Rodrigo Noval
A paixão é o rascunho do amor.
É a face psicopata da felicidade,
entorpecida pela ansiedade, embriagada pela vaidade.
Compreendo o tempo em que vivo,
mas no meu tempo de compreender.
Sou egoísmo, vaidade, herdadas da imperfeição,
mas não derramo hipocrisia nessa minha bipolaridade,
que as vezes me sensibiliza com doses de bondade.
A solidão é um bem, um estado que se administra de maneira forçada, quando todas as chances de contrapartida se tornam nada, é um vão ocupado na noite atormentada.
Minha existência transborda inconstâncias,
mergulha num abismo espectral,
jorrando lágrimas ociosas, involuntárias e dispendiosas
para a saúde do meu espírito teatral...
Indecisões, rebeliões, escassez de concatenações
jogando pela janela ideias embaralhadas,
o "tudo" que busco sendo tragado por um "crônico nada".
Se ao menos eu soubesse por onde anda o teu sorriso,
derrubaria as muralhas do meu orgulho,
desolaria o templo da minha esquizofrenia,
iria na tua direção, erigindo altares de um novo dia,
de paz centrada e razoabilidade esguia,
ainda que, de uma manhã de bruma turva e fria,
na cegueira dos meus sentidos confusos
e dos meus raciocínios obtusos,
umedecendo minha alma com alguns orvalhos de alegria.
MONUMENTO DE INCERTEZAS
Planos me assustam, projetos e sistemas de comportamento, ao meu ver não passam de defesa desnecessária daquilo que não se pode evitar, o imprevisto de cada dia.
Sou a essência louca do “não programado”, dando gargalhadas nas horas em que se faz necessário todo um padrão de seriedade, por que acho que necessário é aquilo que é espontâneo.
A mesma ansiedade que tanto me assusta, ganha tons de vaidade quando causa turbulência no voar da minha essência. Sou um voo incerto. Não quero dever satisfações de padrões corretos nem a mim mesmo, que dirá aos outros... E mesmo assim, não me sou suficiente.
Erra menos quem planeja cada palavra e cada ação? Até que me provem o contrário, a única coisa que muda é a o “erro na hora certa” cheio de explicações depois.
Não sou calculista, não faço auto análises, antecipar defensivamente atitude, palavras ou mudanças de opinião esfarelam a originalidade do ser, por isso sou um grande monumento de incertezas.
E não faço questão nenhuma dos rótulos de “equilibrado” dado aos racionais, pois eles sofrem atrás das grades de si mesmos, e esse escudo de equilíbrio esconde um dissabor tão grande, um vulcão de lágrimas internas, derramadas, que aprisiona aqueles que tem medo do bradar a autenticidade só ser.
Nem sempre o passado retorna ás nossas vidas em forma de tempestades dolorosas, as vezes, fica um sol escondido em algum canto do que passou, e, quando menos esperamos esse sol esquecido retorna para nos iluminar mais do que iluminou antes.
Não faço questão dos rótulos de equilíbrio, dado aos "racionais", pois estes sofrem atrás das grades de si mesmos.
Existem mulheres fortes, estas transcendem a própria existência, existem mulheres fracas, estas já estão mortas em si mesmas, e existem as mulheres que não sabem a força que tem, estas, quando não desvendadas, estacionam a própria vida num desperdício deplorável que ecoa pela eternidade.
A Esquerda acertou quando coletivizou as ideias, errou quando coletivizou o homem. A direita errou ao individualizar demais o homem, mas, acertou na execução da vitória individual de cada ideia.
VERDE ESPÍRITO DO MAR
Teu olhar emite sons,
palavras "impermitidas" no ar,
que agitam o verde espírito do mar.
Facho de luz,
que rompe a fresta do meu ego,
me reluz e eu não me nego
a esse gozo cósmico que me entrego.
Te amando em consequência
dessa entrega permanente,
de uma sabedoria inconsequente
onde morro vivendo a cada dia
no teu corpo eternamente...
Se ao invés de sentar - se à mesa com os doze, Cristo tivesse sentado a mesa com Voltaire, Kant, Sartre, Bukowski, Freud, Chico Anysio, Sócrates, Nietzsche e Sêneca? Qual seria o papo?
Os sinos dos dias badalam
nos meus ouvidos incautos,
torturando de angústias todos os meus sentidos.
O tempo é Ortodoxo de si mesmo,
não abre mão de seu açoite.
E nas noites em que trôpego, venero garrafas de vinho, anestesio os efeitos do castigo impiedoso que este velho carrasco invisível me impõe.
A Lei da Impermanência é maior do que a Lei de Causas e Efeitos, pois ela quem determina qual a importância das causas e a proporção dos efeitos, sendo assim, até as consequências dos nossos atos são impermanentes, com prazo de validade.