Rita Eduardo
Conexão
Abraço-te,
nas palavras que intrinsecamente professo ,
em forma de oração.
Beijo-te,
na brisa acariciante que desprende o aroma
da flor plantada no coração.
Sinto-te,
na magnitude de cada dia
quando tudo vibra em perfeita profusão.
Encontro-te,
na infinitude do tempo
onde tudo se conecta na celeste comunhão.
Amo muita gente
Mas você é divergente
É a pura energia em que em mim habita
Sol que me alimenta
Adubo que me seiva
Raiz que me sustenta
Atmosfera que me mantém
Florescência permanente
Em ti me transpareço
E minha essência se traduz.
Nubla
Hoje o sol não apareceu
Solidário as minhas cortinas embutidas.
Escondendo as lembranças que não estavam prontas para abandonar a casa do sentimento.
O lugar onde a alegria se mantinha.
Me sinto uma sombra distorcida.
Chuva íntima que não deságua.
Flor ressequida
que se despetala
dia a dia
Despertada pelas noites mal dormidas
Por já compor a sina
mais um dia
sem sol
sem cor
sem nada
sem mim.
Encoberta
Por trás da cortina
pulsando a vida
que convida a despertar.
Pelos vãos dos pensamentos
revolvendo as memórias
que não querem dispersar.
Pudera que por um lampejo
O meu caminho regressar.
Como acordar do pesadelo
Encontrar tudo no lugar.
Mas quando se rompe um elo
Não se pode duvidar
Que a vida com esmero
te livrando o amargar.
É esperar o concilioso tempo
Te fazer acreditar
Que a vida a ti confere
glorioso
(Re)começar...
Desâmbito
Emoções encaixotadas
No fundo da sala
Solidão e desencanto.
Uma lágrima empoçada
Pedindo retirada
das lembranças que não cabem mais.
Um destino incerto.
Onde estará o meu afeto?
Apenas entrego
A vontade de ficar.
Ainda não me vejo
em outros re-cantos,
as canções não mais encantam.
Sem referência
sou face sem reflexo.
Desabitando os dias sem nexo
Na esperança de me reencontrar.
Desperta-me a leveza no silêncio interno.
Onde cubro azul a imensidão dos dias nublos.
Em ti sentir assim profundo,
eu repouso a minha paz.
Lume
Despertas o lume deste amanhecer radiante,
no recanto do templo íntimo,
a vontade de viver.
Onde me busco e só a ti encontro,
te concedo moradia,
e te entrego a minha paz...
Entrelaçando nas horas
corridas,
o enlace das nossas vidas,
fazendo de ti a mais sublime poesia,
irradiando todo o Ser.
Alvorecer
Como um Sol,
despertas minha vontade de
alvorecer.
Perfumando a vida
em um novo florescer.
Despertas minha vontade de apassarinhar.
Cantando o dia
a vontade de te amar...
Crepusculando
A tarde desprendia o dia,
metade luz, outra sombria.
Pleiteando espaços
entre o novo e o inacabado.
Por dentro nostalgia e encanto.
Por fora cores mescalando.
Do dia suspirando esperas
Da noite desfazendo sonhos.
Tempo da flor
Lancei-me ao chão
No bréu da terra acolhida
Na espera do tempo
Minha casca ser rompida.
A fresta de luz me guia
Minha sina percorrida
Já me sinto flor
Exalando nova vida.
Tempo da flor não é amor
Mas ensina o que é amar
Na brevidadade do seu tempo
A essência permanece...
inalterada,
renascida
Sobre(vivida) !
Vertigem
Vontade insana de permanecer ao relento
Onde o sentimento se desnuda,
acolhendo a solidão.
Plácido querer
Vertiginosa paixão
Da noite fria,
que se fez verão.
Estiagem
A terra sedenta e exaurida
Convidava a chuva para um beijo.
Precisava acolher
Para um novo florescer.
Nada a fazer
Apenas esperar,
a borboleta voltar...
Ela sempre volta!
Nuvens
Quando nuvens densas
encobriram os meu dia,
faltava-me o teu encanto,
aflei ao vento um suplício de acalanto.
Refiz o caminho...
buscando a energia perdida,
encontrei a luz
que julgava vir de ti;
em mim.
O sol brilhou !
Voo no vão
Avisto a flor em vão
sonhando que fosse minha
na ânsia de saquear o néctar
descansar as asas
das desditas dessa vida.
Nas horas torturantes
mais um dia que se finda,
minhas asas já tão frias...
meu desejo é quase oração
fecho os olhos e o sonho é vão...
Amor Contido
A zona de conforto que me protege da distância dos seus olhos e me mantém no seu abrigo,
permite que respire macio.
Onde a alma se agasalha
nas trocas transbordando de afeto,
o mundo todo cabe... só em ti, me basto.
Depois que passei pelo breu do casulo, o sol brilhou.
Sequei minhas asas na doce melodia do vento.
Buscando um novo alento,a flor amparou.
Não temo o espinho
Tenho a leveza de ser borboleta.
E a certeza de que num breve existir,
Determino a minha essência.
Voo
Volvi um olhar ao céu.
O mesmo céu que outrora me cobria.
Não encontrando mais a luz que
me prendia.
Um pássaro solitário voava livre,
me fazia companhia.
Sem saber se ia ou partia...
Desfiz a lágrima formada
que no instante desprendia.
Pois na fé que me guia,
libertarei meu voo.
Comunhão
Como uma luz que me guia
Ao recôndito da paz
Tudo se transforma em prece
quando em mim te encontro...
Inspirando teu nome.
Expirando saudade.
Na pausa a Deus professo
que se mantenha o nosso enlace.
Vento Impetuoso
O vento que soprava por fora de nada se comparava
ao vento que soprava por dentro
pensamentos desalinhados ventavam impetuosamente
as incertezas resolvendo os fatos
a mudança querendo como folha seca me levar pra outro espaço
numa urgência gritante
pensava em deixar tudo de lado
cedo demais para ficar
tarde demais para sair
a única certeza que sem ti não sei prosseguir
pois a tristeza só de pensar neste fato
eu me perco de mim...
Intercâmbio
O dia rompeu descortinando o absoluto que me anima a prosseguir.
Nada mais me basta a não ser a certeza de onde quero permanecer.
E a saudade que me invade de tudo que não vivi não assusta mais.
Tenho em ti a alegria de ver tudo se realizar,
quando no meu melhor pensamento a ti dirijo,
um misto de encanto e magia
em ver nossa vida assim reunida,
a existência em demasia permuta a luz que me irradias.
Hospedeiro
Viestes aclamando amores.
Trazendo flores.
Pediu pra ficar.
Contando a sina,
de ter acolhida
no meu mirar.
Mostrou seu mundo
através das lentes
com cores ardentes,
do seu olhar.
Fez de mim poesia
criando rimas,
me fez encantar.
Mudou meus conceitos.
Discurso perfeito.
Hoje é hospedeiro.
Do meu amar.
Encruzilhada
Tão perene existir...
perfeito intrínseco sentir.
quando te penso...
no primeiro e último momento.
Saber que estamos juntos,
no pensamento.
Separados pela encruzilhada do tempo
Exato !
das mão que não se tocam.
Clara luz que irrompe o dia.
Louvo a paz que me domina.
No recôndito querer que transpasse a física.
Que em teu ser se faça a simetria.