Roger Libório
A gente ama até o ponto em que se ama amar. Porque amor é coisa ideal, desejo de algo que te projeta fora da crueza de apenas existir.
Amar só vale se você usa óculos colorido de lente espelhada. Cheira a defunto o amor que vê e sabe de tudo como de fato é.
Amor não é fim nem começo. É a coisa do meio. Vem depois da promiscuidade da paixão e antes da complexidade de tudo que dele resulta.
Amor de verdade, pra ser sincero, não resiste ao tempo, pois só é o que é no estado de pureza. Quando se ramifica em inevitáveis outras possibilidades, não é mais ele. Serão outras coisas malditas e belas, mas outras coisas.
Para identificar amor verdadeiro, basta saber que, sim, ele é cheio de um peso de importância. Mas que se carrega com leveza.
Sou sempre criança e adulto quando convém. Serei velho só e simplesmente se me esquecer de renascer do que fui até há um instante.
Mãe é sobretudo um lugar. O primeiro e também o de sempre. Lugar que protege e envolve, que se estica com formidável e elástica magia, acolhendo-nos desde o primeiro dia e no tempo - a nós e nossos excessos.
Lugar generoso a mãe, que te deixa livre para ser também de todos os outros lugares, mas que permanece seu - sua praia deserta, sua montanha em neve, seu lago sereno, seu campo florido. Pois todo lugar que você conhece na vida passa a fazer parte de você. Mas somente a mãe - útero e amor - é o único lugar ao qual verdadeiramente pertencemos.