Rennan Alves
Acho engraçado até. Depois de algumas decepções amorosas, prometemos nunca mais nos envolver, nem nos apaixonarmos. Culpamos o coração e nossos sentimentos por nossas escolhas, e mais aquelas frescuras abobalhadas de juvenis. Daí dias depois, tá lá, no mural do facebook “Fulano está em um relacionamento sério com Beltrano que conhecera a menos de 3 dias”. E assim, dar-se início a um novo ciclo de expectativas, esperanças, promessas e, por fim, corações partidos.
Querida Claire, quero que saiba que é um prazer te escrever esta carta. Lembra da vez que você estava andando no corredor da livraria, e um maluco desengonçado tropeçou e te fez derrubar tudo que estava segurando na frente das suas amigas, que além de rirem do pobre garoto, riram também de você. Ele ficou todo sem jeito, achando que você iria surtar, chamá-lo de idiota e tudo o mais que servisse como xingamento, e segundos depois você fez exatamente o que ele achou que faria? Os pedidos de desculpas não foram o suficiente, você toda mesquinha, o xingou, fez a maior birra, e como se não bastasse falou que da próxima vez era melhor ele olhar por onde anda. Dois dias depois, você o viu sentado ao lado da sala de informática, sentou-se ao seu lado e pediu desculpas por tudo o que tinha falado. Ele seria um idiota se dissesse não pra um sorriso como o seu. A partir daí vocês ficaram amigos, muito amigos na verdade, e tanto você como ele, notaram que a cada dia sentiam-se um mais dependente da companhia do outro, e logo passaram a ser mais que amigos. Compartilharam felicidade, da mesma forma que compartilharam a tristeza, dividiram sorrisos, carinhos, segredos…tardes de domingos, fossem elas chuvosas ou ensolaradas. E quer saber o que eu acho disso tudo? Eu tive a sorte danada de ter sido aquele garoto maluco e desengonçado que você fez questão de perguntar se era cego, por não vê-la ali, com tantos livros nas mãos. Eu vi você evoluir de menina, para a mulher da minha vida.
"É só o cansaço". Foi o pretexto que usei pra não falar sobre oque estava se passando no resto da minha vida. Falar não é remédio, e também não cura nada. Aliás, talvez ela nem quisesse saber os reais motivos da minha aparência cabisbaixa. Vai ver, ela perguntou só por educação, como todo mundo faz. Ou será que pela primeira vez, eu esteja errado e ela estava disposta a ajudar?! E em seguida uma voz baixa soa no meu pensamento "Não é verdade, ninguém nunca se importou. Por que agora?" E tem sido assim dia após dia, triste e sozinho.
E obrigado, sério mesmo. Por ter me ensinado a acreditar mais na vida. Por me mostrar que nem sempre as coisas serão como esperamos que sejam, e que nem por isso não significa que deram errado. E obrigado, principalmente por abrir meus olhos e me mostrar o que realmente importa pra minha felicidade. Você. Nós.
Saiba que nos momentos mais duros da vida, nas noites mais difíceis, foi em você que eu procurei abrigo. Você então me acolheu, me pôs nos braços, abraçou-me e pude sentir o doce e suave som da sua voz dizendo: “It’s okay, baby. It’s okay”. E realmente, estando ali nos seus braços, estava tudo okay.
Meu velho morreu ontem à noite, morreu por dentro. Ao chegar em casa, o vi trancar-se no banheiro. Chorou durante toda a noite, como um bebê um tanto velho, e clamou a Deus, para que também o levasse. Não entendi muito bem, assustado, bati 3 à 4 vezes na porta, gritando pelo seu nome. Mas ele parecia não surtir efeito. Passei todo o tempo sentado ao pé da porta ouvindo seus soluços, sem entender o que se passava no outro lado da porta. Ouvi todo o seu equilíbrio, firmeza, e tudo o que eu mais admirava escorrerem pelo ralo. Na manhã seguinte(como de costume), meu velho levantou cedo e saiu para trabalhar, olhou em minha direção, e parecia não me notar ali, sentado quase aos seus pés. —Seu rosto estava completamente pálido, como se a morte tivesse lhe feito alguma visita, nem chegava aos pés do Sr. Thompson tão admirado pela esposa e filho. Ele simplesmente me virou às costas e saiu pela porta da frente, como se nada tivesse acontecido. Entrei no banheiro e para minha surpresa, estavam lá, fotos minha e da mamãe, e um pequeno recorte de jornal no qual dizia: “Mãe e filho morrem após serem atropelados por caminhonete no km 23, da Br-060, às vítimas identificadas como Roose e Mark Thompson, de 37 e 14 anos, deixam um marido/pai desolado.” Tem sido assim todas às noites.
