Samuel Andrade - psicanalista
Se você é acompanhado por um psicanalista, conte os seus sonhos pra ele, seja os sonhos de olhos fechados (o que acontece durante o sono), seja os sonhos de olhos abertos. Ambas as formas de sonhar falam sobre você.
Não raras às vezes pessoas que se dizem intensas, são rasas. Em geral não conseguem se aprofundar numa relação. É que profundidades demandam tempo e paciência, coisas que muitos "intensos(as)" dizem não ter.
Sobre "formas de existir" num mundo cada vez mais líquido e moralista...
Nem leviano, nem austero; mas leve e profundo.
Sugiro que não faça análise se você não quiser tomar sustos de revelação, se não quiser se conhecer, se não quiser se responsabilizar em enfrentar o seu principal inimigo, você mesmo.
Se não pode confiar se afaste ou reveja-se. Há desconfiança que não passa de insegurança própria projetada no outro.
Chega esse tempo de final de ano e algumas pessoas ficam meio deprimidas, angustiadas. Não é o tempo em si, mas a maneira como processamos a ideia do tempo.
Está no limiar entre um ano e outro aciona um gatilho de autocobrança sobre que se fez da vida (ou não fez)
e o que dela se fará.
A impressão é que estamos sob o efeito colateral da "torre de Babel", mesmo com todas conexões possíveis. Há um constante desalinhamento das semânticas, um frequente desencontro de linguagens. Me perguntam por quê? Nos "acostumamos" a ter pressa.
Individuação é o processo em que alguém vai se conhecendo cada vez mais, afim de ir-sendo ele próprio. E esse processo só é possível mediante a interação do indivíduo com o outro. Sem o outro não há individuação. Sem o outro o que sobra é individualismo.
Umas das ironias ou dilemas existenciais é viver sob tensão entre as duas coisas que mais desejamos: segurança e liberdade.
É mais fácil culpar o passado, reclamar das injustiças do mundo, acreditar numa conspiração do universo contra si ou dizer que o motivo do insucesso pessoal foi a inveja de muitos, do que admitir as próprias falhas e fracassos e aprender alguma coisa com essas coisas.
Frequentemente as nossas críticas sobre alguém não se baseiam na capacidade de leitura sobre a realidade desse outro, mas na incapacidade de fazer autocrítica, na falta de autoconhecimento. Nossas denúncias sobre o outro, muitas vezes, sem percebermos, são denúncias sobre nós mesmos.
A violência não é apenas um problema social. Desdenhamos do discurso político-ideológico, que ganhou o megafone das redes sociais, que em conjunto com outros fatores, amplifica os males das almas sombrias, autorizando-as a colocarem para fora seus monstros.
Um bom relacionamento hoje em dia é um milagre, algo que está para ordem das coisas extraordinárias.
Muitas vezes por trás de uma mulher forte tem uma menina sofrida e por trás de um homem forte tem um garoto cansado. Conseguir enxergar a criança que está por trás do outro, faz grande diferença. Isso se torna possível quando conseguimos olhar paracriança ferida ou mimada que existe dentro da gente.
Cuidado com o conceito de liberdade que você usa, incluindo a liberdade de expressão. A liberdade é pra todos, mas não pra tudo, seja isso no campo político, social ou relacional. Como diz uma velha sabedoria do 1⁰ século de nossa era, "bem-aventurado aquele que não se condena naquilo que aprova".
Pode ser que você esteja em um momento da vida em que não esteja se sentindo bonito(a), nem forte e pouco interessante; mas se ainda há capacidade de amar e de acreditar na vida, isso significa dizer que você está vivo(a); isso significa dizer que seu coração não secou e que ainda há chão para caminhar. Portanto, siga em frente!
S.A.
Antes de chamar o que te acontece de destino, verifique qual software está rodando silenciosamente por anos em sua mente.
S.A.
Pouca coisa é tão ruim quanto o aparente, o que se supõe, o juizo apressado. Quão sofrido é o coração que é levado por essas coisas.
S.A.
Tem gente que é dura demais com os outros, porque antes são duras demais consigo mesmas. E, geralmente, por trás dessa postura rígida teve alguém que foi muito dura com ela.
S.A.
Por mais centrado que se seja, a vida chega e trás algo de uma forma tão poderosa que fica impossível resistir. Nessas raras horas, não tem o que fazer, a não ser se entregar.
S.A.
Quanto mais o tempo passa mais vamos aprendendo que temos cada vez menos e que aquilo que achávamos ser nosso, na verdade nunca foi. Aí bate aquela sensação boa de que não temos nada a perder, quando estamos diante de algo que exige de nós ousadia, aquela que frequentemente deixávamos de praticar por medo de perder.
S.A.