Ray Alves
Estava em uma festa, vi aquela garota soltando gargalhadas, contando piadas, dançando que nem uma louca. Achei radiante, não por esses fatos, mas porque eu já a tinha visto de outras maneiras. Aquela mesma garota sempre ficava sozinha na escola, amava ficar na biblioteca lendo romances clichês. Um dia à vi sentada na porta do ônibus sozinha, ela tremia de cabeça baixa, andei por perto e ouvi seus soluços, ela chorava alto, descontroladamente, ela não notou minha presença, me deu um nó na garganta de ver ela naquela situação. Ela tinha colocado seu casaco só na frente, para tampar apenas seus braços, em algum momento ele escorregou, olhei seu braço direito e tinha uma profunda cicatriz, em seu braço esquerdo pequenas linhas e em por cima delas tinha arranhões recentes. Justo no dia seguinte em um evento ela estava com um shorts bem curto e no modo que ela se sentou subiu um pouco, e vi uma cicatriz, ela olhou pra mim e seguiu meu olhar, e abaixou o short, ficou vermelha e não olhou mais para mim naquela noite. Depois de ter visto ela de várias maneiras quis descobrir os motivos, tentei puxar assunto com ela, porém ela era bem fria, então decidi parar de conversar com ela. Talvez ela tenha motivos para ser tão fria. Eu achava ela uma linda garota com olhos cor de mel penetrantes, sorriso tímido, e acima de tudo uma guerreira. Mesmo sendo daquele jeito, ela dava o seu melhor para não transparecer, ela fazia de tudo para ver os outros bem. Eu realmente admirava aquela garota. Porém hoje não posso mais fazer isso, ela cansou disso tudo, talvez se eu não tivesse desistido ela não teria ido embora para sempre. Talvez eu tenha sido um fracassado por não ajudar, por desistir fácil de alguém incrível como ela.