Ray Kimura
Os dias parecem não ter fim, a tristeza toma conta do pouco de felicidade que me restou. Sinto-me prisioneira do que na verdade deveria ser meu impulso para alcançar a liberdade. Pra que viver quando só te é permitido existir? Como seguir em frente, quando amarram bolas de ferro à seus tornozelos?
Sinto que a cada dia me levanto para viver os sonhos de outro alguém enquanto os meus aguardam, trancados dentro do peito, por uma oportunidade de serem livres para se realizar.
Que vida é essa onde não se tem o seu próprio espaço, e até seus pensamentos são proibidos de se manterem apenas dentro da sua cabeça? Como alguém pode se encontrar sendo obrigado a assumir outra identidade? Eu quero ser eu mesma, mas não me é permitido; quero ter meus sonhos, mas me impõem os sonhos de outra pessoa e me forçam a acreditar que são meus, ou que são o melhor para minha vida.
Como ser feliz sem poder viver de verdade? As pessoas falam sobre pensar no quanto outras pessoas estão sofrendo de verdade, com fome e sede, dores e doenças, porém, eu ainda consigo olhá-las e ver que estão vivendo, sonhando e buscando um sentido em suas vidas, eu por outro lado, estou em perfeita condição física, porém, acorrentada à minha matriz e impedida de viver por mim mesma, sendo obrigada a viver os sonhos frustrados de outro.
Me pergunto todos os dias, quando chegará a minha vez de aprender a viver por mim e me sentir feliz por estar em busca dos meus sonhos e quando penso sobre isso me vem um aperto no coração, uma dor que muitas vezes emudece minha alma, pois eu sei que no dia em que receber a liberdade que almejo, eu serei o maior motivo de decepção. Que vida é essa? Eu me pergunto todos os dias, que ao invés de se orgulhar pela sua independência e maturidade, sofre e se ira por pensar na possibilidade de você crescer.
Pra que existir assim?