Ricardo Branco
...e tanto faz,
mesmo que seja importante, chega uma hora
que vai ficando pra trás,
Mas há caminhos de volta,
Há atalhos, rodovias, ruas e vielas,
E se realmente ainda for importante
e valer a pena,
Não há porquê exitar,
Simplesmente volte...
Ela passou do meu lado e eu não percebi,
Ela sorriu pra mim, mas eu não vi,
Quem sabe ainda eu consiga encontrar,
Outra chance, um caminho, um outro lugar.
Ela seguiu sozinha e eu não entendi,
Tinha muitos planos, mas eu não ouvi,
Quem sabe ainda eu consiga acertar,
Em outra vida, num jogo de azar.
Ela não conta mais as horas,
Espera que a chuva lave as rosas,
E com o silêncio ela chora,
Esperando sempre um final feliz.
Ela diz que ainda somos
Tão diferentes entre tantos,
Feitos de carne e sonhos,
Tomamos o mundo sem pedir.
Ela diz que ainda temos
Aquelas dores que perdemos,
E se erramos no que fizemos
Temos outra chance pra acertar.
Temos outra chance pra acertar.
Ela passou do meu lado e eu não percebi,
Ela seguiu sozinha, mas eu não vi,
Quem sabe ainda eu consiga encontrar,
Outra vida, um caminho, um outro lugar.
Porque não olhar pra trás
E aprender com os erros que já não vão me ferir?
Aquele nós ficou em mim,
E nunca mais
Olhei pro céu que um dia te prometi.
Como curar agora um coração
Que passa a vida escondendo o medo de amar?
Porque não saber voltar
E buscar os caminhos que me faltam pra seguir?
Queria ter um desejo a mais,
Pra encontrar os sonhos que um dia eu perdi,
Como voar com asas de algodão?
Estou sozinho no meio de um furacão.
Queria as tardes feitas do que se foi,
As palavras, teu rosto,
Promessas de um dia a mais.
Porque não saber voltar
E buscar os caminhos que me faltam pra seguir?
Aquele nós ficou em mim,
E nunca mais
Olhei pro céu que um dia te prometi.
Como voar com asas de algodão?
Estou sozinho no meio de um furacão.
Queria as tardes feitas do que se foi,
As palavras, teu rosto,
Promessas de um dia a mais...
Ainda sou forte,
Mas sinto falta dos dias
Que eu ficava perto de você,
Alguns anos mais velho estou,
Outros outonos passaram,
Do seu amor, a saudade é o que restou.
Hoje o que quero não é mais
O que eu costumava ter,
Tenho apenas a coleção de rabiscos que fiz pra você.
Escrevo em muros frases feitas pra não ler,
Jogo fora histórias que não posso entender,
Mas o que fazer sem ter você aqui?
Mas o que fazer?O que fazer?
Aqui.
Ainda sou forte,
Mas sinto falta das noites
Que eu te protegia da escuridão.
Alguns anos mais velho estou,
Outros outonos passaram,
Do seu amor, a saudade é o que restou.
Escrevo em muros frases feitas pra não ler,
Jogo fora histórias que não posso entender,
Mas o que fazer sem ter você aqui?
Mas o que fazer?O que fazer?
Aqui.
Ainda sou forte, mas...
"Guarde suas facas e suas guerras,
Guarde seu perdão e sua iniquidade,
Alimente-se do fogo e da hora que não mais existe,
Aqueça as mãos frias que doem e não mais se abrem,
Abra os olhos para a escuridão,
Feche o coração para as ilusões
que ferem a alma,
Transite fora do teu mundo e esqueça teu legado irreal,
Habite, coma, fume, procure abismos insondáveis,
Encontre os perigos, ignore os princípios,
Acabe por não saber amar,
Seja apenas indivisível.
Quem irá seguir meus passos hoje,
Se os meus pés cansados já não podem andar?
Quem amará em meus sonhos essa noite,
Se os meus olhos rasos d’água não conseguem se fechar.
De toda a traição resta a cura,
Da pequena ferida à angústia mais pura,
Aos laços estreitos de falsas amizades,
Passos pequenos para doces maldades
.
Quem sairá às ruas para gritar sua dor?
Sem ninguém para ouvir?
Sem ninguém para chorar?
Todos embaixo de suas camas,
Escondendo suas próprias lágrimas,
No escuro interior
De suas próprias lembranças,
Quem seguirá seu próprio coração
Sendo escravo de seus próprios medos?
Eu olho para a rua
E tudo parece errado,
Foi macumba ou hipnose,
Mas eu fui enganado.
Camuflam a miséria,
Montam um cenário,
Estão todos a serviço de um rei imaginário.
Comprar mais uma vida,
Para trocar por um espaço mais baixo que o chão,
Roubar, palavra estranha para afirmar;
O que fazem dentro dos portões do céu.
Sem querer,
Caí no mundo sem ninguém ver,
Faço o que posso para viver,
E sempre toco as nuvens pra entender.
Já não sei o que posso pegar sem pedir,
Eu tenho exemplos,
Mas quais eu devo seguir?
E quais as mentiras que eu quero ouvir?
