Rayanne Bachi

Encontrados 4 pensamentos de Rayanne Bachi

Sou como as árvores que esperam por um ano pela companhia das flores. Elas sempre esperam. Sabem que por mais longo seja o tempo, as flores voltarão a colorir tudo que por muito tempo fora cinza.
E essa doce primavera que insiste em partir e deixar secar toda seu esforço em tornar belo o que nos cerca.

Entreguei-lhe meu coração, despedaçado, a fim de reconstruir o que se foi rompido até então por quem não soube conduzir um verdadeiro amor. Fiz o possível para unir o medo de desaprender a amar ao laço que envolvia meu peito, temendo a solidão. Não a solidão causada pela falta de um corpo, porém a de esquecer-me do fruto do que me causara cortes profundos, de seu significado em meio a tanta turbulência.
Tudo torna-se tão claro e sombrio quando a saudade surge, fazendo-me lembrar do que era para ser esquecido.
O amor é contraditório, surreal. Não limita a intensidade. Não cria opções. Impõe-se apenas a seu favor, quão independente seja seu condutor. Incalculável. Incontrolável. Traiçoeiro. Cria oportunidades, nos abraça, nos droga, nos vicia, nos mata. Antes fosse a morte indolente, rápida, súbita. Não a que sangra vagarosamente, sucumbindo às das fendas da alma, às feridas da saudade, à dor da ilusão.

E quanto à vida que nos sobrecarrega, de nada vale sem a dor. Não conheceríamos o paraíso. Desconheceríamos o amor.

Escrevo a lápis, porque talvez um dia possa escolher a procedência dessas palavras. Podem ser como pequenos arranhões, que em pouco tempo são remediados, ou como cortes profundos, provocando a dor que não se cura e a cicatriz que não se apaga.

Não há o que temer, as marcas estão impressas, escondidas atrás de cada palavra, implorando liberdade.
Não há o que temer, porque pior que ouvir o desespero é calar a esperança.
Não há o que temer.

E o que me sufocava, de fato, não era a falta de palavras, era a falta de ouvidos.

Olhar profundamente em seus olhos e imaginar uma vida eterna.
Perceber que pensamentos foram corroídos, o corpo mumificado, a alma persuadida de que essa é a única razão para se viver.
Olhar para trás e indagar o motivo de minha existência até então.
Não só ter grandes dias de uma vida, mas tê-lo como uma vida tornando meus dias grandes.
Amor que transborda o peito, escraviza o corpo, devasta a alma, devora a vida, como uma doença incurável. Mas a doença faz querer viver, reintegra. O amor não, me faz morrer aos poucos...