Rodrigo B. Miguel
É verão e eu estou triste.
Como se eu não ficasse em outra estação...
Não enxergo a beleza, nem amores;
Não ouço nenhuma canção.
Tudo o que eu quis,
Não passou de querer.
Tudo o que eu fiz
Foi só por Você.
Agora, não vejo nada que me atraia.
Não sinto nada que me alente;
Só contemplo a solidão da praia
E não há nada de contente.
Por detrás da montanha do tédio,
Existe um mar escuro, uma vaga bem fria;
E no prelúdio linear da vida,
É tão pungente minha agonia.
Vem! abraça-me
E diz que vai passar.
Diz! bem devagar
Ainda, que seja só por falar.
O ser impassível aproxima-se.
A hora derradeira é chegada!
É tão escuro, nessa estrada...
E você chora e não diz nada.
O ser abiótico me beija e me leva
Para o além de TUDO.
Ah... mas agora eu entendo,
O teu abraço mudo.
Contarei o que não vi...
Falarei do que não sei.
Terei a vida que não vivi;
Serei o sonho, que não sonhei.
Distante estou de mim.
À margem de ninguém vou vagueando;
Será que cheguei ao fim?
Ou será que estou voltando?
Efêmero e irresoluto é o meu pensar!
Ah... deixai-me aqui sozinho.
Qualquer hora acho o caminho...
Agora, quero apenas despertar!