Renato Almeida
Será possível hoje em dia viver em harmonia?
É... Com quem não repeita seus medos e alegrias?
Cada sorriso meu parece que só faz incomodar, pesando os pés e o fazendo trotar.
Deixando claro a insatisfação...
Me causa espanto, saber que tá esperando meu pranto,
Pra se sentir feliz em algum canto,
Do pensamento afetado.
Não sei o que pode se passar de fato nessa mente.
Enquanto isso eu me divirto,
E sinto a orelha arder,
E os olhos do dito cujo ferver,
Numa vermelhidão que não me assusta,
porque fuzilam querendo chorar.
Faz cara de indiferente, achando que eu tô crente que isso tudo é pra valer.
Me "dói" ver essa insistência em viver de aparência.
Mostrando uma deficiência em viver em comunhão.
Sempre tem algo pra apontar,
Um defeito pra arranjar.
E quando amanheço, no calor de cada manhã me lembro do bem que fiz em me afastar.
Hoje sei amarrar meus sapatos sem gritar mamãe. Não tenho mais janelinha no sorriso. Deixei de plantar feijão no algodão. Nem me preocupo com os monstros embaixo da cama, tão pouco insisto pra dormir de luz acesa. Larguei as canetinhas de colorir pra pegar caneta em punho e escrever minha história, de prantos e gargalhadas. Desse jeito mesmo, bem esdruxulo, com um mar de palavras que me oceaneam de sentimentos bons. Sinto falta da minha lancheira de elefante, mas continuo o mesmo falante, sonhador, carente e pequeno notável de sonhos e vontades gigantes.
DO AMOR QUE DESCONHEÇO.
Vou ver se adormeço,
Pra ver se esqueço
Essa loucura e apreço
Que sinto desde que te conheço.
Confesso ter sido travesso
E tentado a todo preço
Conhecer o seu coração.
Mas não sei se posso.
Aliás o meu à tempos lhe ofereço
E você não parece interessado.
Mas não me aborreço.
Tu me negas e assim eu te conheço.
Um novo você, um novo começo.
Hoje sigo mas ainda permaneço
Sentindo que só eu me mereço.
Mas sei muito bem e reconheço
Que todos esses versos são pra ver se te esqueço
Ou se mudo meu amor por você de endereço
Um olhar curioso, atento que desabrocha em sorriso só de pensar no quanto ainda tem pra desvendar. Dia lindo pra começar... Das coisas que fiz para o meu amor passar, aprendi a me amar.
A luta é contínua, não tem fulano que venha pra cá. Nem de carro, quem dirá a pedalar. Mas quem é daqui sabe o quanto precisa do extra do Natal, larga a família com os vizinhos e vai atrás de mais um real. Vai lá irmão garantir mais um dia com pão, ou que seja então uma onça a menos no bolso do patrão.
Não é tão difícil quanto parece, depois que eu entendi que tudo aquilo só me enlouquece, eu fechei os olhos para então em prece agradecer por todo o estresse que hoje me amadurece. Anoiteci corroído lembrando de algumas coisas que já vivi, coisas que inevitavelmente tinha que ser parte de mim. Doeu um pouco no corpo lembrar de certas histórias tanto é que o olho encheu, mas não transbordou, ficou ali inerte embaçando minha vista, minha vida. Tratei logo de limpar, pra ver um pouquinho da dor cessar. Parece que dá certo, por mais incerto que seja meu desejo de esquecer tudo que estruturou o meu novo jeito de agir. Sei lá só queria desabafar, não podia deixar de falar do quanto hoje foi intenso.
Eu to falando, volta, num saí não
Lembra o que eu disse, escuta meu coração.
Você teima demais continua errando,
Passa o dia bebendo e andando
Por aí como se não tivesse boca pra alimentar
Roupa e sabão pra comprar.
Fica aí na bebedeira esquentando a garganta
E eu aqui ouvindo nossos filho chorando atrás de janta.
Não aguento isso não, todo dia é a mesma situação
Você chega louco me mata com palavras fortes
Isso se não me ameaça de morte
Com o olho roxo e o coração destruído
Penso se você é mesmo meu marido
E imploro aos céus o dia
Em que tudo voltaria a ser como antes
Sem suas bebidas, seus desaforos e suas amantes.
Não sei se te deixo ou vou eu mesma embora
E sigo minha vida livre mundo á fora.
Mas a vida é traiçoeira e numa noite
Calma e faceira você sai e não volta mais
Me abandona mais uma vez, vira noticia no jornal
Como mais um freguês daquele bar.
Que agora na porta estão o IML e a Policia Militar.
Eu tô falando de muita gente alienada dizendo nada com nada. De desaforo absurdo de gente falando que nesse mundo não há preconceito. Justamente pra mim que por nada ouço a mesma ladainha de gente mesquinha, criado a leite com pera, que hoje fica de segunda a sexta-feira lutando contra o meu direito de andar na sua sem ser suspeito. Não é superioridade é só a garantia de que a "autoridade" me respeite como tal, não adianta dizer que todo mundo é igual. Afinal os pretos tão mudando o país, mostrando a que veio e o quanto nessa luta é feliz. Dá me licença que eu estou passando com um arrastão, de gente preta que luta pelo fim dessa porrada de opressão. Tá me ouvindo bem?
