Rosane Rocha de Freitas
EU?
Eu sou alguém que sabe que o mundo adoeceu...
E a cada dia me convenço mais dessa nossa loucura,
porque não me excluo.
Quantas vezes me vi concordando com absurdos inconfessáveis?
Quantas vezes acreditei na verdade comercializada,
como se o valor da verdade correspondesse a preço?
Somos esse mundo louco que não se encara,
que teme ver no espelho a cara feia da decepção,
a horrenda mas infantil imagem de seus próprios passos,
as tortuosas curvas dos nossos caminhos
encantados e consequentemente falsos.
que prodigiosamente nos levam a lugar nenhum.
As pessoas boas estão sozinhas e desprezadas.
As pessoas simples frequentemente são subjugadas.
Os inocentes morrem cedo.
As qualidades são dia a dia questionadas,
mas os defeitos podem ser revisados,
revisitados, compreendidos, perdoados.
Queremos matar um leão por dia
e ainda assim temos uma voraz fome de paz.
Suplicamos aos céus fagulhas de luz
mas ignoramos olhos que brilham ao nos ver.
Perdemos horas decifrando os que nos magoaramm
e minutos rindo dos que dizem nos amar.
Clamamos contra a solidão, mas não permitimos que alguém nos ame de verdade.
Tememos a sinceridade, mas permitimos
que nos enganem sem cerimônia .
Julgamos tolos os que nunca nos fariam sofrer
e atraentes os que nos fizeram chorar.
Já não sabemos distinguir o riso do deboche,
o apaixonado do idiota, o sofrimento do sofredor,
o carinho do desejo, a inocência da dissimulação,
a fé da ignorância, o amor da possessividade.
O mundo está doente...
Nós estamos doentes...
Estamos viciados em dor.
Vivemos um eterno doping emocional,
social, canibal, insano,
digerindo as pílulas amargas da desilusão
e transpirando com pressa nossa capacidade de amar.
Diante de pessoas dignas nos apiedamos.
Com quem não tem valor nos aventuramos.
Somos a antítese do que sonhamos ser na infância.
Ou nem sabemos quem somos.
Louco mundo dos "sem noção"!
Perdemos a capacidade de amar sem medo,
mas temos a coragem de nos entregar por nada.
O mundo está doente!
Somos o mundo!
E eu,
faz tempo,
nem sei quem sou.
Eu não me apiedo de quem não tem o que falar. O vazio é o resultado fosco do desrespeito ao grande valor da vida:
- O aprendizado!
Todas as fórmulas que desenhariam a vida ideal são de certa forma falsas.
Parece que vivemos entre marcos de um destino que não nos pertence, mas ao qual pertencemos.
Existem estrelas no céu que talvez não mais existam.
Quem duvidaria que nossas vidas espelhem uma realidade que já não mais existe?
Hoje sou, talvez, o que o ontem desenhou, resta então o que serei amanha...
Como é difícil tornar o tempo ideal, achar a base exata e fazer as escolhas certas para esculpir quem queremos ser...
O agora, o que nos espera, o que temos a obrigação de ser nesse exato momento, talvez nos roube o que queríamos de fato....
Ser, viver, alcançar.... tudo foge de nosso controle, ou não?
Sou então quem tem buscado essa fórmula. A fórmula que me permita ser amanhã quem sonhei ser ontem e quem eu deveria esculpir hoje.
Complicado?
Nem tanto!
Para tudo sempre falta a mesma coisa:
Sabedoria!
Sim...sabedoria... Essa palavra sempre me intrigou pelo som que desperta... saber/doria... saber/dor... saber/doeria...?
Acredito que no fundo buscamos tudo conhecer, mas desconfio que a minha busca pessoal pode se encerrar quando eu me encontrar ...
Ah! Então tá bom!
Deixem-me perdida!
To precisando relaxar...
Quero ir ao fim tão rápido não!!!
Deixem-me buscando...por favor!
Quero aprender mais do mundo, ou desaprender o que até hoje creio saber a respeito de tudo...
Quem sabe consiga renovar nosso mundo por dentro de mim e permanecer assim, ignorando completamente quem sou, onde estou e para onde caminho...
Aliás, para onde estamos mesmo indo com tanta pressa?
Alguém pode me responder?
NÃO?
Então, por favor, corram menos.
Vocês sabem muito bem que eu sei que sou muito mais que esse corpo e que essa é, apenas, a minha vida atual... muitas outras se foram, muitas outras podem vir... Com muita coisa ainda é para mim um sofrimento conviver...
Então é isso...
Deixem-me chegar...
Deixem-me partir...
Sem pressa...
Eu sei que ainda vivo o sentimento que vivia no último dia das mães.
