Rômulo Lima
Reluz douro da estrela matinal tua beleza;
Ao Criador exaltando toda maestria;
Pois inspirado em ti criou a natureza;
Pelo brilho desta face que exime simetria;
És da terra o bem, a dama, a realeza;
Poesia lírica, escultura viva e estandarte;
Noivaste porquanto com a própria arte;
De tal modo que tornaste sua alteza.
Apareceria por intermédio do teu ser;
Da perfeição, da mulher e Musa;
Que dentre todas as olímpicas faz nascer...
Cabal inspiração de minhas músicas.
É aos céus, Eulália, que imploro...
Teu favor, teu esplendor que tanto adoro.
Canto ao Supremo com glória singela;
Pois da terra moldaste ente sem igual;
A multiforme graça em dom magistral;
Fez perfeição, buganvília, donzela.
Em nenhuma das musas tal inspiração há;
Que faça a pena do poeta desabrochar;
Apenas a diva graciosa e brilhante;
Reside toda arte em sinfonia exuberante.
Imagino que estou em quimera;
Porquanto tua alma, tua essência, tua flor;
Abotoa em mim a alegre primavera;
Tão-somente despertou-me o louvor;
Deidade excelente pintada em aquarela;
Minha Eulália, noiva, verdadeiro amor.
Límpido céu a oscular o mar azul,
E as ondas ouriçadas bramam na areia,
Tal o meu ser ao beijá-la anseia,
Como a água a tocar teu corpo nu.
Nunca almejei algo assim como tu,
Toda tua boca, como morango ou cereja,
Donde minha boca instigada viceja,
Como viceja as aves o céu azul.
As nuvens moldam teu rosto aquarela,
As flores exalam constante teu olor,
A primavera criou Eulália singela.
E em meu ser despertou o amor,
Deus em toda sua plena Auréola,
Pôs-te em minha vida felicidade em flor
Louvo o Altíssimo por notar tal poema;
Pois só o Criador de inspiração suprema;
Molda essa arte com precisão;
E presenteia a Terra com sublime visão.
Flui dos olhos tua bela escultura;
Ninfa, diva, musa e inspiração...
Qual nascer de sol no dia de verão;
Traz luz ao mundo a toda criatura.
Fonte melifica replena ternura;
E toda formosura reside no teu ser;
Algo em quimera que a meu ver...
Faz primavera todo alvorecer.
E o nascer das rosas vem de ti, Eulália.
Como dália num gentil florescer.
Tange a lira o querubim mavioso,
E vibrantemente o Altíssimo entoou.
Canto a plenitude do Poderoso,
A graciosidade primaveril,
E a beleza de Eulália.
Quão belo nascem os lírios campestres,
E os colibris enamorados os cortejam.
Surgiu ó musa impetuosa a relampejar,
Fulgurante cintila os firmamentos
Teu semblante brilhante.
Tal sopro Divino adentrou
Em majestosa escultura.
Lei foi de Javé, Oleiro-Criador
Que terno e preciso adornou
Supra obra de esplendor inigualável.
Imponente bradou: "Ouvi ó céus!
Todo clarão diurno e tudo que cintila!
Toda Via Láctea!
Pois a vida, em seus termos, se esculpirá.
Todas minhas letras far-se-ão carne.
Aquela que diante de mim assiste
Tornar-se-á mulher vivente.
Qual reina a primavera entre às estações,
Reinará entre as damas a rosa por mim concebida!"
Quão formosas as sedas
Que compõe tuas madeixas douradas.
Pétalas alvas é tua tez
Juntamente com fragrância de balsamo,
Exalam sutilmente ao ar.
Bruma na orla as fluctissonantes ondas
Ansiando por banhar-te os pés singelos.
Sopra o vento sul,
Para refrescar vossa pele.
Vem, pois caiu à noite, ó lua cheia!
Ilumina aquela que cede à Terra colorido.
Pisamos as uvas das melhores vinhas
E celebremos com o vinho novo,
Pois enamorada está a essência do poeta,
Não por ouro, prata ou pérola...
Mas sim pelo anjo em mulher, Eulália.
O cintilar da estrela matinal em tua face habita;
Qual frescor primaveril tua pele nas manhãs;
Exala na respiração a fragrância das maçãs;
E o imo do poeta, por ti estremece e palpita.
