Raul Brandão
Raul Brandão nasceu na Foz do Douro, Porto, Portugal, no dia 12 de março de 1867. Iniciou seus estudos no Porto. Em 1885 colaborou com a revista escolar “O Andaluz”. Ingressou na Academia Politécnica do Porto. Em 1888 entrou para a Escola do Exército, em Lisboa.
Em 1890 estreou como escritor com as coletâneas de contos naturalistas de renovação literária “Impressões e Paisagens”. Através da trilogia “A Farsa” (1903), “Os Pobres” (1906) e “Húmus” (1907), o autor espelha o estado caótico em que vive o homem daquela época. Num estilo que oscila entre o romance e o poema em prosa, reveste sua obra de angústias e decepções.
Em 1912, reformado ao posto de Major, põe fim a sua carreira militar, passando a se dedicar mais à literatura. Começa a interessar-se pela história de Portugal. Escreve “El rei Junot” (1912) e “A Conspiração de Gomes Freire” (1914).
Na última fase de sua carreira, o autor encontre o equilíbrio interior através da religião. Alimenta-se de valores cristãos e adquire aceitação para enfrentar os problemas existenciais. Nessa época escreve “Pescadores” (1924) e “As Ilhas Desconhecidas” (1926). Mais poeta que romancista, suas obras estão inclinadas para o Simbolismo, graças à expressividade da linguagem, cheia de imagens, símbolos e metáforas.
Na arte de narrar, Raul Brandão é o autor que melhor sabe reproduzir a realidade interior, sendo considerado o mais importante prosador do Simbolismo Português. Faleceu em Lisboa, Portugal, no dia 5 de dezembro de 1930.
Acervo: 15 frases e pensamentos de Raul Brandão.
Frases e Pensamentos de Raul Brandão
O respeito pelos pais só resiste enquanto os pais respeitem o interesse dos filhos.
A alma, ao contrário do que tu supões, a alma é exterior: envolve e impregna o corpo como um fluido envolve a matéria. Em certos homens a alma chega a ser visível, a atmosfera que os rodeia tomar cor. Há seres cuja alma é uma contínua exalação: arrastam-na como um cometa ao oiro esparralhado da cauda - imensa, dorida, frenética. Há-os cuja alma é de uma sensibilidade extrema: sentem em si todo o universo. Daí também simpatias e antipatias súbitas quando duas almas se tocam, mesmo antes da matéria comunicar. O amor não é senão a impregnação desses fluidos, formando uma só alma, como o ódio é a repulsão dessa névoa sensível. Assim é que o homem faz parte da estrela e a estrela de Deus.
Existe uma certa grandeza em repetir todos os dias a mesma coisa. O homem só vive de detalhes e as manias têm uma força enorme: são elas que nos sustentam.
Nenhum de nós sabe o que existe e o que não existe. Vivemos de palavras. Vamos até à cova com palavras. Submetem-nos, subjugam-nos. Pesam toneladas, têm a espessura de montanhas. São as palavras que nos contêm, são as palavras que nos conduzem. Mas há momentos em que cada um redobra de proporções, há momentos em que a vida se me afigura iluminada por outra claridade. Há momentos em que cada um grita: - Eu não vivi! eu não vivi! eu não vivi! - Há momentos em que deparamos com outra figura maior, que nos mete medo. A vida é só isto?
Reduzimos a vida a esta insignificância... Construímos ao lado outra vida falsa, que acabou por nos dominar. Toda a gente fala do céu, mas quantos passaram no mundo sem ter olhado o céu na sua profunda, temerosa realidade? O nome basta-nos para lidar com ele..