Sei que esse sentimento não vai me abandonar, nunca mais nesta vida.
Mas eu também sei que muitas vidas vivi e outras tantas me esperam, de outra forma só seria se eu não tivesse tanto a me acrescentar.
É isso que sou, um espírito caminhando em sua própria busca e aprendizado,
como você que lê, neste instante, o que escrevo sobre “quem sou”.
Então, se tenho algo a lhe dizer, não vou lhe faltar.
Somos filhos de Deus, espíritos imortais, imperfeitos, mas de uma capacidade infinita, na nossa bendita individualidade, prontos a tirar da vida a lição que viemos buscar.
Assim, não se atormente tanto com o mundo lá fora, ele está como deve estar,
o seu compromisso está dentro do seu coração. Ouça-o!
Deixe o mundo lá fora sob a vontade de Deus, aceite os desígnios divinos.
Não julgue tanto seus atos e os erros alheios, somos falhos, é assim mesmo.
Cada um, a seu tempo, descobrindo o que tolamente alguns chamam de verdade.
Porque a Verdade não é assim algo tão rígido, único, a Verdade talvez, eu disse talvez, seja o que cada um de nós é capaz de compreender.
Olhe ao redor: O tempo todo as coisas mudam, as pessoas se descobrem, se deixam, as crianças e os cães têm aquele olhar, os sonhos se refazem, o rio segue, o mar ondeia, as estrelas cintilam, o céu se movimenta.
Dentro do seu ser algo sempre lhe disse para seguir em frente.
Mesmo quando você se diz cansado, traído, desesperado, a sua voz interior avisa que ainda há muito a caminhar e você ouve:
-“Segue!”
Essa não é a voz de Deus, é só sua consciência espiritual relembrando os seus compromissos com essa vida.
-“Segue!”
Quando a agonia apontar busque a Paz, quando o mundo “doer” busque a Fé,
quando a escuridão se avizinhar seja sábio e não duvide que tudo passa, essa é a grande lição que a claridade do sol nos dá, derrubando a noite, diariamente, sem cessar.
Essa sim é a voz de Deus, avisando:
-“Estou aqui! Há sempre uma nova chance para você!”
Ninguém vai nos dizer por onde ir, mas cada um de nós sabe bem o que busca,
mesmo que nos sintamos tão confusos, tudo que queremos é um pouco de luz,
muita paz, alegria, amor e coragem.
Ah! ... CORAGEM!!!!
É só do que precisamos para começar, recomeçar e reconhecer a voz de Deus no sol:
-“Coragem!”
É quando ouvimos esse chamado que estamos em uníssono com Deus.
Então, meu visitante:
-Coragem!
Com a graça e a proteção de Deus!
O inimigo não nos trai.
Alguém pode ver em nós o mal que, na verdade, nos atingiu, é estranho, é injusto, mas é comum; isso ocorre porque a maioria das pessoas quer as coisas no conforto de suas vidas, vontades e ilusões; a grande maioria prefere criar "culpados" e "covardes" a enfrentar as perdas que teria que encarar se aceitasse a verdade, preferem viver sem a procura pela verdade porque ela os obrigaria a uma decisão difícil; a verdade sempre se faz acompanhar de um NÃO, um NÃO que antes nunca se pensou preciso, possível, um NÃO que não se quer pronunciar, um NÃO à ilusão.
Mas, independente das ilusões e dos medos que nos aprisionam, a verdade sempre prevalece, mais dia, menos dia, ela se faz enfrentar, mesmo que não se queira surpreendido por ela; muitas vezes agradável é cegar-se, ensurdecer, porque desiludir-se dói na alma, fere o coração, traumatiza-nos por muito tempo, destrói muitos sonhos, rouba-nos a inocência.
Tanto que o inimigo não nos trai, mas o "amigo"... Mas ela, a verdade, por mais que doa, liberta e é isso que nos permite seguir em frente.
Deixe então aos responsáveis suas criações, considere como um erro a ser corrigido um dia o que rejeitam hoje, um simples erro cometido por quem prefere se iludir.
Não se sinta ferido pelo julgamento de quem rejeita a verdade, isso só acontece porque viver na mentira também é uma opção, humana, comum.
Amanhã a vida fecha um novo ciclo e, haja o que houver, aquela verdade já aprendida por você não mais o açoitará, será aprendizado, estará doendo em outras almas.
Pode haver o fato que passa "desapercebido", a palavra que ninguém quer ouvir, aquilo que não se quer realmente saber, mas nada disso prevalece à verdade, nem mesmo merece reparação, isso tudo é só uma escolha do que se deixa para amanhã.
02/12/2010
Tão humanos quanto reais.