Mas não se pode expulsar o que sente. O ódio, a tristeza, tampouco a solidão. Quando eles sentem que o Amor está prestes a entrar, eles saem sozinhos. Abrem espaço para um sentimento oportuno, propício a situação. Puro, leve, agradável, e consequentemente, suportável.
Às quatro e vinte da manhã, ela acorda e me vê sentado na varanda.
— Amor, o que tá fazendo aí? Nem amanheceu ainda.
— Lembra que noite passada seu pai falou que o nascer do sol daqui é diferente de qualquer outro, mais cheio de vida, mais exuberante, e tudo mais? — Sim, eu lembro. Mas por quê isso agora?
— Então, só queria saber se ele estava falando sobre o tempo e não sobre você.
— Ah, seu bobo. - ela me disse
Ela então pegou-me pela mão, o brilho do nascer nos guiara até a cama, fizemos amor, dormimos abraçados, e mais uma vez ela acorda, naquele momento pude ter certeza, de que o “nascer do sol” era ela.
Mas isso não é errado é? Digo, trancar a porta, debruçar-me na cama e tentar pôr pra fora toda a dor, toda a angústia acumulada na vida me afogando em meio a lágrimas. Vomitando os choros engolidos durante o dia-a-dia. Estou fazendo certo não estou? Por favor, me diz que estou. Ou me mostra o jeito certo.
A vida tem lá dessas coisas. Em um belo dia você acorda, otimista, se olha no espelho e, está lá, um sorriso enorme estampada na tua cara. — Pela janela do quarto, presencia a magnitude da beleza de um pequeno beija-flor, atravessando o jardim, como um pequeno míssil alado, sem nada a temer. E pensa “Caramba, que mundo incrível, não posso desperdiçar mais um segundo da minha vida trancado nas minhas mágoas”, mas, como de costume, 10 minutos depois, acaba se deparando com uma pequena lembrança, uma pontinha de sentimento…detalhe bobo e, puft, como num passe de mágica se vê regredindo, recuando para o mundo real, e esquece do que prometera minutos antes. Então você deita e volta a dormi, por que nos seus sonhos a “vida” é mais simples, e suportável também, e sequer existe o lado B das coisas boas. E você agradece, por que mesmo por um instante, o menor que seja, você é uma pessoa feliz. Sonhar é a salvação dos inquietos.
Chegue bem perto e me diz o quanto eu te faço bem, e que não importa as circunstâncias, as dificuldades, o melhor lugar pra você sempre será aqui, ao meu lado, na minha (ou melhor), na nossa bagunça. Então vem e diz que eu sou tudo pra você, por que sem ti, meu bem, eu não sou nada.
E quando você encontrar alguém, e esse alguém também encontrar você. E o mundo inteiro parar, e a tal “música” tocar na rádio, e você der um suspiro, e você ver sua vida inteira nos olhos dessa pessoa, parabéns, é Ela. O Destino “encontrou” vocês."
Mas eu me apeguei tanto a você, que quando chegou a hora de você partir, eu não soube como te soltar, não conseguia largar da tua mão. Não estava preparado pra sentir tanta falta. Não estaria preparado nem em 10 anos. Mas é isso, você se foi, e eu? Bom, eu acabei ficando, ficando sem você.
Mas aí, no meio do choro eu pensei: "Caramba, o que eu tô fazendo aqui? Tem um mundo lindo lá fora, prontinho pra ser aproveitado, há pessoas que ainda não provaram do meu melhor, ainda há uma vida inteira pra ser escrita." Caramba, oque eu tô fazendo aqui?
Você quer alguém que te cuide, te escute e te entenda, alguém que te mime, que ligue e diga que sentiu falta da tua voz, que te dê confiança, alguém que em tempestades segure a tua mão até o fim. Digo, alguém que não te largue na primeira oportunidade.
— Você promete? Promete que se algum dia eu estiver prestes a dizer 'Sim' pra outro alguém no altar, você vai entrar e estragar tudo?
— Prometo!
— E fazer o maior escândalo da sua vida, dizendo que se eu aceitar, vou estar cometendo o pior erro da minha vida e, no fim fazer aquelas típicas declarações de amor?
— E não esquece do soco que seu noivo vai me dá.
Risos
— Você promete?
— Sim. Eu prometo!
Sabe aquela aula que você não gosta, aquela música que você parou de ouvir, o filme que cansou de assistir, e aquele livro que você mal começou a ler e deixou de lado por que não o achava interessante? Era eu.