Os anos vão passando, vamos mudando nossas roupas, nossas caras, envelhecendo os nossos olhos, aumentando a nossa miopia, tocando sempre as mesmas canções nos mesmos bares, recebendo sempre pouco, sempre dando murros na ponta da mesma faca, e o que é pior, esperando sempre por resultados diferentes.
Se as coisas não mudam para melhor, é porque algo em nós precisa ser mudado.
Nos últimos tempos eu aprendi que calar antes de falar qualquer coisa impensada é sempre o melhor a se fazer. Você evita mágoas, evita feridas que não cicatrizam nunca, evita perdas, evita caminhos que não precisaria ter que passar.
Nem tudo que você quebra pode ser consertado, e a pior arma de destruição que se pode usar são as malditas palavras mal ditas em momentos de raiva, bem aqueles que você sai fora de si, e nesses momentos que por muitas vezes não duram mais que segundos, causam um estrago enorme, destruindo o que por vezes levamos dias, meses, anos para construir.
Por mais que você faça tudo certo, se esforce e se doe ao máximo, é num erro desses que tudo se perde. Mas a gente aprende, cresce e se tiver pelo menos um pouco de bom senso e inteligência, não comete mais os mesmos erros.
Acredito que nada aconteça por acaso, mas uma coisa é fato, o silêncio as vezes é a melhor forma de se evitar dores futuras.
Ainda falta um pouco,
Ainda falta tempo,
Ainda existem falhas,
Faltou um minuto à mais naquele momento.
Para uns, nada mais que palavras,
Somente trechos vãos de pensamentos vis,
Mas quem pode julgar o que é verdadeiro,
Se cada verdade faz do seu dono, prisioneiro,
Se cada abandono, coloca o órfão em cativeiro,
O deixa esquecido em seu mundo que já não está mais inteiro,
E o que é esse mundo?
E o que é verdadeiro?
Ainda falta muito,
Ainda falta tempo.
Ainda existe uma história,
Que não pôde ser escrita naquele minuto,
Que não existe mais em nenhum momento...
Me retiro,
Abandono o palco,
Me coloco atrás da cortina,
E já não vejo a platéia,
Apenas à escuto...
Hoje estou de luto,
E finjo não ter nada a dizer,
Algo que de fato
Já nem me culpo.
Eu não me iludo mais
Com quem não me olha nos olhos,
Com quem se camufla atrás dos próprios sonhos,
E se perde dentro de seus pequenos planos.
Eu simplesmente faço o que eu não deveria conceber...
Eu apenas me retiro,
Abandono o palco,
Me coloco atrás da cortina,
Mas agora nem escuto a platéia,
Ela já não está mais alí...
Sim, isso me preocupa,
Como tudo aquilo que deixei de lado,
Tudo aquilo que não vingou,
E não me importa se virou passado,
Porque ainda está vivo,
Ainda não me largou.
Sim, isso me preocupa,
Me impede de alcançar a cura,
Me impede o raciocínio claro,
Me nega a infância mais pura,
Me leva ao desespero amargo,
Que chega em minha face
que se transfigura.
Sim, isso me preocupa,
Me causa todos os dias essa taquicardia,
Sempre que me vejo entre restos de solidão fria,
E tua falta é tão culpada quanto a ironia,
Que contra mim foi usada
Para me afastar do que eu tanto queria...
A escola de Olavo Bilac
Geneviéve estudava em uma escola
Que ficava numa velha cidade do interior,
Todo dia andava até ficar cansada,
E seus pés doíam como no dia anterior.
A escola tinha nome de poeta,
Também tinha pátio, também tinha professor,
Geneviéve só não gostava da inspetora,
e muito menos do diretor.
Todo dia tinha aula
E toda aula uma história,
E toda história tinha doutor, bandido
E até o poeta com o nome da escola.
De tardezinha Geneviéve voltava para casa,
No rosto, um sorriso que nunca se fechava,
Já esperando um novo dia,
Uma nova história,
A via láctea...
E que a normalidade não se torne ambígua,
Trazendo à tona toda rotina triste e faminta,
Sedenta por outros mares, outros sonhos
E outras portas escancaradas para o desconhecido
Segura a mão mais um pouco,
Você não precisa mais dar nenhum passo em falso,
Já sabe que tudo é o contrário do que deveria ser,
Ninguém mais tem o velho e bom caráter que costumavam ter.
Pelo menos agora nada mais te impressiona,
Ser pego de surpresa virou brincadeira de criança,
Que de tão previsível que ficou,
Nem te corrompe, nem mata,
Não te tira do sério, não te faz absolutamente
Nada...
Segura a mão aí,
Só mais um pouco,
Você não precisa dar mais um passo em falso,
Nem sair correndo feito louco.
Só segura a mão aí mais um pouco...
Nada que eu use,
Nada que eu tome,
Nada resolve,
Nada te consome,
Tua presença disfarçada de ausência não some,
E tudo que era anterior ao sentimento inferior fica,
E me complica,
E me corrói com um lapso que não se explica,
E a ferida ainda é rica
De tantos cortes dentro de si mesma,
Que nenhum remédio nela se aplica,
A minha promessa ainda está viva,
Dentro do nada,
Existente no tempo,
Em que alguma coisa de bom ainda havia.
Nada que eu use,
Nada que eu tome,
Nada resolve,
Nada...
Nada te consome...