Savanarola
Antártida de fogo
O iceberg apagado
Pelas águas marítimas
O núcleo do sol gelado
Queima-me com suas chamas em estalactites
A vida em combustão
O mundo comburente
Se a felicidade é a razão
Viverei de hoje em diante inconsciente-mente
Passo agora da vida horas
Mirando a caixa de luzes
E contando letras pra extravasar
Vejo-me trincar a face ao mundo
Como uma barra de chocolate
E não sinto sabor algum que tem vida
Pois não se sente gosto com os olhos
É preciso apalpar junto ao rosto
Mastigar, engolir, deitar fora sobejos
Mas a hipnose da caixa de luzes
Faz-me acreditar que tenho o bastante
Que não vale a pena o risco de viver
Alem do meu gasto horizontes
Que morrer em cima do rastro
É uma dádiva imerecível
O anonimato é uma benção
E a dor incondicional a estrada
Lembro-me além da curva
Chame de medo ou covardia
Pois volto o rosto pra meus dedos
Condicionados a três letras
O mundo, a teia e a amplitude
Preso como mosca na rede
No epicentro do mundo
Nos espelhos que ocultam faces
Que a mascara me seja leve
Que vida me seja menos ríspida
SUBLIM-AÇÃO IMPRÓPRIA
Meu canto fica calado
No canto de uma casa,
Como peça de lego que não se casa,conforme as extremidades.
Que peça logo destino que me conforme,
Num momento do passado,
Em que foi passado a limpo toda minha verdade
Nas águas de um crisol ela nada,
Em meio ao fogo infinito de quase nada
Arde minha alma e não muda
No canto da casa, ela continua muda, calada.
Farrah Fowler
Fuge tu alma errante
Diante do sorriso espúrio que o corpo
Faz por ser nu em olhos andantes.
Moldor, Arrefece no grau da tua existência
E no caminho oculto corre avante
No breu da consciência
Distante da cidade da luz
Recanto inexistente, ciência
Contingentes de pus.
A moça de cabelos azuis
Conte-me os teus segredos,
deixa eu te envolver num mundo de ilusão
em meio a culpa e o medo
deves resguardar em tudo teu coração.
Será que realmente eram lagrimas em seus olhos,
Que queria me encontrar só não podia ir
Se o que te prendia era somente o teu código,
sinceramente você não sabe mentir.
A Roda da Fortuna
Deixe-me sorrir
Do único motivo aparente
Esquecer-se de viver
Já foi um dia tão tedioso
Milhões de milhares de atalhos
No mesmo papel de parede
Perfeitas configurações
Interligadas pelo superflor
Como da vez que fatiguei
Tanto os meus pés ao ponto
De comprar uma carruagem
Para os que me rodeiam
E dormi com tantas mulheres
Que me minha luxuria
Causou desejo àquelas que nunca
Conheceram minha cama
E a tolice me engodou tanto
Que me tornei aquilo
Que todos odeiam
Mas com denodo defendem
Já foi um dia tão tedioso
Esquecer-se de viver
Do único motivo aparente
Deixe-me sorrir
DIVINA
Por quatro décadas
Esperou em frente à porta
Do que chamamos de vida
Até o dia que chegaria
Ainda vestida de branco
As rugas acentuavam teus sonhos
E eu sem definição
Poderia ser qualquer um
Na multidão dos astros
Pensavas tu que
O mais brilhante
Só poderia ser ofuscante eu
Os olhos, o engano
Eu estava chegando
A tua galáxia longe da porta
Minha luz por ti ainda não vista
E com toda pressa
Outro sol, cansada da espera
Embriagada pelos sonhos
Iludida escolheu
Já próxima à morte descobre o erro
Em orbita definida
Olhas para o céu e me ve
Brilhante a tua espera em meio ao breu