Vem dos céus, musa, formosa e mui altiva;
É a gotícula do leite, que a via láctea formou;
A que faz brotar a lótus, esculpida por artista;
É aquela bela dona que Da Vinci enamorou.
Desmedida é Eulália em ternura;
E não há em toda terra ser com mais candura;
Inspirados por ti foram os do renascimento...
Ao fitar a pele tua, a essência da brancura;
E imaginar teu corpo nu a luz da lua;
Donde busca a poesia todo seu alento.
Não Caibo
Não caibo na terra de inversões;
Da ladrona dos valores éticos;
De costumes e modos céticos;
E da moral dos charlatães.
Não caibo no mundo do Direito
Onde sépticos tiram proveito;
Anistiando os grandes vilões;
Desaprovando os homens bons.
Não caibo na pátria de prevaricações;
Onde Têmis está desamparada;
Clamando por nobres ações;
De uma sociedade desesperada.
Não caibo onde uma flebóclise;
Injeta estrume nos padrões;
Onde abraçam os grandes ladrões;
E ainda acabam com a mesóclise.
"O insensato possui olhos míopes; otite nos ouvidos; tato apático; cérebro microcefálico; e, a pior de todas as moléstias: peçonha na língua."
Sinfonias primaveris atesta minha amada;
Regozijam lírios, colibris e rouxinóis;
Seguem nos jardins mirando girassóis;
Pois de esmeraldas e rubins és adornada.
Genuinamente do lado do poeta foi tomada;
Qual Eva do primeiro homem formada;
Dando assim origem ao ciclo da existência;
E preenchendo o trovador a sua essência.
Qual a boca do chantre egrégio, canto-te!
Tal pena do versado escriba, escrevo-te;
Pois concerto semelhante, sem igual...
E toda natureza reage de maneira tal;
Quando surges, própria diva e consorte;
Fazendo-se noiva e dona da minha sorte.
O néscio não detém ponderação, apregoa o que o mundo lhe expõe; já o sábio de espírito escava a veracidade.
De Calíope a voz e a sublime eloquência;
De Erato a poesia e a assaz sapiência;
Os quadris de Terpsícore dançam brioso...
No teu ser, Musa, poema laborioso.
As canções de Euterpe habitam teu falar;
Clio, dona da história, relata-te soberanamente;
Como flor, Tália, teu sorriso desabrochar;
E nos céus de Urânia é brilho permanente.
Cobre-te a grinalda de Melpômene alvíssima;
E da tragédia desta fazes paixão...
Empunhando a clava potentíssima.
Louva-te em coral a sacra Polímnia;
Apolo inspiradíssimo ária harpa canção;
Pois tu és das deias única inspiração.
O Criador tomou do Sol o esplendor;
A multicor beleza primaveril;
Do céu deu o tom em anil;
Na voz pôs dos anjos o louvor.
Na pele suave macies e cor;
No riso o fulgor
Da Vésper matinal;
Na graça a ternura virginal.
A alegria deu-te dos colibris;
Aos cabelos sedas orientais;
Das Musas as virtudes sem iguais.
Assim tais são tuas dádivas...
Altivas de porte qual torre de Davi;
Fez-se a mulher mais bela que vi.
Os que acham em demasia detém ínfimo saber; mas, os que esquadrinham a realidade ampliam os horizontes.
Os audazes são como harpias voando para transformação; porém, os pusilânimes são preguiças acomodadas em sua covardia.
Desde que Cain matou Abel, a história nos oferece dois ensinamentos: que o homem é mau até em um convívio semi-idílico; e, que a segurança sempre deverá atuar em cada situação onde o gênero humano estiver.
Arte e virtude fizeram moradia,
Naquela das espumas formada,
Do vigor de Urano nascia,
Romã de néctar dulcificada.
Egito, Macedônia e Síria...
Souberam da obra e beleza,
Sedução encantando a natureza:
Afrodite de virtude e alegria.
Grécia, o amor com Troia repartia;
Ares, com Hefesto, o mesmo fazia...
Rugiram por teu amor incondicional.
Logo Páris e Helena a empatia...
Encontraram uma bendição natural,
Tal os traços da artista tocar o mortal.