Sammir Villas-Boas
“Eu simplesmente não consigo, não adianta, às vezes penso que esse mundo não é pra mim. Não quero isso, não quero aquilo, só preciso de paz, entende? Não nasci com paciência pra estudar, procurar empregos e sustentar uma casa, eu nasci pra outros lances, pra sentir o vento no rosto, pra fumar uns cigarros, pra beber umas cervejas.”
“Tem dias que tudo é estranho mesmo, começando pela chuva que transborda pelos quintais da vizinhança, que molha as idéias das velinhas viúvas, dos mendigos tristes e dos pássaros sem asa. Tem dias que o sol não aparece, por mais que esteja no céu, por mais que esquente a nuca dos vagabundos.”
“E os anos têm passado rápido demais, chega a me dar um aperto no coração, não que eu me importe com a velhice, pelo contrario, adoro me lembrar que estou envelhecendo. O aperto no coração é por conta dos sonhos que não realizei, dos planos que fiz e não puis em pratica. Isso que me dói, isso que me rasga por dentro, mas é assim que é.”
“Por muito tempo eu fui um imbecil, isso mesmo, um imbecil que morava em uma casa de tijolos roubados, de telhados esburacados, de muros derrubados. Por muito tempo eu fui imbecil sim, daqueles que deixavam espaços em branco no caderno, mas nunca colocara em ordem, um imbecil que colecionava noites deprimentes, tristes e vazias, por coisas imbecis.”
“De quatro em quatro anos a gente elege um novo porco pra roubar dos pobres, pra inflacionar a desgraça alheia, pra quebrar o vazo. E assim a gente continua remando o barquinho furado em direção ao inferno urbano.”
“Essa vontade de sair por ai sem rumo, de se entregar as coisas mais intensas. Porque a rotina vai me matando aos poucos, bebendo meu sangue, roubando minhas manhãs, escondendo minhas noites. Porque a rotina é o velório da alma, é o sepultamento da liberdade, o congelar das idéias, dos caminhos, dos sonhos.”
“Sempre tive um fascínio por Londres, pela chuva de nostalgia que embeleza as tardes, pelo chá das cinco. Esse amor platônico por coisas vintage, por casacos e por chapéus. Esse sonho de garoto, essa mania de imaginar e sentir a necessidade de tocar, de viver a fantasia ao menos por um dia.”
“O dia que as pessoas pararem de fingir sentimentos, pararem de comprar e de vender amor. O dia que os abraços forem sinceros assim como as palmas. O dia que nunca ira existir...”
"Nada acontece como planejamos. Amores, trabalhos e mais uma porção de coisas... O que nos resta é continuar na parada, sem medo, sem dor. Eis o dia em que a luz brilhara, as canções tocarão e eu devo estar no lugar certo, com as pessoas certas."
Quanto mais os dias passam mais me convenço de que nossa vida é baseada em erros propositais e acertos involuntários... E que essa historia de "viva o hoje", já não é a melhor escolha aos que tem convicção de que podem ir além...
“Nosso sistema é falho, nosso amor é mentiroso, nossos sonhos impossíveis. Mas não há motivos para desanimo, ainda nos restam o passado, esse sim tem o poder de mudar algo, fazendo-nos refletir sobre o que já foi feito.”
“A infância não me é distante. Há poucos anos atrás eu ainda corria descalço, subia em arvores e ralava os joelhos. Sorria, chorava, tinha medo do escuro. Às vezes parece que tudo foi um filme, ou um teatro. E se foi um teatro, talvez a peça tenha acabado antes da hora, e as cortinas tenham se fechado muito depressa, quando meu papel de ser criança, começava a fazer sentido."
"Ser jovem as vezes cansa, você tem que estar sempre apresentável, tem que ter um bom emprego e bons estudos. Ser jovem é se relacionar virtualmente, falar ao celular e fazer besteiras como beber e se drogar. Ser jovem é não querer ter dono, é querer ser o dono. É provar pra si mesmo todos os dias de que é bom, de que passa boa impressão, ou não. Ser jovem é sair sem hora pra voltar, é dormir até quando puder, é não dormir. Se jovem é querer de tudo um pouco, é querer ser o centro das atenções, e não dar atenção a nada."
Tardes de Sangue
“Sozinha no canto chora, tão só
Sem sumiço, sem alarde
Só no papo
Amanhece em pleno sol, sem dor
Fala de amor e de nós, mas sem rancor
Amiga do bem, até que o queime
Aquela tarde de sangue, que fervia
Ao coração partido, enrolado.
E no corpo dourado sentia
Sempre assim, machucado.”
"Certamente eu seria mais feliz se tivesse uns 80 anos já. O mundo de hoje me entristece, a modernidade tomou o lugar do clássico, matou a historia, querendo ou não. A tecnologia me assusta... O mundo esta artificial demais, qual a graça disso?"
"As pessoas criam o próprio desanimo, as próprias grades, as próprias rotinas. E se mal acostumam com as próprias desculpas."
"Não tenho certeza de nada e nunca tive. Acho que devo escrever, escrever e escrever... O máximo que poderei alcançar com isso é a morte, ou livrar-me dela".
"Não existe momento certo para se dizer algo importante. A hora é agora. Mesmo que isso lhe custe a vida".
Dentre as coisas que o Pôquer ensina, uma delas é que há um risco muito grande de se colocar tudo a perder mesmo quando temos o de melhor em mãos. Portanto, esteja preparado.