Raíssa Souza
Em um canto.
No mesmo paradigma, paradoxo, na mesma merda de um paralelepípedo!
Como uma parede velha a ser demolida.
Feito um feixe de luz na mesma merda de parede.
Um paradoxo fixo, nada transita
Um nada!
Livre da insanidade, jamais queiras estar
Sem ti
Em um canto.
Os olhos, ah! Os olhos
Aqueles negros e profundos olhos
Que inundam minha alma
De ideias que se colidem
Aqueles com brilho indiferente
Que se diferem na atmosfera.
Os olhos...aqueles tristes e caídos
Sem nenhuma esperança em seu ser
E o que é este ser?
Os olhos como campos minados
Como estacas de madeira
Os mesmos olhos negros, os olhos em que não há mais vida.
Os tristes e escravizados
Olhos de dor e melancolia.
Sangram, choram, exprimem a perda do seu ser.
E o que é este ser?
A colisão ideológica
Destrói a melanina ocular
Corrói todo o verniz do ser...
E o que é este ser?
Nada mais, do que SER!
Minha alma toda estriada
É a atrofiação da mente
É a ruptura da rutilância dos meus devaneios
Assim como meu corpo em uma expressão artística, não se pode ignorá-la.
São marcas de evolução
São memórias associativas
São tudo o que com olhares rasos não podemos ver, é poesia!
A real é que vivemos de achismos e do achismo...
É comum acreditarmos que amanhã será tarde demais e negligenciar o tempo
É comum acreditar em variáveis e focar na incógnita
É comum ver e não enxergar
É comum omitir e mentir dizendo ser por amor
É comum sermos insignificantes sendo os únicos responsáveis por tal motivo
É comum sermos os errados mesmo estando corretos
É comum fazer o melhor e ser ainda sim o pior
É comum todas as vivências e todos os dizeres
E o que não é comum se não os pesares?
Relutância
Os demônios matinais
Os demônios causais
Os demônios umbilicais.
Demônios.
Meu inferno e salvação.
Meu céu, minha redenção.
Escapa-se um ruído de dor
Um grito agonizante.
Nua é a lágrima do instante.
Minh'alma sangrenta
Se és possível o impossível.
O encara, escancara e o enfrenta!
O diabo sorri a mim todas as noites...
Encolhido, escondido nos açoites.
Anjos?
Os anjos matinais
Os anjos causais
Os anjos umbilicais.
Meu paraíso, meu tormento.
Minha luz ofuscada.
Libera-se um fluído de pudor
Por toda dor inexistente
Pela insignificância do viver.
Minh'alma gestante
De toda massa negra Universal
Embrionária do caos cervical.
Deus e o Diabo concedente.
Demônios angelicais?
Se é vivaz.
Anjos demoníacos?
Se é hipocondríaco.
Toda essa relutância do Ser.
Em se ser.
Reluz a incredulidade demoníaca.
A sobriedade que me fazeis transmutar
Partindo de mais um suave gole de um bom e velho vinho.
Se és divino, então me vingo pela verdade despida de amargura
Mentira inevitável e inerente
Nas escritas velhas os fúnebres ditos do pergaminho.
Transmuto minha aura
Renascentista de 666
besta comunal inocente.
A cura mantral e subjugal ramifica-se além do espírito.
Assim como o álcool que circula em meu corpo.
E este esqueleto de um verme só, só de um, um só.
Transforma-se em divino esplendor sóbrio e só, um só.
O amor, o meu amor é aquele amor platônico sabe? Aquele que não tem limites, aquele que quebra todas as barreiras, desfaz todos os medos, aquele que insiste, aquele que luta.
O meu amor é abrigo, é colo de mãe - É o consolo, é a falta dele... É a energia mais forte que habita em mim, é o colapso mental. É o abraço quente e aconchegante e é também a dor, o medo...
O meu amor fere, ele machuca. O meu amor cura, ele conserta, ele refaz. Ah! E a falta dele é a falta de aptidão existencial, é a dúvida, é um "contentamento descontente".
O meu amor é algo que não cabe dentro do meu peito! É aquele que grita, que nos chama, aquele que queima, que arde... Como o sol das três da tarde, como aquele café feito pela manhã... É como a chama daquela paixão, é o encontro de almas.
Quero o meu amor ao mundo oferecer, quero doar-me para a vida, para a eterna paixão, para a eterna luta, quero me fazer guerreira, quero que com todas as minhas vozes possa exclamar, simplesmente o meu amor!