Raimundo Silva
Em alguns dias iremos nos despedir de alguém muito especial para todos nós, e apesar do pouco tempo que a conheço, é como se fosse uma vida inteira. Isso é apenas uma prova de que entre todos os seus vários dons, a capacidade de conquistar a admiração das pessoas será sempre um destaque. Mas como já dizia a escritora Jane Austen: "Sete anos seriam insuficientes para algumas pessoas se conhecerem, e sete dias são mais que suficientes para outras."
Dizer adeus a alguém cuja presença é importante é sempre algo tão difícil, que não dá pra imaginar um sorriso sincero em momentos como esse.
Estou sendo motivado por uma tristeza irrepreensível, acho que seria bem mais fácil escrever notas de aniversário [risos]. Mas sei que nas entrelinhas deste texto também há lugar pra alegria; alegria por todos os motivos que me fizeram escrevê-lo; alegria por te ver seguindo em frente; alegria por saber que independente do lugar ou da distância, não estará sozinha; alegria pela certeza de que o mundo jamais mudará quem você é, sei que estará cercada de novos amigos, de pessoas sinceras que terão uma única opção: Amar você assim como nós amamos.
Leve consigo a certeza que, nos corações aflitos pela sua partida, ficará também preservado um lugar especial que sempre pertenceu a ti e sempre pertencerá.
Chegará o dia que alguém se perderá nesse teu sorriso idiota. Esse alguém irá depender do som da sua voz como olhos cansados dependem de óculos. Alguém que desejará o seu bom dia antes de levantar, pois a ausência dele será como um mau presságio. Esse mesmo alguém colocará os teus problemas, as tuas dores em primeiro plano, e te abraçará com força apenas para fazer você entender que não estará sozinha. Esse alguém até sentirá raiva de você um dia, mas no outro dia não entenderá o porquê. Alguém que fará você vencer o medo da dor e da morte, e fará você entender que não há um fim, mas um novo começo para cada dia. Alguém que aceitará suas falhas e será condescendente as suas loucuras, pois aquilo que o prende a você o obrigará a aceitar tudo isso.
Um belo dia haverá uma conexão de olhares como se fosse a primeira vez, você não entenderá — ninguém entende, nem lembrará como aconteceu — ninguém lembra, mas naquele mesmo dia aceitarás que aquele alguém sempre te pertenceu. Após isso não haverá culpa, não haverá mágoa que te prenda ao passado, apenas um novo dia — o melhor dia para recomeçar.
Ah o amor...
Ele é paciente, mas também é espontâneo; é nobre, mas não é complacente; ele nasce, ele brota, ele cresce; não se cria, não se constrói, não se força. É bonito falar — ele é gentil, mas também é aceitável dizer — ele é imprevisível; nasce nos lugares mais improváveis, surge em momentos inesperados. Nos comove, nos entristece, mas também é o que nos move; não é egoísta, tudo suporta, é sofredor, é sincero, é cortês, é inspirador. Única religião do criador.
A saudade nos prende a uma felicidade tão distante, mas que se fez tão necessária que somos incapazes de encontrar outra razão pra sorrir!