Roberto Souza
Não há defeitos naquilo que se é perfeito. Louco é aquele que não acha isso. Algumas pessoas parecem não dar valor a essa perfeição.
Nunca espere algo de alguém que um dia você teve o prazer e a felicidade de estender as mãos e ajudar. Infelizmente na maioria das vezes a ingratidão não permite que algumas pessoas tenham a capacidade de lembrar que um dia precisou de você.
“‘......Dificilmente eu posso dizer que estou sem sorte. Estou vivo e tenho boas pessoas ao meu lado e filhos maravilhosos. Eu monopolizei minha vida por muito tempo eu sei que, certamente algumas coisas saíram errado. Dificilmente eu posso dizer que os tempos são críticos, mas olhando em toda volta vejo pessoas tão confusas e vejo que ainda tenho tanto para dar e nada para perder. Não olhar para trás e seguir sempre em frente. Não queimar o passado mas viver cada dia de uma vez, sem culpas e sem mágoas e usando esse passado como referência para o futuro. As pessoas mudam, ou penso que possam mudar. E quem se importa com isso??? Eu me importo. Não perca a gentileza, a educação, a preocupação com outras pessoas, a alegria de viver mais um dia e você nunca envelhecerá, não morrerá nunca. Pelo menos na memória das lembranças boas de seus amigos e família. Doe um pouco de seu tempo para ouvir alguém que quer ser ouvido, doe um pouco de seu tempo para fazer alguém feliz, ainda que seja por alguns momentos. Isso não tem preço........" I.M. 2009
“....e das noites em claro, sentado em uma sacada vendo ao fundo o vale, ele pode sentir os primeiros raios de sol. Era como se o nascer do dia trouxesse junto com a luz as descobertas mais arraigadas nele mesmo que ainda não haviam morrido. Não era a falta de uma cama, que propositalmente improvisada em caixas de papelão e um cobertor de campanha, que faziam a diferença. A casa era grande, mas vazia, não haviam móveis nem pessoas, somente salas, quartos, banheiros e uma cozinha. O vale lhe dava uma vista do rio, de árvores monumentais e de eventualmente pessoas que por ali passavam. O amanhecer era completo com o canto dos pássaros. Mas não era ali o seu ponto final e sim o marco de saída. Essa jornada deveria ser feita sozinho. A propositura de um início de jornada sem conforto era vital, iria permitir a ele resgatar seus valores mais básicos e a sensibilidade que havia perdido ao longo dos anos. A retomada do caminho no dia seguinte deveria ser essencialmente do início, sem atalhos, sem cargas ou pesos nas costas. O caminho seria difícil e árduo. Os caminhos de pedras, as subidas e decidas eram cada vez mais íngremes, sinuosos e obscuras. Sabia que poderia alcançar seu tesouro. Nas caminhadas diárias buscava eventualmente atalhos, mas estes não lhe foram permitidos e quando a noite caia o abrigo era sempre o mesmo. Descobriu então que andava em círculos, que sempre andara em círculos. Teria que mudar, não poderia mais caminhar durante o dia pois este não lhe traria referências corretas, durante a noite teria o céu e as estrelas para guiar-lhe o caminho. Seria mais perigoso porem mais prudente e produtivo, e assim o fez....... A noite passou a ser sua companheira, os riscos eram maiores, porem seus olhos passaram a se acostumar a enxergar no escuro, passou a ver o que o dia não lhe permita ver ou sentir, passou a ser mais intuitivo e os caminhos começaram a aflorar de forma clara como se estivesse começado a enxergar naquele momento...tudo estava ficando mais claro. As estrelas começaram a guia-los e a cada final de jornada e os abrigos surgiam de forma inesperada e das formas mais inusitadas. Já não era mais o mesmo todos os dias. Surgiam na forma de pessoas oferendo acolhida, ainda que fosse improvável que ali elas existissem e sobrevivessem. Talvez fossem viajantes que ali estivessem passado em tempos distantes ou que ali sobreviveram por épocas passadas, mas ele já não tinha medo de se deparar com o improvável, vivera sob um véu escuro durante anos de sua vida sem poder enxergar o óbvio. As acolhidas eram gentis e reconfortantes e sempre ao raiar do sol ...... passava os dias de forma solitária. Ao entardecer quando sua jornada iria recomeçar, os acolhedores não mais apareciam ou se apresentavam, porem ele sempre lhes deixava uma recordação. Ainda que não houvesse bens físicos consigo, ele lhes deixava uma oração, um bilhete, um agradecimento, uma flor, algo que pudesse mostrar o quanto fora importante naquele momento um teto, um abrigo, um porto seguro, ainda que simples e sem conforto......” I.M. 2009