Rosimeri Alves Bernardo
Sono
Ela sobe ao palco
Ele esta sentado em uma cadeira de cabeça baixa esperando que a música comece
As luzes acendem e uma nuvem de fumaça azul invade o palco enquanto Ela se aproxima
Quando as luzes vermelhas se misturam a fumaça azul, tudo que os espectadores sentados na grande plateia veem é um casal de dançarinos se preparando para mais uma apresentação de dança de salão, mas, eles são mais que isso.
A música começa, Ela toca levemente seu rosto, Ele a olha e sorri segura sua mão com delicadeza, levanta e a traz perto de si, um olhar surge entre os dois. Um movimento suave da boca Dele pronuncia um discreto “Eu te amo”. O tempo para ali.
Ela sorri com o olhar, envaidecida. Voltaram para a música, seus corpos se unem e tudo começa um salto para o alto termina em uma aterrisagem perfeita, de pé a plateia a aplaude, eles não ouvem os aplausos, alheios em um mundo onde só eles existiam, ninguém mais.
Alguns passos à frente um rodopio dessa vez no chão, levemente ela se deixa cair em seus braços. Braços fortes de um corpo atlético Ele facilmente a levantava, como se fosse uma pluma. Ela era pequena e delicada em todas as suas formas, eram perfeitos, na valsa que dançavam não existia erros.
Uma breve separação para completar um passo.
Quando se reaproximou Ela lhe disse ao pé do ouvido, enquanto eles saltitavam em leves movimentos pelo palco, “Eu te amo”. Ele não precisava de mais nada naquele momento, Ela era tudo.
O momento mais esperado, o ultimo giro da valsa, um salto, ela teria que parar no ar, impulso tomado e seu pé se desprende do chão, Ela alça voo livre como um pássaro e Ele a tinha em suas mãos colocou-a no alto com facilidade como sempre, olhou-a nos olhos, sentiu o frio percorrer seu corpo.
Ela não estava ali.
Acordou de um breve sonho, lindo, triste sonho...
Seus olhos vivos ficaram vazios naquele momento. Lembrou-se.
Ela se foi. Com os olhos lacrimejados apenas uma pergunta não saia de sua mente:
Por que você teve que partir?
Ate agora
Sei que você esta feliz
Que os momentos que passamos juntos estão ai, guardados em algum lugar em sua memória.
Sei que não me apagou completamente de sua vida
Já que fiz parte dela por alguns anos
Sei também, que me deseja sempre o melhor.
Que nossa amizade foi verdadeira mesmo quando não existiu
Que faz falta
O caminho é longo e a vida não permite olhar para traz
E mesmo assim deixa as lembranças como se fosse um presente
Presente do passado
Ingrato às vezes, mas bem vindo.
Bom o que posso dizer?
Sinto o mesmo, desejo o mesmo.
Obrigada por tudo
Mesmo que o tudo signifique Nada.
Ah tempo que não me falta.
O dia não acaba, mesmo quando cerro meus olhos e caio no abismo escuro do sono.
Quem dera eu tivesse realmente sono.
Durmo sim, mas apenas para o descanso do corpo.
Alimento-me pelo mesmo motivo.
Para que essa máquina que me foi dada de presente não desapareça por falta de cuidados.
Não há nenhum prazer nisso.
Mas, um presente desses não se joga fora apenas por desanimo...
Madrugada por favor, vá embora, deixe um novo dia nascer.
Ah tempo, por favor, não pare.
Mesmo que eu me vá, continua teu curso incessante.
Ah, menino
Que acontece com você?
Tão carinhoso e guarda essa mágoa toda?
Não fique triste com as minhas loucuras
Brincadeiras inconsequentes de uma jovem insegura
Meu coração fica apertadinho com a indiferença que lançastes
Ah, menino doce, fala comigo, o que te aflige?
O que te deixa tão amargo?
As desculpas não foram aceitas, eu sei, um erro tão grave, não é?
Não tem perdão
Gentileza gera gentileza
Grosseria gera indiferença
Indiferença daqueles que são incapazes de tal atitude
Eu realmente mereço o que causei
Sinto muito