Raimundo Carneiro Corrêa
Eu trago o caminho
na planta do pé,
marcando a cadência
em rastros de fé,
na dança da vida
na terra a deixar
a faixa vermelha
de um duro trilhar.
Eu trago o caminho
da agreste visão
das farpas de arame
cercando o meu chão,
do lado direito,
do esquerdo também
em margens de trilha
que deixo ao que vem
batendo a vereda,
meu canto a seguir,
deixando as pegadas
a um outro que vir...
Do olhar de horizonte
bem longe a azular,
buscando uma estrela
que viu cintilar
distante, impossível
de alcance da mão.
Por isso ela é rosa
florindo canção
nos calos da palma
que a tem para dar
num grão de esperança
do bem germinar.
Eu trago o caminho
na terra a nascer
do passo que é rito
cruento viver
num só movimento
a se prolongar
em sulcos deixando
suor a pingar
em rega diária
na germinação
do amor que eu te entrego
numa plantação.