Rodrigo Barker

Encontrados 4 pensamentos de Rodrigo Barker

Sim, sangra o coração,
Como louça quebrada me ajoelho diante de ti,
Revolvendo os cacos, como se neles estivesse impressa a resposta.
Junte-os, cole-os, torne-o novamente coração,
Hão de ficar as rachaduras, cicatrizes indeléveis de outros tempos.
Em seu pulsar estarás lá, porém há de diminuir a dor a cada pulsação.
No teu já não mais habito.
Reconstruo então nova morada em meu próprio coração, pois é aqui que por primeiro devo habitar.

Mãe não é só aquela que te carregou em seu ventre,
Mãe é aquela que te carrega por toda a vida,
Mãe é aquela que te escolhe para ser seu filho,
Mãe é a forma humana do amor,
Mãe não é um título, é uma conquista,
Mãe está sempre a seu lado, mesmo não estando, pois estará para sempre em ti,
Em todo sua benevolência de afagos e broncas carinhosas, que doem mais nela,nos aconchegamos em seu coração gigante, repleto de palavras macias, duras, ensinamentos, nos refestelando em seu aconchego.
Mãe , és mar de amor, és a imensidão de ser, és eterna.

Inserida por samtorresbarker

A ilusão dos 99
99 não são cem,
1,99 não é um,
10x fixas de 49,90 não são quarenta e nove.
Essa ilusão desmedida criada pela mídia e encorajada pelo comércio se aplica à nossas vidas.
Não pagamos 1 real, pagamos 1,99. O que esquecemos, não notamos ou nos enganamos é que 1,99 está mais para 2.
A vida levada inconsequentemente, sem razão, passada como num sonho ou levada em uma inércia é 1,99, não é vida, não é dois apesar de estar quase lá.
É-nos impingida essa fração por pessoas que controlam o pouco poder que tem, as mesmas que são enganadas por seu próprio artifício genérico e eficaz.
Uma idéia difundida, ou melhor, disseminada por tantos que sequer sabem o que fazem.
Sua vida não é 1,99.
Leve-a pleno,
Seja 2,
Seja 100,
Não se engane quando a rotina lhe aprouver, quando a rotina embasbacar seus sentidos, quando a mesmice não lhe parecer repetitiva, lembre-se sempre que aí está a grande ilusão dos 99.

Inserida por samtorresbarker

Já andei com o vento;
Já deslizei com a água;
Já bailei com o fogo;
Já comunguei com a terra;
Autrora éramos unidos, sem palavras, mas com a linguagem do universo nos comunicávamos;
Com um breve sorriso, um leve gesto ou simplesmente o ato de se entregar a eles para que me carregassem.
Andava com o vento e não me cansava, pois ele me empurrava solidário e amigo;
Deslizava com a água, sem temê-la, pois ela não me faria mal;
Bailava com o fogo e ele somente me aquecia, acariciando meu ser com suas chamas;
Comungava com a terra que, generosamente criava caminhos para que eu por ela trilhasse;
Hoje não mais; pois imerso dentro de meu ser já não mais respondo a eles, quando tento me entregar não mais ando despreocupadamente com o vento, pois agora ele me gela o corpo,
Na água me afogo, pois nela não mais deslizo;
O fogo me queima e suas labaredas lambem meu ser com sua fúria;
Da terra já não mais comungo; estou sem trilhas; sem caminhos abertos.
Preso em mim ajo como um adversário de meus antes amigos; ainda hoje me chamam; pois sábios eles são; relutante, continuo estático. Até quando conseguirei ouvir os seus clamores, pois sei que, quando não mais os ouvir será tarde para me libertar de mim.