Sáskia Sampaio

De todos os amores, o próprio.
⁠O amor de si, que de tão imenso não se acha.
De tão divino, parece inalcançável
Porém sempre presente...
Por vezes silencioso
Outras irrequieto
Mas... onipresente
A centelha do existir
É o amor por si.

⁠Vida leve me eleve
Como a brisa leve
Me leve de leve
Suave... me deixe planar
Nas asas do vento, bem de leve
Leve o que precisa levar
Serenamente
Me rege de leve.

⁠Incessantemente em busca de esperança...
Encontrá-la em cada manhã
E nunca perdê-la ao anoitecer
Oásis da vida, saciando a escassez
Nutrindo o solo árido do coração
Em cada passo vacilante do peregrino
Na busca expectante por dias melhores
Conjuguemos o verbo esperançar
Eu esperanço...

⁠Deixando o tempo passar
Deixando o cabelo crescer
Deixando a vida fluir
Deixando os passos pra trás
Deixando o silêncio invadir
Aprendendo a ver o tempo passar
Aprendendo a deixar o cabelo crescer
Aprendendo a vida sentir
Aprendendo a não olhar para trás
Aprendendo o silêncio ouvir
Assim vou...

⁠E segue o Rio Negro
Profundo, intenso, caudaloso
De água termal, de profundeza invisível
De suas bordas o verde brota
Pulsa, encanta, amedronta
Estremeço
Adentrando em meio ao Rio
No coração da floresta
A sinfonia da mata se manifesta
Garças, Uirapurus, Tucanos, Araras...
Em majestosa harmonia entoam seus cantares
E o Rio segue
Trigueiro
Esquadrinhando a floresta
Plácido
Segue o Rio
Destilando seu encanto em cada canoar
Descansado
Segue o Rio
No banzeiro da canoa
Bailarino
Segue o Rio...

⁠Somos enfermeiros e enfermeiras.
No Brasil somos mais de 500 mil (Cofen, 2020).
Trabalhamos em vários fronts.
Enfrentamos o inimigo de frente.
Diuturnamente, lado a lado,
lutamos com as armas que dispomos.
E quando as armas não nos são dadas,
Bravamente, com arte e ética, oferemos o nosso melhor.
Muitas vezes arriscando a nossa própria segurança..., mas o cuidado sempre é realizado com muito amor, dedicação e respeito.
A vida é a nossa prioridade.
Na escassez, não nos falta a arte
Na injustiça, não nos falta a coragem
Na escuridão, sempre nos faremos luz
Nas horas de solidão, nós seremos o afago
Na luta, nós seremos a força
Na dor, seremos o bálsamo
12 de maio de 2020.
O dia, o mês e o ano da enfermagem.

⁠Casa.
Aquieta.
Acalma-te.
Tudo há de se aprumar.
Paz para a ciência.
Silencia a mente.
Sente o respirar.
Inspira e expira o teu lugar.
Ouça a voz do coração.
Canta uma nova canção.
Na mansidão da alma.
Fica na tua casa.

⁠Amar é um exercicio de liberdade...
Na escola da vida, seguimos aprendendo que amar transpõe palavras ou declarações..., pois o amor se manifesta mesmo é nas ações.
No cuidado atencioso, no servir despretencioso, no ouvir atento, na alegria da companhia, no prazer da presença, no admirar o vôo da andorinha, no respeito ao silêncio da alma, na liberdade do/de ser...
O amor é livre.
É na liberdade que ele ocupa o seu lugar.
Quem ama liberta, não aprisiona.

⁠Portal para o mar...
Passagem para o lugar...
Onde há renovo
Revigor
Restauração
Transmutação
Reconfiguração
Tônico para a alma, mente e coração

⁠Ciranda
Segura a minha mão e vamos girar
Não vou te soltar
Nessa ciranda da vida
Vem ser o meu par
Gira até o mundo girar
Não deixa parar
Vem correr comigo
Com você não há perigo
Vem, abraça
Contigo tudo tem graça
Vem girar... ciranda, cirandar

Dó Ré Mi na janela

⁠Sol, Lá na janela
Si fá-z presente
Veio Dó-Mi-nar
Ré-luzir
Iluminar
De Lá da janela.

⁠O beijo

Do dia que o índio beijou o beija-flor...
Cansado de beijar a flor,
E não ser correspondido,
O beija-flor encontrou o índio.
No beijo do índio, realizou o sonho de ser amado.
O beijo do(de) ser amado.

