Samara Lissonger
Se olhar pra mim te desagradas
Peço que feche os olhos ao me ver passar
Só não me peça levianamente
Que eu mude minha aparência
Pois se tua opinião machuca
Então é em você que mora a deficiência.
Enxergou o problema de fulano
Apontou o problema de ciclano
E certamente teria se salvado
Se tivesse percebido o próprio.
Ela morreu
Do nada
Deixou de existir
Sem sinais de violência
Sem corpo
Só se foi
Um dia nasceu e ela não estava mais ali
E não restava traço algum de sua existência
Mas não se engane
Ela não morreu subitamente
Foi lento
Dia após dia
A cada beijo negado
A cada abraço não dado
A cada pedaço de amor suplicado
Ela morria mais um cado
A cada vácuo
A cada amor dado
Desperdiçado
A cada lágrima que escorria
Ela morria
A cada sorriso forçado
A cada desprezo disfarçado
A cada açúcar tragado
Em busca de alegria
Ela morria
E no fundo ela sabia
Que aos poucos ela sumia
E ainda tentava avisar
Que um dia falta faria
E todos a volta se riam
A desacreditar
Mas então naquele dia
Sem se crer nem avisar
A cama acordou vazia
E se ela falta faria
Nem ela saberá.
Quando o coração não aguenta mais e as palavras transbordam úmidas pelos olhos, a que lugar pertenço agora?
A tristeza é ousada e mal educada, entra sem permissão, faz morada sem consentimento. Nefasta, devasta, faz o fim querer voltar ao começo, quando o amor era o único preço e ainda assim era dado de graça.
Nesses dias a poeira flutua mostrando a sujeira que me fizeram, estava ali o tempo todo mas meus olhos só enxergavam o amor, amor que hoje flutua como pó de areia, ferindo meus olhos quando venta, enquanto minha alma despedaçada apenas, tenta, tenta e tenta.
A que lugar pertenço agora que não pertences mais a mim?