Richard Sennett
A resistência constitui uma experiência necessária e fundamental para o corpo humano; através dela, o corpo é despertado para o mundo em que vive. (...) O corpo só se torna vivo ao lidar com dificuldades e superá-las.
Fazendo alguma coisa acontecer mais de uma vez, temos um objeto de reflexão; as variações nesse ato propiciador permitem explorar a uniformidade e a diferença; a prática deixa de ser mera repetição digital para se transformar numa narrativa; movimentos adquiridos com dificuldade ficam cada vez mais impregnados no corpo; o instrumentista avança em direção a maior habilidade.
A ideia da experiência como ofício contesta o tipo de subjetividade que prospera no puro e simples processo de sentir.
O pensamento “nós-contra-eles” sempre existiu, mas o que há de novo é uma espécie de indiferença pelo que é diferente. Não há mais o medo de violência entre "tribos", o que acontece é mais sutil, é um recuo em relação ao outro, como se o outro simplesmente não existisse.
Na essência, um ambiente de trabalho deveria ser um lugar onde as pessoas aos poucos desenvolvem habilidades específicas e se tornam mais competentes. Mas isso exige um tipo de ambiente de trabalho que está desaparecendo. Hoje, as organizações já não empregam trabalhadores, elas compram trabalho.
A noção de “Isso é o que eu penso e não posso pensar de forma diferente” é a receita para a morte intelectual e social. Se temos fortes convicções, a questão é como as relacionaremos com pessoas que possuem convicções tão fortes quanto as nossas.