Sara Ribeiro
Poucos entendem ou tentam entender
A situação pelo qual o homem julga saber
Lágrimas que caem dos olhos de um inocente
Descrente de fé, descrente de amor
Mentiras que voam pelo ar
Que gravam e destroem a situação do mundo
O mundo pelo qual se degrada
O mundo que se destrói
A vida de inocentes esta nas mãos de políticos ladrões,
E em instituições válidas,
e os destroços da humanidade tentam se recompor
Os cacos da razão tentam se alastrar tentam consertar aquilo
Que um dia foi chamado de sociedade.
O segredo do Anjo
Ele não sabia, mas ela estava o admirando secretamente.
Com os olhos semiabertos, Samantha tentava definir os traços do estranho homem que a observava dormir. Ela nunca tinha trocado uma palavra se quer com ele, mas o conhecia muito bem desde... Bem, desde que nasceu. Ou ao menos desde que ela começou a lembrar das coisas. Quer dizer, ela o viu a vida inteira.
Ele sempre aparecia para olhá-la depois que ela ia dormir. Todas as noites, durante dezesseis anos. E ela, guiada pela sua intuição infalível, o sentia perto de si. E era exatamente no momento em que o sentia – como rajadas de um sopro quente e adocicado – que ela abria os olhos de leve, apenas o suficiente para compartilhar do momento. Caso ela resolvesse abrir demais os olhos, ele desaparecia tão facilmente quanto surgia, assim como fez há tanto tempo atrás, quando ela acordou de um pesadelo no meio da noite e teve apenas o vislumbre dos cachos dourados desaparecendo na escuridão.
Então se manteve inerte na cama, com a respiração leve, para que ele não desconfiasse de sua consciência. Enquanto ele a observava, a noite lá fora caía em gotas de chuva. E Samantha começou a sentir que, se pudesse ficar assim pra sempre, não se importaria. Desde que ele continuasse ali, secretamente a zelar por ela.
Ela tinha que ter um bom senso. Um bom senso comum. Comum como todo mundo diz que tem que ser. Ela tinha que ser alguém que o mundo queria que ela fosse. Por que ser alguém que ela queria ser, era muito difícil, muito impossível. O jeito é se entregar mesmo, é fazer apenas o previsível. O jeito é abaixar a cabeça e dizer sim, sim, sim, milhões de sins, até que o arrependimento seja maior do que a submissão.
É tudo capitalismo. É tudo sujeira. E eu tô feliz comendo a minha galinha assada nesse domingo – que Deus me perdoe – bem estúpido. Tô feliz com a minha atuação nesse teatrinho de vida urbana. Tô feliz bancando a revoltada, quando não movo um puto dum dedo pra mudar alguma coisa.
De um jeito particular me faz bem
não sei explicar o que é ,
mas sei dizer que o quero mais
Ah os mistérios da alma te faz prometer que não mais o fará
E quando se vê está a desejar que o tempo possa parar
Repito à alma é cheia de mistérios
num momento faz a boca dizer coisas , e no outro desejar o gosto da outra .