Rogério Reis Benedito
Vida que segue veloz
Ninguém educa ninguém
Ninguém se educa sozinho
A educação se edifica
No decorrer do caminho
É com o outro que se aprende
E por fim se compreende
Que o todo se constrói
Pedacinho por pedacinho
Dia-a-dia, pouco-a-pouco
Faço de mim quem eu sou
Por vezes sério, às vezes louco
Recebo tanto quanto me dou
E o mundo é o palco de todo ato
O outro, o alvo da minha ação
Aprender para ensinar o que de fato
Nos faz estrelas clareando este chão
Embora não encerremos
Por fim, nossa construção
Pois todo dia podemos
Viver uma nova lição
E nessa mágica viagem
Em que navegar é preciso
Seguimos juntando bagagem
Aprendendo com o choro e com o riso
Cada dia passado
Cada etapa percorrida
Nos torna mais preparados
Pros desafios da vida
Vida que segue veloz
Sem esperar por ninguém
Que cada vez mais feroz
Nos cobra o que a gente não tem
E tirando de onde não há
Colocando onde não cabia
É que o sonho se faz ao buscarar
No outro, o que a gente não sabia
E então chegamos até aqui
E a nossa tarefa é continuar
Tarefa que só se pode cumprir
Abandonando as certezas
Que insistimos em carregar
Pois quem já acha que chegou
Não precisa mais andar
Por isso, sigamos a nossa jornada
Tendo o horizonte como nossa meta
E que cada pedaço dessa estrada
Seja um pouquinho daquilo que nos completa
(Rogério Reis Benedito)
Tem gente que eu quero bem
Tem gente que não me desce
Para essas rogo uma praga
Para as outras rezo uma prece
Pois há pessoas que são doces
Outras são puro amargor
Quem dera que todas fossem
Razões para o meu amor
Pela sagrada poesia
Do verso tão lindo e raro
Do sentimento que guia
O amor mais puro e caro
Te desejo a mansidão do olhar
De uma mãe com seu bebê
E que possa realizar
Os sonhos que traz com você
Se pra quem estudou parece
Que a vida seja dura
Imagine pra quem carece
De aprender a leitura
Ensinar a ler é o ato
Mais nobre do educador
Já constatei, é um fato
Quem ensina a ler
Serve um prato
Recheado de amor
Ver nos olhos de uma criança
Uma luz se acender
Alimentar a esperança
De quem só começou a crescer
Ensinar com muito tato
E o afeto de um professor
Até ver brotar como mato
Quem ensina a ler
Serve um prato
Recheado de amor
Abrir as portas de um mundo
Que se esconde na escrita
Ver se iluminar num segundo
A face mais pura e bonita
Perceber o momento exato
De servir cada sabor
Pra provocar o palato
Quem ensina a ler
Serve um prato
Recheado de amor
Ver quem não sabia andar
Agora, caminhar sozinho
E poder se alegrar
Com cada passo do caminho
Mantendo sempre o contato
Aprendendo para ensinar
E às vezes até ser chato
Quem ensina a ler
Serve um prato
Temperado com o verbo “amar”.
Cordel Pedagogia
Um dia disse a minha mãe:
Eu entrei na faculdade
Ela não acreditou
Falou que não era verdade
Mas depois que eu provei
Pude ver sua alegria
Que não durou muito
Pois também contei no mesmo dia
Que o curso que eu escolhera
Era o de Pedagogia
Eu ouvi ela falar
Filho deixe de agonia
Professor trabalha tanto
Não tem hora, não tem dia
E, ainda, no fim do mês
Tá com a carteira vazia
Retruquei: mãe deixe disso
Essa é a minha vocação
Pois sei que quem ensina, aprende
Com sua própria lição
E não há nada mais lindo
Isso eu pude aprender
Do que ver alguém sorrindo
Depois que o ensinou a ler
Paulo Freire é a chama
De uma vela na escuridão
Na docência, ou a gente ama
Ou não segue a profissão
O amor foi a bandeira
Que ele sempre teve à mão
Pra nos mostrar sua a maneira
De fazer a educação
Ensinar exige afeto
Não há mestre sem discente
Antes de saber o alfabeto
O mundo já faz parte da gente
Pra aprender é preciso
Aproximar-se do distante
E o choro dá lugar ao riso
Quando há busca e fé incessante
Não se constrói um mundo justo
Sem escola que de repente liberta
Sem um povo que entenda o custo
De fechar a porta que deveria estar aberta
Dizem que a distância faz lembrar
Alguém que amamos e ficou no passado
