Renato Vera
Quem ama mais ou menos? Não existe tal coisa a partir do momento em que a maior parte ou tudo é recíproco. As pessoas se gostam o necessário para estarem juntas.
Tão perto e tão longe,
Tão verde e tão bronze,
Deixamos de ver a conexão das coisas, a essência das pessoas e somos consumidos pela carência da aceitação.
A vida é uma auto escolha consciente, todavia não compreendida, que perdura desde o nascimento até a morte.
O que é a realidade? Sonhos? Momentos? Ou apenas ruídos que podemos interpretar e personificar como vivência?
Ao longo dos anos aprendemos a degustar melhor a nossa própria companhia. Refletimos sobre nossas escolhas, criamos objetivos a serem alcançados, e, tentamos oferecer algo melhor à essa realidade.
A cada dedilhar meu, teu sopro revela as mais doces notas. É como uma Nocture reproduzida por Chopin, discorrendo sobre o tempo e ato. Sorrio e me perco, em ti, tempo e ato.
Me afago na soltura dos teus sorrisos, me debruço em teus braços, com uma gostosa certeza de que são teus os meus abraços. Teu olhar me penetra... Fugaz, perdurável, duradouro. É como em uma sessão de hipnose, porém, dessa vez eu não prevejo o resultado. Basta eu parar e te olhar, assim o vejo materializado.
Membranas inalteradas de um sentimento desconhecido. Por mais que tentes cavar em busca de alento, se ainda assim guarida não encontrar, acabará por usufruir de ambíguo sofrimento.
Sou como um diamante, pronto para lidar com a luz e a escuridão. A minha força atrai a tudo e a todos, sou objeto agregador e modificador de realidades e percepções.
Estamos em constante movimento de mudança e crescimento, não paro, não deixo de viver ou aprender com os percalços da vida. Constante transformação se faz necessária para a sobrevivência em meio tanta adversidade.
Acesso de uma memória construída
Como descrever aquele momento? Estava calor, você foi se refrescar com uma mangueira de água encostada sobre a grama baixa, e eu, ali de longe vendo você, resolvi também me juntar!
Como a cena de um filme, você pegou a mangueira, abriu a agua de uma forma que ficasse pulverizada e começou a brincar, me molhando como se fossem duas crianças se divertindo sem preocupações. Nesse momento a água atingiu minha face, fazendo com que eu ficasse com os olhos fechados. Senti o momento, o riso, a brincadeira, a alegria e a refrescância.
Abro meus olhos lentamente, em meio pingos orvalhados, escuto seu doce sorriso, e, por fim, te vejo em minha frente. Sua alegria me toma e irradia, seu olhar me observando enquanto discretamente afrouxo meu sorriso junto ao teu.
Assim está feito e memorizado, um pequeno e rápido momento, que em minha mente pode perdurar por quanto tempo for mágico.