Samuel Andrade psicanalista e teólogo
Uma coisa é o que te fizeram sofrer. A outra é a angústia e os conflitos decorrentes das marcas que deixaram em você. Mas o pior de tudo mesmo é quando, no final das contas, você se convence de ser aquilo que te fizerem ser.
A história é marcada por vários apocalipses e em geral são caracterizados por um certo alinhamento entre o poder político e religioso, por um certo frenesi messiânico e por um espírito de engano e violência que perpassa a muitos indivíduos numa sociedade.
O filósofo Karl Popper vai dizer que a "tolerância ilimitada culminará no desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada até para aqueles que são intolerantes [...], então os tolerantes serão destruídos, e junto com eles a tolerância." Ou seja, não dá para tolerar a intolerância, pois tolerar a intolerância é tolerar o ódio, o preconceito, a injustiça e a morte.
Você prefere deduzir, ficar cheio(a) de certezas com base apenas em impressões, com suas próprias verdades sobre o outro, ou prefere ouvir o que o outro tem a dizer?
Mais acalentador do que uma recomendação que te façam (sejam receitas, exercícios, práticas religiosas, sugestões de filmes, leituras, etc), é a lembrança carionhosa e cuidadosa que alguém pode ter de você. Ainda que o que te recomedem não seja a tua praia (seja por que motivo for, que não seja por mero preconceito), agradeça tal ato de carinho. Costumo pensar/sentir/crer que é nas relações que reside o grande significado da vida. Ame-se, ame e deixe-se amar. E quando pensar em Deus, procure vê-lo conforme o que disse João (um dos discípulos de Jesus no 1⁰ século), ao fazer o que pra mim é a maior declaração de fé e consciência sobre Ele, ao dizer que "Deus é amor".