Rousiane Cavalcanti
É que hoje eu queria um abraço
que me pegasse num sopapo
e me sentisse sorrir como quem chora de saudade.
Não enxergar a linha tênue entre o desejo do que sou e a ilusão do que és me torna comum
E esse misto de realidade e fantasia me confunde.
Poema de aniversário
(23:59)... Amanhã o que muda?
O que o faz diferente?
Não adianta querer o posposto,
nem há graça em contar as desgraças.
Há mais gosto no silêncio disposto
e no sonhar com as próprias asas.
Nenhum ano é igual ao outro,
nenhum outro é tão diferente assim.
O dia forja o velho encontro
entre o que julguei e o que fiz de mim.
Zera o relógio, mas não o tempo
quanto dura o agora?
(00:00)... Hoje o que mudou?
O que o fez diferente?
Na frágil eternidade dos momentos felizes,
acha-se o fio, faz-se a história
Não importa o que trazem as cicatrizes,
tudo agora está claro diante da memória.
Foi-se o ontem de ser dois
veio o hoje ser só meu
não sei o que vem depois
tudo é o que se perdeu.
Se voltei foi pra sentir [de novo] o meu porto seguro trepidar
Cansei da sensatez de ser só
Voltei ao meu delírio de poder ser em você mais uma vez.
Até parece que a gente não sabe onde tudo vai dar,
que não se engana de propósito,
e que nao quer se enganar.
Quando eu te perdi, meu amigo...
Com o passar do tempo
fui substituindo, aos poucos, a tua presença.
Repousei meus beijos em outros lábios
e entreguei sorrisos e sentidos a novos abraços.
Quando te perdi, meu amigo,
preenchi toda a tua ausência
e aprendi a conviver com aquela antiga saudade,
mas a paz que a tua voz me trazia não consegui.
Não quero ter a alma doída nem as emoções calejadas. Já não me importo em parecer piegas. Quero de volta a pretensão maliciosa do olhar desconfiado e o desejo de sentir tudo de uma vez sem me preocupar se vai sobrar um pouco para mais tarde. Quero poder acreditar que “os teus olhos têm a cor dos meus sonhos”.
O grande prazer dos sentidos é uma volúpia (im)perfeita e (in)completa por (in)compreensão das entrelinhas. Mas quem se detém a ler nestas tais entrelinhas?
O canto
[...]
Que fazes aí?
Questionam-me as gargalhadas.
E como se soubesse,
sinto que vivo,
apenas observo.
Espero, não alguém que me leve, você
para acompanhar-me
num canto da sala,
num canto da vida.