Rodrigo Mez
Posso jurar que sou gelo, sem perceber viro brasa,
sempre implorando desculpas, inconformado comigo.
Desulpe dor
Mas vá saindo de lado
Pois não aceito fracasso algum
Por essa minha vida
Sem essa de que estou magoado
Dawn, deprimido ou cansado
Desejo o próximo passo
Com o explendor da visão
O dom supremo do amor
E se me pego no chão
Bato a poeira, sou aço
Ligado a persepção
Do que entendo ser
O tão "melhor pra mim".
Salve-me de mim quando a força gritar
Se por alguns segundos eu não raciocinar
Quando me julgar louco
Quando me embreagar
Quando me achar pouco.
Talvêz minhas dores sejam maiores que as suas. Talvêz as maiores do mundo. Porque eu não sinto as suas dores, não sinto as dores do mundo, sinto apenas as minhas, e isso faz de mim um “pobre coitado”, ou o ser mais egoísta de todos.
O ser humano tem a necessidade natural de compartilhar as coisas não materiais, mesmo a fé, de não se sentir diferente ou uma aberração. Somos uma espécie coletiva que desde os primórdios convivemos em grupos, em sociedade, como um formigueiro mal organizado territorialista, que também como outras espécies menos evoluídas que se matam em uma competição infinita pela sua continuidade ou poder. Fazemos a lei do quem pode mais, a lei do “tenho” e não do “sou”. Mas “dê a Cezar o que é de Cezar”.
E assim descobri que posso ser como Deus. Não O que cria, não O que comanda, não O que castiga, mas sim o que Ama, incondicionalmente. Porque sou seu filho, criado A sua imagem e semelhança. Tenho a Sua Luz e não possuo a tal “maldade” inexistente, o lado negro, mas sim o oposto do amor, que é o vazio que todos às vezes sentimos, quando justamente nos falta o Amor. Como tudo criado por Deus em sua balança harmoniosa. A matéria e a antimatéria, ou seja, o tudo e o nada.
Os objetos que eu costumava manter com orgulho em destaque na estante hoje estão empoeirados dentro das caixas de que vivo desviando. Os CDs do AC/DC, Janis Joplin, Iron Maden cederam seus lugares a Gonzaguinha, Maria Bethania e Milton Nascimento. Minha coleção de Paulo Coelho foi devorada por cupins e eu nem notei. Meus DVDs de Alien, Predador, Duro de Matar, onde foram parar? E as canções que escrevia querendo transmitir certa inconseqüência adolescente hoje são retratos meus, do que fui ou desejei ser, das pessoas importantes que cruzaram o meu caminho e se fundiram a mim me tornando um pouco uma mistura homogenia com suas manias irrelevantes ou encantadoras. Sei que me engano imaginando que essas canções não serão esquecidas, por que as pessoas mudam todos os dias, a beleza passa, a personalidade é uma mutação constante, e as paixões deslizam por entre os dedos como algo que não podemos controlar. “Hoje sou mais que ontem e um pouco menos que amanhã”. Na casa que me encontro agora há reformas todos os dias com as paixões que chegam e se vão, com os amores que ficam, com o sorriso que aprendi a admirar, com a minha alternância de padrões e razões. Também há uma garota que pinta as unhas de verde, que não bem conheço porque entrou de repente, sem pedir licença, que esta trocando tudo de lugar, derrubando paredes e fazendo uma bagunça assustadora.
Luz, por fim cegou-se,
Diz-vos orgulhoso, o puro se decompôs,
Outrora inocente, filtrou-se da perfeição,
Repugnou-se ao ver-se lá atrás
Verme rastejante, cordeiro condenado,
E o doloroso casulo apodreceu
E o óleo negro tomou o mar
E a luz se foi...
Metamorfose, é lobo traiçoeiro,
Luz?
No breu, será sua própria fonte!
Que Deus estenda-me suas mãos mutiladas pela ignorância e me cure da ignorância de todas as mutilações.
No dia que me for que dêem uma festa, por eu ter tido uma boa vida ou por ter pagado os meus pecados.
