Ronildo Vicente
Em algum momento um médico determina que meu coração há deixa-lo de
funcionar, e que minha vida há terminado. Quando isto suceder, não trate de
reviver-me artificialmentee onde quer me encontre, não chamem “meu leito de
morte” chamem de “meu leito de vida” e deixem que meu corpo ajude a que
outros gozem de uma vida plena.
Doem meu coração a quem o seu não haja causando mais que intermináveis dias
de dor. Doem meu sangue à alguém ou a um adolescente resgatado das ruínas de
um automóvel, para que algum dia ele possa a chegar a goza das brincadeiras
de seus netos. Doem meus rins para quem depende de uma máquina para seguir
existindo.
Também meus ossos, músculos, fibras e nervos, e façam caminhar a um jovem
paralítico. Explorem cada canto de meu cérebro e tomem minhas células para
que uma criança muda possa gritar um “gol” e uma criança surda possa ouvir a
chuva contra os vidros da janela e se tiver necessidade de enterrar alguma
parte de mim, deixe meus defeitos e todas as magoas que causei aos meus
semelhantes.
E se por casualidade querem recorda de mim, façam com uma palavra amiga ou
com uma boa ação para quem necessita.