Ronaldo Ferreira de Almeida
Medida Certa
Seu amor é um frescor na minha caminhada
Ora em bosques, ora em quebradas
Feito poema de Neruda ao meio-dia
Ou versos da Adélia num ocaso.
Coisa de rir ou de chorar, igualzinho a filme
De Carlitos
- E assim descubro a cada dia que menor
Que isso é não-amor.
A Vida na medida certa, e de modo igual,
Comédia romântica de Woody Allen.
Amor verdadeiro é um novelo repleto de redondilhas
E que logo estanca minhas ilhas em dias funestos;
Coisa de pegar com a mão, tangível.
Feito fruto macerado pelos dias
Donde extraio o sumo da semântica;
Portanto, amor é o outro refletido,
Qual espelho d'água;
É um no outro e todo o sentido.
Salto de Pé
Eu nunca escrevi os meus poemas sem esmero
Escrevinhar um simples poemeto pode conter
todo um devir que nunca chega...
Dei duplo twist carpado, cada verso me suspende
Mortal kombat e o escambau a quatro
No entanto, é monólito de frieza.
- A sua ternura eu espero.
IMPRESSIONISTA
Quero um poema que diga
O quanto gosto de você
Grávido da poética de Neruda
Entorpecido da doçura de Monet.
Um Planeta escarlate em suas maçãs.
Sinto-me assim um bardo
Ao lhe trazer todas as manhãs
versos e trovas...
E, após o entregar de cada agrado
Vejo no seu rosto o avermelhar de suas maçãs.
Por isso mais escrevo... e mais me dedico...
Vermelho, escarlate, rubro, encarnado,
colore de pronto pele, pelo e meu planeta;
todo dia é dia de vermelho multicores:
Jambo, jamelão, pitanga, morango - e claro:
maçã na maçã.
ERAM NOITES DE PIRILAMPOS
Era um baião de dois
Eu mais você
O verso e reverso
Água de moringa
Galope de dez mil léguas
Eu de pardo, era agora todo
esbranquiçado de poeira
Pegava do bojo, sacava a viola
e descosturava um repente
Eu era o rei das quermesses
Um poema com nada de hipérboles,
sem metáforas e nem superlativos.
-Ganhei vosmecê com muita prece.
E, confesso, nunca soube o que era isso
Fazer poema é bonito, mas difícil.
E com a noite descia a lua,
e no nosso quarto morava o paraíso
ARTE URBANA
Um girassol de Van Gogh em plena Avenida Presidente Vargas
acorda o mesmo alumbramento que uma manada de vaga-lumes
na noite fria daquele bosque...
Daquela serra...Daquele monte...
Donde vai o rio seguindo o decurso.
O Museu de Amsterdã abriu sua caixa e rasgou-se
em ruas, becos e vielas.
Me permita dizer:
- agora tudo gira ao lhe ver !