Rodrigo Vargas
De todas as máquinas inventadas pelo homem nenhuma é capaz de tirar tantas vidas de maneira tão natural quanto o automóvel.
Quando edifícios-garagem forem substituídos por apartamentos, teremos uma cidade realmente mais humana.
Quando nossos ancestrais tornaram-se bípedes, jamais imaginaram que a tecnologia um dia nos faria voltar a andar de quatro.
De quatro rodas...
Conceito de acidente:
Evento inesperado e indesejávelque causa danospessoais, materiais ou financeiros e que ocorre de modo não intencional.
Ou seja, tudo, menos o que se vê no trânsito.
A potência e a velocidade dos carros possibilitou uma redução de tempo sem precedentes, sobretudo o tempo de vida.
O ser humano, do alto de sua capacidade inventiva, criou coisas grandiosas: máquinas sensacionais, como o automóvel, por exemplo; mas também armas de destruição em massa – que, ao final, parece que vem a dar no mesmo.
Apesar de alguns tropeços, também criamos a vida, a nossa imagem e semelhança. Clonamos, modificamos geneticamente e até fizemos algumas melhorias através de um implante aqui, um circuito ali, um chip acolá... Se Deus estivesse olhando ficaria orgulhoso (que Deus o tenha...)!
Não sou contra a utilização de automóveis. Só luto por uma cidade na qual as pessoas possam usá-los por opção e não por falta de.
O trânsito será mais humanizado quando condutores forem "revisados" com a mesma acuracidade que seus veículos, a cada 12 meses ou 10 mil km.
É preciso libertarmo-nos dessa cultura paternalista que coloniza nossa consciência e terceiriza nossas responsabilidades, para a construção de um trânsito mais seguro, uma sociedade mais justa e um povo realmente independente.
Se compararmos a tecnologia atual com a de mil anos atrás veremos um abismo de diferenças. Se compararmos alguns comportamentos atuais com os de 10 mil anos atrás esse abismo parece bem menor...
Caso alguém não saiba, a sigla IPVA significa Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, e não Imposto sobre a Propriedade de Vias para Antissociais!
Parafraseando o cartunista e humorista Maringoni quando diz que “Deus criou o homem e esse, tempos depois, criou o automóvel a sua imagem e semelhança”, caberia, nesse contexto, a concepção de um décimo primeiro mandamento: “não cobiçarás o veículo do próximo!”.
Na sociedade atual, aquele bom e velho provérbio popular merece ser adequado ao poderoso mercado automobilístico: “diga-me com que carro andas que eu te direi quem és”.