Biografia de Raul Bopp

Raul Bopp

Raul Bopp (1898-1984) foi um poeta do Modernismo, notabilizou-se com a obra Cobra Norato, um retrato das paisagens amazônicas.

Raul Bopp nasceu em Santa Maria, Rio Grande do Sul, no dia 4 de agosto de 1898. Filho de imigrantes alemães com um ano mudou-se para a cidade de Tupanciretã. Em 1914, com 16 anos, iniciou uma série de viagens pelo Brasil que serviram de inspiração para suas futuras obras. Exerceu as mais diversas profissões, desde caixeiro até pintor de paredes.

Em 1917, de volta a Tupanciretã inicia sua vida literária com a fundação dos semanários “O Lutador” e “Mignon”, onde publicava seus poemas. Concluiu o curso ginasial e ingressou na faculdade de Direito de Porto Alegre, bacharelando-se em 1922. Percorre longamente a Amazônia. Em 1926 foi para São Paulo onde entrou em contato com o grupo de modernistas, ligando-se a todos os movimentos “primitivistas”.

Em 1928 uniu-se a Oswaldo de Andrade e Tarsila do Amaral, integrando o Movimento Antropofágico. Das viagens à Amazônia extrai da natureza dessa região os motivos para a elaboração da obra “Cobra Norato” (1931), uma das melhores obras arquitetadas para atender ao movimento. Transfigurando uma lenda amazônica, o poeta realizou uma experiência de poesia paralelamente narrativa e lírica. Nela o mitológico se confunde com a realidade natural e a linguagem é permeada tanto por temas locais quanto por inovações vanguardistas.

Em 1932, Raul Bopp iniciou a carreira diplomática. Viveu em Los Angeles, Suíça, Rio de Janeiro e Brasília. Escreveu ainda: “Urucungo” (1933), “Poesias” (1947), “Os Movimentos Modernistas” (1968) entre outros. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 2 de junho de 1989.

Acervo: 4 frases e pensamentos de Raul Bopp.

Frases e Pensamentos de Raul Bopp

Um dia
ainda eu hei de morar nas terras do Sem-Fim.
Vou andando, caminhando, caminhando;
me misturo rio ventre do mato, mordendo raízes.
Depois
faço puçanga de flor de tajá de lagoa
e mando chamar a Cobra Norato.
— Quero contar-te uma história:
Vamos passear naquelas ilhas decotadas?
Faz de conta que há luar.
A noite chega mansinho.
Estrelas conversam em voz baixa.
O mato já se vestiu.
Brinco então de amarrar uma fita no pescoço
e estrangulo a cobra.
Agora, sim,
me enfio nessa pele de seda elástica
e saio a correr mundo:

Vou visitar a rainha Luzia.
Quero me casar com sua filha.
— Então você tem que apagar os olhos primeiro.
O sono desceu devagar pelas pálpebras pesadas.
Um chão de lama rouba a força dos meus passos.

Você estava vendo este risco fundo
Que atravessa a sua mão de baixo para cima?
Pois é a linha do coração
Você ainda há de ser muito feliz menino!
Esta linha é a marcha da Coluna Prestes

Inserida por cauim

Quero porque te quero
Nas formas do bem-querer.
Querzinho de ficar junto
que é bom de fazer doer.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Inserida por pensador

Tapuia

As florestas ergueram braços peludos para esconder-te
A tua carne triste se desabotoa nos seios
recém-chegados do fundo das selvas.
Pararam no teu olhar as noites do Amazonas
mornas e imensas
E no teu corpo longo.
ficou dormindo a sombra das cinco estrelas do Cruzeiro.
O mato acorda no teu sangue
sonhos de tribos desaparecidas
- filha de raças anônimas
que se misturam em grandes adultérios!
E erras sem rumo assim pelas beiras do rio
que os teus antepassados te deixaram de herança
O vento desarruma os teus cabelos soltos
e modela o vestido na intimidade do teu corpo exato.
À noite o rio te chama.
Chamam-te vozes do fundo do mato.
Então entregas à água
demoradamente
como uma flor selvagem
ante a curiosidade das estrelas.

Inserida por pensador