vida segue adiante,
Mas que vida, de quem?
Esse velho sofredor e amante,
Não quer mais ter outro alguém,
.
Aos prazeres rasos me entrego,
Aguardente e meu cigarro,
Sem destino sigo e me levo,
A vagar com o meu carro.
.
A menos notícias me dê,
Me faça entender por favor,
Ter certeza que não vou te ver,
Que acabou o eterno amor.