Ramón Peres
Quando dividimos o amor, sentimos um prazer extraordinário. A partir desse momento é que começamos a mudar nossos hábitos egoístas.
A felicidade é uma semente, que só o sentimento de dever cumprido, consegue plantar em nossos corações
MARIA
Passo a noite angustiado,
Impaciente para raiar o dia.
Perambulo por todo lado,
Tentando encontrar Maria.
Penso ouvir sua voz no alvor do dia.
Entorpecido, ponho-me a despertar,
Os sussurros parecem aumentar,
Abro os olhos e não vejo Maria.
Disfarço com muito jeito,
A hora chegada é triste e tardia,
Coração destroçado no peito,
Olho por todo lado e não vejo Maria.
A passos lentos e futuro incerto,
O fim da jornada não tardaria,
Olhos marejados, sorriso aberto,
Na curva da estrada acena Maria.
A VIDA
De repente vi rolar uma gota de orvalho.
A flor sorriu, abriu, logo pesou o galho.
A manhã se foi, o sol castigou sem piedade
E a linda flor murchou, quanta crueldade!
A tarde se foi quando a noite chegou.
Com a devassidão, até ela chorou,
Ao perceber a frágil flor desabrochada.
Tinha pétalas no chão, toda despedaçada.
Sua mocidade se foi, cedendo lugar ao medo.
Sua vida passou veloz, num estalar de dedos.
O galho ficou solitário, triste realidade,
Um vazio aumentando, encurtada a mocidade.
Mais tarde o decrépito galho, num completo desalento,
Desfalece depressa sob um céu tão cinzento.
Desesperada, a natureza chora descontente,
Um broto avermelhado sorri, a vida inicia novamente.