Acabei de chegar daquele lugar onde o atabaque não para de tocar, o corpo vibra/treme e clama ao amor pelos Orixás. A cabeça confusa acostumada a pensar hoje desacelerou pra assistir o bailado das Yabas. A chama da Rainha dos raios tomou meus olhos, senti o ombro estremecer e a cabeça relaxar, mas ainda não foi a hora de conhecer o lado de lá onde deuses e humanos dançam e saúdam as vidas de povos cheios de luta e história linda pra contar. EPAHEEEEY Oyá
Eu quero ver o passado pegar fogo, e das cinzas fazer meu tapete. Caminhar segura em cima do resto de tudo que já lutei, e em direção ao horizonte de mil novas possibilidades de ser quem não fui. Sou o medo e coragem, saudade e orgulho e de hoje em diante pretendo ser presente e futuro.
Se estiver cansado, se a felicidade bater, se você engordar rsrs, se você acordar descabelado, se alguém deixar de te amar... Ame-se, se...
Numa busca incessante e cansativa por mil e um motivos pra não desistir de alguns amigos me debrucei sobre as mesmas palavras que disse a três anos. Na verdade parece um círculo, uma loucura que persiste e continua atrelada aos mesmos motivos, as mesmas loucuras, as mesma ataduras. Tento enfeitar meus galhos com todo amor que me cerca, mas as vezes percebo que os enfeites são passageiros, situações me embriagam de chateação, me forçando a entender que ao invés de cansar procurando enfeites devo me ocupar cuidando de minhas raízes. Afinal não existirão enfeites mais bonitos do que meus próprios frutos.
Quando paro pra observar, nem todos falam, sentem tão menos pensam na verdade. Estão tão atrelados a sua verdade, que é absoluta, tirana. Quem me dera um dia ter tanta audácia e astúcia pra trazer a mim tanta determinação e bravura pra acusar qualquer um com o olhar ou até mesmo fuxicar coisas sem nexo porque me convém. Tenho assistido ouvido um povo que não presta atenção na própria verdade, mas sabe impor e julgar a verdade de tudo quanto é gente ao redor!!
Esse meu coração teimoso acelera quando lembro de quem não devia, lembro do que nem se quer vale a pena. Chego a pensar que devia tratar as coisas como algo solúvel e não perecível, como se eu pudesse dissolver somente quando eu quisesse, não pra ter liberdade mas sei lá, as coisas ultimamente tem me feito pensar que nenhuma dor é necessária se não for pra ensinar... A liberdade que eu quero é a de escolher fazer o que me faz feliz.
Pode entrar viu, seja bem-vinda a minha rotina
Aqui é assim, todo dia fazendo faxina
Lava um prato aqui, varre um pouco lá
O ruim é a patroa que quer me alugar.
Imagine só que agora surgiu um papo de além de empregada eu vou ser babá.
E eu aqui doida querendo saber com quem minhas crianças vão ficar. Mais aí ela disse que aumenta mais uns trocado
O problema mesmo é o marido dela, aquele folgado.
Larga tudo jogado pelo apartamento
Esse moço é estranho.
Outro dia chegou aqui transtornado dizendo que tava cansado.
Pediu uma cerveja e uma massagem
VÊ SE EU POSSO, SEU MOÇO.
Te orienta que a minha alforria já foi assinada
Vem pra cá não com essas maluquices coisa mandada.
Assina logo meu cheque que eu tô atrasada já é quase três horas e até chegar na agencia a porta já tá fechada.
Amanha eu volto, as sete já tô no batente é dia da dona canguinha
Eita Mulher exigente! Aquela lá é mão de vaca mas o coração é de gente.
Pode entrar viu, seja bem-vinda a minha rotina.
Pessoas ausentes, estranhas, vazias. Distraídas com o umbigo de fora alheio enquanto atravessam a rua ou até mesmo quando esperam a porta do ônibus abrir só pra acelerar a chegada em casa... "..Com licença vai descer no próximo? " Eu diria o mesmo.
Era segunda - feira e ela fazia bico enquanto mexia a cadeira, ao atravessar a rua. Mexia tanto que parecia cobra a rastejar, era um rebolado que não deixava a desejar. No seu olhar algo que dizia "Como eu amo o fim do dia." Me deixou mesmo intrigado aquele rebolado e a cabeça que mexia para todos os lados. Ah sim agora tá explicado não era qualquer rebolado era de uma negra mulher que confiada andava sem olhar pro lado. Ao terminar sua travessia percebi que a mulher sorria como quem dizia "Como eu amo o fim do dia."
Bora ali desentupi o esgoto perto da casa da vózinha. Sem ganhar nada, nem uma moedinha. Corre anda logo ela tá sozinha, se não vai alagar toda a cozinha. Trás rodo, vassoura, pá e luvinha, que o esgoto entupiu com uma lata de sardinha. Pega, segura, anda que a chuva tá forte e se tivermos sorte ninguém vai perder o chinelo nem a ficar esperando o suporte da prefeitura que na nossa luz deu corte. Mas depois eu te levo pra conhecer a vózinha, ela é pequinininha... Velhinha tadinha. Corre gente que a chuva vai encher a casa da vózinha.