Morada feliz

⁠Felicidade vive dentro.
Dentro da alma.
Se encontra bem facinho, é só olhar devagarinho.
Ela não é de se esconder...
É de se encontrar.
Precisa só ter disposição e vontade de se achar.
É de dentro pra fora.
E não tem hora
De se encontrar!

⁠Terorizando
Das minhas emoções transfiro em palavras
Teorias do sentir
Da necessidade constante a palavra traduz
Teorias do sentir
Tentando teorizar vou decifrando o sentir
Sentindo cada palavra vou em busca da razão do existir
Razão do sentir
Traduzindo o que sinto
Vou compreendendo a minha presença no existir
Teorias do existir
Sinto o que sou
Sou o que sinto
Teorizando o sentir...

⁠Perfil
O que vejo não se resume a meros perfis...
Vejo além do tangível
Perfilando, tateando, perscruto a aura
Avisto o que o olho não vê
Me achego e me demoro
No olhar sensível, tudo se faz presente.

⁠Dia do amor...
Dia do amor visceral
Dia da atenção desmedida, do cuidado incomensurável
Dia do sorriso regado às lágrimas
Dia da dor imperceptível
Dia das noites de espera
Dia do aconchego
Dia do melhor tempero do mundo
Dia da renúncia
Dia da presença indispensável
Dia da paz, da justiça e da sabedoria
Dia da saudade infinda
Dia da divina humanindade MÃE.

⁠Viagem insólita

Ir para o fundo de mim
Viagem insólita
Irremediável
Imprecisa, porém certeira
Viagem ao fundo de mim.
E quanto mais aprofundo, mais fundo vou imergindo.
Não sei mais onde está a superfície. Nunca soube ser superfície
E assim vou... mergulhando-me
Sondando-me
Para enfim
Decifrar-me
Traduzir-me
Resgatar-me

⁠Floreando...
Você chegou e fez primavera em mim.
Obra primeira de minha vida, chegou pra ser flor e florir meu coração carmin.
Em dias de sol, passa graciosa e nos arrebata os sentidos.
Em dias nebulosos, seus risos ficam contidos.
Flor do meu viver...
Vem florear, vem florir meu caminhar.
Vem florear, vem floreando o meu penar.

Olhar

⁠Nas profundezas do olhar, posso encontrar o sentimento entranhado, a palavra engasgada, o pensamento nocente. Janelas d'alma, do encontro interior, dos des-encantos, da veemência do desejo...

⁠Agradeço...
Aos primeiros raios do sol, agradeço
A toda manifestação de vida, agradeço
Ao meu levantar, agradeço
Às batidas do coração, agradeço
À capacidade de sorrir em meio a dor, agradeço
Às oportunidades, agradeço
Ao abrigo, agradeço
Aos amigos, agradeço
Ao amor, agradeço
A cada passo, agradeça e engrandeça.

⁠Vida frágil,
Efêmera, tênue, suave, vertiginosa, célere, abrupta, sorridente, exultante... um sopro...
Como uma bolha de sabão.

⁠Dias cinzas...
Pela janela vejo a chuva,
seus pingos tocam o vidro no ritmo do coração, quase se achegando nele.
Chove aqui dentro também...

⁠Palavras transmutadas em escritos, são como o romper da crisálida para a borboleta
É a libertação da clausura
Ou o mesmo que o alivio do nó desatado
O suspiro da agonia
É a dor aliviada
Traz alento ao desamparo
É a paz das manhãs
Ó quanto alívio...

⁠Disseram que ela era sensível demais...
Uma sensibilidade que aos olhos alheios era uma desvirtude, uma fraqueza.
- Sensível demais num mundo insensível.
- Vai sofrer menina! Disseram.
Ledo engano!
Não sabiam que em sua aparente vulnerabilidade, habitava ali uma fortaleza.
Sentimento sentido é o maior dos sentidos...
Ela diz:
Sinto, muito..., é bem verdade.
Sinto só, sinto junto, sinto até o não sentir...
Sintonizo aqui e ali
Sinto medo, sinto amor
Sinto até a flor
Da maior, a menor
Sensivel, sim senhor!

Um lugar
⁠Um lugar onde quero estar
Uma companhia para demorar
Um mar para contemplar
Um sonho a realizar
Uma paz a se desfrutar
Uma areia para caminhar
Uma brisa para respirar
Um dia a mais
E nada mais...