Mas é certo que o silêncio ajuda a curar
A dor de quem já foi machucado
Dar o perdão a quem provoca a dor
Nos liberta da mágoa afiada
Mas é difícil perdoar com amor
A quem nunca pediu pra ser perdoada
Aprender com os tropeços
É lição que deve ser ensinada
Quem sabe, desde o começo
Alguém era pra você, a própria tropeçada
Do meu tempo de criança
pouca coisa me restou
Mas guardo vivo na lembrança
um tempo bom que já passou
brincadeiras na calçada
Na Minha cidadezinha
O revoar da passarada
E uma menina que tinha
A face mais iluminada
Do que o sal de Tardezinha
Eu visitava vó Luzia
Em São João do Manteninha
E lá encontrava alegria
Pois vó era madrinha
De uma meiga menininha
De uma meiga menininha
Brincávamos num riacho
Que passava ali por perto
Éramos seis, eu acho
Todos de sorriso aberto
É o dela era o mais lindo
Tenho isso por certo
Amiga de minha infância
Não esperava te encontrar
Mas ao te ver, voltei no tempo
E sem esforço pude lembrar
Cada instante, cada momento l
Pois o que o coração ama
A memória não pode apagar
Dói demais toda partida
Toda ausência causa dor
Mas o curso dessa vida
É vontade do Criador
Somos todos passageiros
Ninguém sabe quando vai
Se demorado ou é ligeiro
O destino diz quem entra e sai
Cada um tem o seu tempo
Findo, não há prorrogação
E a despedida como o vento
Nos leva à outra estação
Os que ficam, com tristeza
Sofrem ao nos ver seguir
E aguardam com a certeza
De que também irão partir
Os pais se vão na frente
Essa é a ordem natural
Se o filho vai antes da gente
Deixa uma dor sem igual
Perder um filho parece
Ferida aberta no peito
Não há remédio ou prece
Que possa dar um jeito
Demorar-se pouco
Ter menos, pra viver mais
Fazer-se de louco
Pois o mais caro
Não é o raro
É, na verdade, o fugaz
Quando nasce um pé de saudade
É preciso ser previdente
Arrancar pela raiz
Escaldar com água quente
Porque se a saudade der fruto
De certo que vai ter luto
Pois saudade mata a gente
Antes de julgar o meu jeito
Caminhe por onde andei
Saiba que ninguém é perfeito
E que talvez tenha errado tanto quanto eu errei
Cubra seu olhar de gentileza
E pratique se por no meu lugar
Quem sabe assim tenha a certeza
De que não há nada de bom em me julgar
A vida é como uma jornada
Que a gente segue sozinho
Cada um na própria estrada
E cada qual no seu caminho
O olhar do outro nos avista
E vemos uma encruzilhada
E seguimos em nossa pista
Ou mudamos nossa estrada
Meu amor era seu,
Seu amor era meu
Nosso amor ainda é mais
Que outrora e muito antes
Eu sempre fui as vogais
Das suas consoantes
Pra se plantar um jardim
Antes se deve entender:
Cada rosa, cada jasmim
Era um sonho a florescer
As flores que eu plantei
Existiam dentro de mim
O jardim que amo agora
Já existia no meu sonho
O amor não vive lá fora
É na alma que o ponho
Diga o que tem de dizer
Mas Evite causar a dor alheia
Busque sempre crescer
Mas Sem diminuir quem te rodeia
Aproveite a sua juventude
Como quem vê pela primeira vez
Amadureça com atitude
Faça tudo o que ainda não fez
Cada dia passado, cada etapa percorrida
Nos torna mais preparados pros desafios da vida
Vida que segue veloz sem esperar por ninguém
Que cada vez mais feroz nos cobra o que a gente não tem
E tirando de onde não há colocando onde não cabia
É que o sonho se faz ao buscar no outro, o que a gente não sabia
Até os onze fui menino
Deixei a infância pra lá
E seguindo o meu destino
Comecei a trabalhar
Por dois anos, o cansaço
Me impediu de estudar
Pois na forja, até o aço
Leva um tempo pra apurar
Então voltei pra escola
Dessa vez pra não parar
Estudando me encontrei
Percebi sem medo errar
Que os sonhos que sonhei
Eu poderia alcançar
É preciso sempre estar aberto
Pra eterna novidade que o mundo tem
Bom é pensar bonito e fazer o certo
Plantando e colhendo o bem
Pra ensinar o amor é preciso amar
Pois só quem ama pode entender
Onde o amor se encontra e onde buscar
Razões que fazem o amor florescer