Renato Galvão
Liberte-se.
Sem correntes,
Sem elos,
Sem cordão
Que amarre o coração.
Sem direção,
Apenas caminhar.
Deixar o futuro
Escolher o lugar.
Esqueça o não
Pratique o sim,
Cancele compromissos,
Dê mais as mãos.
Deixe os beijos surgir,
Deixe a áurea se abrir,
Deixe a nuvem passar,
Deixe seu luar encontrar.
Faça como a um padre
Que se despe da batina
Mas nunca do hábito.
Faça da liberdade um hábito.
Ame com paixão,
Mas sem prender o coração.
Curta o prazer de um abraço,
Porém não o aprisione no teu espaço.
Esqueça o passado,
Abrace o presente
E para o futuro,
Caminhe contente.
Institua o perdão para curar feridas
Simplesmente ame, liberte-se,
abrace a vida.
Seja feliz enquanto o sol brilha.
Antes que se apague a luz do último dia.
A palavra é a maior herança de um homem.
Este pode perder tudo.
Caminhar na miséria.
Mas nunca, nunca deverá perder,
Jamais faltar com sua palavra
Viver...
Outros momentos,
Novas vidas,
Sem erros,
Sem despedidas.
Olhar sereno,
Cansaço e mãos,
Descanso e outono,
Estradas e canções.
Colo materno,
Aposentar o terno,
Silencio eterno,
Luz do universo.
Contemplar a chuva,
Pés no chão,
Cultivar e assistir,
Paz no coração.
Sem medos,
Sem rodeios,
Sem segredos,
Compartilhar desejos.
Caminhar,
Contemplar,
Doar. Ceder.
Simplesmente viver...
Renova-te
Remove as nuvens do ontem
Dos olhos do teu amanhã.
Faz a manhã de novos tempos
Clarear a noite do teu viver.
Abre os olhos do caminho
Para encontrar o horizonte perdido.
Sente no coração o tempo da distancia.
Águas passadas não trazem esperança.
Algo estar por vir,
Deixa seguir o rumo do rio.
Saiba acordar o desejo de sorrir,
Use o espelho para refletir.
Liberta-te da prisão do ontem,
Os sonhos voam como pássaros.
E assim, aproxima-te do horizonte
Trazendo a paz que ficou distante.
O destino se tornara parte e não o fim,
Purificado pelo ontem vivido em ti,
Fazendo-te livre como as flores de um jardim.
Protegendo-te como asas de um querubim.
Lembranças jogadas ao vento,
Aproveita os novos tempos,
Renova sentimentos,
Sinta-te dentro do ventre.
Enche o átrio com tempo
De grandes momentos.
Aconteça-te num dia de paz.
A paz que te apraz.
Livra-te das folhas mortas.
Escancara essas portas.
Faz chover na tua horta.
Se feliz! Cultiva o que importa!
Vida...
Nem de ouro, muito menos de prata.
Nem de madeira, nem de lata.
Nascido no lodo, gerando perolas.
Não sou pássaro, mas fiz revoadas.
Nunca desejei o mar, apenas o riacho.
Fui rosa e espinhos.
Bebi chuvas, afoguei orvalhos.
Chorei e aprendi enxugar lágrimas.
Errei caminhos.
Perdi atalhos.
Fui gato no telhado
E cão vira-lata no mato.
Já fui pedra.
Já fui sapato.
Já tropecei
No meio-fio errado.
Doei e não recebi.
Recebi e não doei.
Amei e não fui amado
Amado, não amei.
Vi o sol nascer.
E a noite chegar.
Vi estremecer o luar.
E o sol não esquentar.
Sonhei ser sinfonia,
Acabei canção.
Sonhei ser dia,
Achei a solidão.
Sem querer, na vida,
Encontrei a estrada.
Sem querer viver,
Trilhei esta jornada.
Hoje sou folha levada,
Sou onda na praia,
Sou poeira na estrada,
Sou o rio que deságua.
Terminar sem ouro,
Ignorando a prata,
Sentir-se realizar.
Cumprida a jornada...
Os Espinhos no Caminho das Rosas
Institua o perdão para curar feridas.
Simplesmente ame,
liberte-se,
abrace a vida.
Seja feliz enquanto o sol brilha.
Antes que se apague a luz do último dia.