Sem massagem, dó, nem piedade a água leva embora tudo. Sua mesa, seu amor até a sua vontade. Vontade de permanecer em pé, empurrando a água pra fora, lutando contra a vilã que mata afogada de madrugada as esperanças de quem não tem mais nada. O céu azul engana e traz um conforto parecendo que não existe mais aquele muro torto pertinho de desabar, e levar embora o que já não se tem, mas deixa a preocupação de se amanhã esse pesadelo vai acabar.
De braços abertos a espera do vento, esperando ele chegar pra abraçar meu corpo e levar embora o calor em que me encontro. Aos pouquinhos, bem devagarinho vou aprendendo a manusear essa brisa leve que me toca sorrateiramente. A decisão de fazer diferente aconteceu simplesmente porque o sistema nervoso acelerou de um forma diferente. Aqueceu o corpo e a mente assim de repente. Ouvi dizer que é raiva mas imagina só minha gente se eu perderia meu tempo me bagunçando totalmente por conta de um estressezinho bobo. Fiz o que deveria, liguei o ventilador uma vez que o vento não entrava na sala, dançava do lado de fora e ora ou outra na janela batia. Me refresquei enquanto pensava em lavar os pratos da pia uma vez que o calor não cessava e nem o vento abaixava o calor que eu sentia. Num momento eu me senti num deserto, acabou água e não tinha ninguém por perto. Foi aí que aproveitei, coloquei uma música e relaxei. Num grau tão intenso que hoje de manhã quando acordei me perguntei. Ué, onde esta o meu estresse? Onde foi que deixei?
Gostar de alguém tem peso um pouco indiferente se for comparado com o quanto é frequente o meu hábito de misturar tudo na minha mente. Minimamente garanto não sofrer com desilusões só não sou capaz de garantir deixar de amar, mesmo que isso machuque e gradualmente esteja a me matar. Fecho os olhos e me vejo lá no lugar onde quero estar, do seu lado, no nosso lar. E quando acordo quero te perguntar se você gostaria de estar comigo lá. O desafio é pra quem perguntar. O coração congelado nem insiste nessa ação. Grita, bate mais forte e machuca as veias entupidas desse sentimento, tudo em vão. Sinto o coração se transformar em concreto porque quando me abraça eu fico quieto. Querendo sair do seus braços e correr só pra não ter que passar mais uma vez pelo amor e não deixa-lo permanecer. Pra não acontecer de amanhã eu acordar com a sensação de vazio sem nem saber porque.
Por gentileza meia dúzia de bom senso, duas doses de sinceridade e um kilo de sensibilidade pra quem tiver vontade de gastar solidão ao meu lado. Naquele banquinho largado. Não tem muitas exigências, só irei pedir paciência pra não fazer confusão. Afinal nessa onda de gastar solidão é o meu coração que fica a mercê de machucar de novo em vão.
Foi estranho não me encontrar lá.
Como se até o respirar estivesse diferente.
Reparei nos olhos, na reação ao que trazia em mente.
E menti.
Dizendo que sabia quem estava vendo,
E sabia o que estava fazendo.
Era uma dor insuportável a de estar sob o mesmo convívio.
Só que agora é pior por ter que disfarçar.
Sim. Minha não vontade de aqui ficar.
Na mesma solidão inerte.
E sempre procurando algo que diverte.
Pois uma hora vai que eu concerte o anel de vidro que tu NÃO me deste.
Além do mais sei que o amor que tu me tinhas acabou.
Não porque era pouco mas por não sabermos amar.
Por isso essa mudança.
Deixei ela tomar meu lugar.
Mudar o pensamento e o jeito de andar.
Ela sabe o que faz.
Quando olhei no espelho ela parecia mais capaz.
Deixei.
Mas passou, que nem aquele papo de amor que acabou.
Assim ela fez, sumiu.
Mas vez ou outra aparece no pensamento,
Controlando o lamento e falando mal do amor.
Foi estranho porque ela falava no ouvido e eu tentava não escutar
Desde que aprendi que o tempo é marcado em horas, dias, meses e.... Me esqueci de esquecer o tempo. O estranho senhor chato que não quer nada com nada. O tempo não passa de um patrão padronizador de vontades. Organizador de loucuras, que nos prende em pequenos espaços de tempo destinados a cada coisa. E o pior é que este ladrão nos roubou a noite e a destinou para dormir ao invés de contemplar a beleza do rubro céu vez em quando estrelado, coberto de nuvens ou limpo exibindo a Lua nas suas diversas fases. A cada momento se torna mais legítimo meu amor pela luz da noite, seja a alva da lua ou a dourada dos postes, sempre acompanhadas pela brisa leve característica da noite. Eu não quero uma boa noite de sono eu quero uma ótima noite bem aproveitada sob o luar incandescente e o senhor tempo que não venha me incomodar contando os minutos que tenho pra descansar!