A gente sempre acredita que tenha alguma ciência sobre a vida, sobre o conhecimento das coisas e das pessoas.
A gente cresce, amadurece um tanto e começa a se achar quase pronto para enfrentar o mundo.
Tolice!
A realidade da vida é tão coberta de detalhes e surpresas que, quando a gente menos espera, vem a vida e ordena:
-Aprende!
É quando só resta obedecer, levar no toco, abaixar a guarda e recomeçar.
Toin!
A vida humana é incrível porque a capacidade humana é de completo livre arbítrio, quem não acredita nisso está no começo da jornada, ainda não deu dois passos, porque quem já deu dois passos, como eu; nasci e aprendi a andar, sabe muito bem que o dia de amanhã é uma surpresa e quem está ao nosso lado, ou a frente, ou atrás, um dia; seja amanhã ou mais tarde, ainda vai nos surpreender.
Resta então rezar por uma surpresa positiva.
A humanidade é estranha, tão estranha que nada do que ela faça pode ser considerado estranho.
A humanidade é divinamente humana. Isso explica tudo!?
Mas há uma coisa que me intriga, o porquê de algumas pessoas escolherem viver a mil por hora, afinal a vida lá fora já se movimenta assim. Como é que elas aguentam?
Tem gente que, propositalmente, vive de instigar e provocar velozes reações, chocantes imagens, tristes observações.
Tem gente que não consegue viver um minuto sem provocar, testemunhar, ou sentir: dor.
Não bastasse os falsos nossos de cada dia, os loucos nossos de plantão e os pilantras da esquina, tem gente que se realiza com a força da destruição, olhando nos olhos da revolta, tocando a ferida.
Fala sério!
Quanta infelicidade...
NATAL
Chega o Natal e "a mortalha do amor" não se evita.
Não é um aumento da dor ou da saudade, é a reedição do quanto é dífícil a perda de quem se ama diante do mundo que celebra o nascimento daquele que nos amou como ninguém mais e pereceu das nossas mãos e por nós.
É Natal, ou será, se sempre não é; mas isso altera o tempo, porque o Natal é momento de luz e sob a luz a saudade se mostra, sangra desavergonhada, se confessa...Dói sem trégua na triste e pura verdade.
É Natal e sou órfã!
Eu não sei bem se os caninos é que são mais humanos, ou se os humanos é que deveriam ser mais caninos.
Se a gente pudesse dizer por onde alguém deve ir talvez esse alguém ouvisse. Mas a gente não pode, a gente só deve sugerir. Porque se você não fizer as suas escolhas não será você quem viverá a sua vida.
Fui uma criança chata.
Fui uma jovem rebelde.
Sou uma mulher contestadora.
Serei uma velhinha se Deus decidir me castigar.
Eu gosto de falar e pensar sobre “quem sou”.
Nasci sob o signo da insatisfação inexplicável, num mundo prestes a explodir por nada; revolta, emoções aprisionadas, sinergia, coragem, silêncio, música, indignação, essa poesia em ruídos.
Minha geração estava condenada a triste perspectiva experimental, provamos de tudo e nada nos alimentava a alma, nada parecia vivo e sólido o suficiente para nos equilibrar, energias leves e pesadas, luzes multicoloridas, magnetismo, formas fluídicas, experimentação, vários mundos dividiam o mesmo espaço e todos esses mundos estavam em guerra.
A geração anterior clamava por paz, nós andamos aos cantos buscando algo que, escondido, revelasse quem somos. Por isso, talvez, seja tão difícil entender quem são nossos filhos, não são os filhos da insatisfação, nasceram livres da nossa dor, nós livramos o mundo clamando por liberdade; nossos filhos andam mais rápido, ou mais devagar, tanto faz; apenas percebo que não foi o nosso mundo que os recebeu, porque nossa missão não era a de construir um mundo para os nossos filhos, mas sim a de destruir o mundo que nos recebeu.
- Missão cumprida! Sejam todos bem vindos aos caos!
Agora o que há é a expectativa pelo fim e seu inevitável recomeço.
Os dias de hoje são os de espera.
Não sei se fizemos o certo, mas estou certa de que fizemos o que tínhamos que fazer. Talvez morramos com essa infelicidade arriscada de quem quer tudo e algo mais sem pagar nada por isso.
Tomamos o mundo e ele aí está, a beira do amanhã.
A condição negativa do mundo atual se relaciona mais à omissão dos bons que à ação dos maus.
Quando um silencia outro avança.
Algumas frases de Jesus são ignoradas, quase esquecidas. Por que será? A quem serve só destacar o que interessa, aos ignorantes, ou aos "sábios"?
Se eu pudesse escolher o que fazer do amanhã, no amanhã eu viveria o ontem, só para ter meus pais de volta.