Renata Trentin
Como descrever em palavras todas as confusões da minha cabeça e toda a agitação do meu coração?
Como ler meu próprio texto, escrito a uns seis anos e pouco e compreender que toda a loucura que eu achava que habitava em mim e machucava minha alma, não era nada comparado ao que estava por vir.
A vida é uma porrada diária.
Que porra é essa? Eu só tenho uns setenta e poucos anos pra descobrir o que eu gosto de fazer? Pra entender pra que eu vim parar nesse mundo? Pra me auto ensinar todos os dias a sentir alegria em cada coisa pequena do dia a dia, mas olhar pro lado e sempre achar que o outro é mais feliz que eu. E me comparar, me diminuir, medir a minha vida com a régua da vida do outro e achar que tá tudo errado, estou perdendo tempo!
E nisso se passou um dia, oi final de semana! Mas pisquei e já é segunda-feira de novo. Ops, acabou o mês? Mas já estamos no meio do ano! Feliz natal, próspero ano novo... E se foi 2, 3, 10 anos...
E quando foi o dia em que eu aproveitei genuinamente a minha própria companhia? Onde eu me admirei e cuidei da minha alma machucada? Onde eu apenas parei pra observar o dia e RESPIRAR de verdade? Quantas risadas verdadeiras eu dei? Eu fiquei realmente tranquila, apenas amando existir?
Esse texto não tem uma mensagem motivacional. Essa pelo menos não era a intenção.
Até quando vou normalizar uma rotina exaustiva e uma vida com paleta de cor tons pastéis? Até quando a interpretação de uma foto que aparece na minha tela por 15 segundos, ou menos, vai ditar a minha relação com a minha própria vida? Vida essa que é só uma, é literalmente a única carta que tenho na mesa.
É um absurdo que eu tenha somente uns oitenta anos de vida e seja tão difícil estar plenamente feliz sem deixar todas as coisas do mundo influenciarem na minha cabeça fraca e traumatizada.
Isso é a porra de um absurdo.