Então compreenda, o “Seu Amor” não é uma pessoa em si, mas sim “O Seu Dom de Amar”, o dom que nasceu com você, tão singular, distinto, como uma impressão digital. A desordem está em associarmos “O Amar” ao ser, aquele que nos despertou a capacidade de amar, e que você aceitou dedicar todo o “Seu Amor“.
Desconheceu então se era quente, ou frio... Porque, às vezes, queimava, como ferro que suturava a carne... E em outras congelava, como um lago traiçoeiro de uma fina e transparente camada de gelo que aguarda pacientemente por sua presa... E era dolorido desejar reter nas mãos... Mesmo que em momentos se acalmasse e adormecesse, quando era possível sentir sua textura aveludada e sua leveza flutuante, e a luz que penetrava por seus olhos e inundava-lhe o coração... Quando sabia então que tudo valia a pena, e suas cicatrizes soavam-lhes como troféus, condecorações de um conflito pela paz.
Até chegar o dia que temerás me perder
Da mesma maneira que perder-te temo
Quando finalmente sorriremos sem algum motivo
Mas até lá, vamos fingindo que tudo vai bem.
Descobriu que tratava-se de uma semente, distinta, branca, de uma transparência suave. Mesmo contendo pequenas fissuras e arranhões, ele ainda não havia contemplado algo tão belo. Por suas cicatrizes radiava-se uma luz azulada, de pequeninos fachos dançantes que se alongavam e retraíam tingindo toda a extensão da palma de sua mão em um tom anil. Intrigado aproximou-a de sua face tentando fixar seu olhar que momentaneamente se ofuscava e percebeu que de seu interior fluía uma canção sutil, capaz de ser ouvida apenas quando a aproximava junto ao ouvido. Um coral de muitas vozes, de um mesmo timbre, isento de palavras, que desfilava suas notas musicais em um ritmo de mar de marolas. Contemplando-a, hipnotizado, pegou-se imaginando o que poderia germinar de tamanha beleza. Fechou sua mão envolvendo-a, zelando para não esmagá-la, não maculá-la, e após um beijo em seus dedos cerrados caminhou procurando algum local especial, de semelhante grandeza, pois sabia em seu íntimo que algo tão glorioso não poderia ser cultivado em qualquer lugar.
"O perdoar, o saber perdoar... Parece-nos soar como um grande favor, uma gentileza caridosa àqueles que nos despertaram a dor. Mas vou além, e posso afirmar que é algo muito maior. Trata-se de uma caridade a nós mesmos. Um ato supremo de amor próprio, de tornar-se superior, não ao próximo, mas a si mesmo."
Beleza mesmo está na simplicidade da vida, das pessoas, naquela coisa que brilha por dentro, que irradia e escapa pelo sorriso, que transpõe e contamina pelo olhar. Beleza é gente com entusiasmo, que luta, que sabe vencer e sabe cair, que admite os erros e as derrotas, que possui humildade de reconhecer que às vezes é preciso cessar e recomeçar. É o medo e a coragem de seguir em frente, de deixar o passado e encarar de peito aberto o desconhecido. Beleza é essa incessante busca pelo degrau acima, porque nem todos nascem em berços dourados. É a preservação da essência, das raízes e do orgulho dos seus sotaques, o orgulho de ser quem foi, de ser quem é e daquilo que se almeja alcançar.
Em meu paraíso, o que habita minha imaginação, existe um lago, com um trapiche baixo de madeira cinzenta e esverdeada onde é possível sentar-se e repolsar os pés em suas águas brandas e cristalinas, que espelham e fundem o celeste do céu ao dourado do sol. Um lago emoldurado por rochas cobertas de limo e praias de gramados vivos e brilhantes que amparam arbustos e árvores de copas altas, que embalam suas folhas aos sons e rítmos de uma brisa suave, de temperatura agradável, como em um balé harmonioso e não sincronizado. Um lindo lago verde, confortante, mas inexplorado, de uma profundidade desconhecida, misteriosa. Mesmo assim divino, sagrado. Um lago para se passar a eternidade. Um lago verde. Tão verde e profundo como os olhos que eu poderia facilmente perder-me no tempo, no espaço, com os meus pés na água, apenas contemplando-os