Rafael Ressano
"FUNDAC"
Um inferno sem férias
Ao meu ouvido o Diabo sussurra coisas sérias
Ele me disse:
"Contigo estou contando"
Agora são de 6 meses à 3 anos
Tac tic
O relógio parece que roda ao contrário
Minha mente perdida nesse fuso horário
Dois lados do muro
E deste lado
Meu coração se perdeu no escuro/(futuro?)
Obscuro sentimento que me faz querer morrer
Mas sou covarde demais para matar
Por isso eternamente irei viver
Pois não conseguirei minha vida tirar
Ainda assim
Quero mostrar ao mundo
Que fui ao inferno
E voltei do submundo
Trazendo o chifre do capeta
Guardarei à sete chaves dentro da minha gaveta
"Cursed path"
Não quero ficar na rua
Não quero voltar para minha casa
Posso ir pra tua?
Por alguns instantes me levastes ao céu
Mas logo caio
Feito Lúcifer
Pego meu chapéu
Voo pela sacada
E saio por aí
A procurar minha maldita estrada
Um frasco amigo da ilusão
Já vazio
(Sinto mais empatia por ele do que pelos homens)
Um perfume barato
Na lista de desejos indesejados
Uma pele que ficará desidratada
"iNatura"
Um toco de sabão
Um pedaço agora inútil
Talvez fútil
(Como meus dizeres)
Tantas vezes te usei
Ou você me usou
Nada disso importa
Pois no fim tudo acabou...
Ou não
Ainda acabará
Com uma ação que acarretará numa infinita inação
"01000011 01101111 01101110 01100110 01110101 01110011 11100011 01101111"
Confusão
Uma constante em minha mente
Enfiar um cabo USB em minha cabeça
E ver num monitor
As desgraças que me fazem
Querer arrancar minha garganta
Talvez programar:
"BE HAPPY"
"Café expresso"
Tomo meu café expresso
A me expressar
Ao vento sentir
Olho os pássaros
Como eu queria voar
Ser livre para amar
Peles experimentar
Viver "Skins"
O cigarro tragar. Ah!
“-Aos 30 você não vai chegar”
Não quero ser ancião
Não anseio em chegar
Quem sabe a experimentar…
Novas lentes
“Yin-Yang”
Eu gosto quando você sente medo das influências de Xangô
E aperta mais forte o meu braço
Eu gosto do meu “arroba” na sua “bio”
Eu gosto quando você me pede fogo
(Na maioria das vezes para o cigarro)
E é no seu colo que bebo e derramo lágrimas
É no seu colo que confesso meus desejos e meus medos
(Feito uma criança)
Finjo indiferença quando me tratas como filho
Mas lá no fundinho
Meu coração fica aquecido
(Freud explica)
“Role a pedra”
Cansei
É isso! Oficialmente cansei de fazer papel de Sísifo
Cansei desse vai e vem
Cansei até de ter prazer em da cara dos deuses zombar
Quero que um raio caia logo para me fritar
Procurei por todos os cantos
Encantos que me fizessem parar de chorar
Mas pelo visto não existe tal bruxa para me salvar
“Macaco insensível”
Lagrimas não caem
Não saem
Mas doem
Um silêncio errante
Berrando aos ouvidos de um surdo elegante
Cheio de si
Não liga para as amantes
Os beijos de metal que bebem sangue
A reação do concreto imperfurável a diante (adiante)
Um cego ralé
Que não vê as obvias runas
Ou não...
Deixa lacunas adiante
O pagamento adiantado é muito mais interessante
O que tem a perder
Se nada julga ter?
Um mudo medíocre
Sem a intenção de falar algo que mude seu mundo
“Evil girl”
Porque fizestes isso comigo
Menina vil
Eu te amava
Eu te amo
Eu te amarei
Menina vil
Quem te vê, quem te viu
Fazia-me tão bem
Como ninguém
Menina vil
Minha vontade de viver você engoliu/sumiu
E agora eu me corto com os cacos do meu coração
Menina vil
Eu só queria tua mão
Mas apresentaste-me rejeição
Menina vil
Minhas refeições são meu Nemesis
Meu banho de sol é minha radiação
Menina vil
Você é meu vilão
“Pesadelo desejado”
Um lindo reencontro
Uma maratona ao abraço
Beijos no rosto
Um belo amasso
Ela me perdoa
Eu a perdoo
Ela se limita a me consolar
Eu me limito a adorar
Flutuo em seu colo
Nado em seu polo
Linda como uma lótus
“-Sinceramente eu te a...”
“TOC TOC TOC”
O ferro fala
Hora de acordar
Em minha cela mental me encontro
Medonho
Felizmente foi só um sonho
“Guerra interna”
Tido como abatido
Nada mais que soldado ferido
Todo pronto para o exorcismo
Eu sou manso mas as vezes cismo
Conhece-me, me ama, te tinto
As espadas já estão tinindo
Recai… Acabei sorrindo
Assassinei teu beijo sumido
Parei
Não olhei, não senti
É desse jeito
Disfarço fluí
Driblei os entes, sem gente sumir
Assumi
Não me importo com seu ir
Desculpa se sou grosso no meu refletir
Olhei para dentro, angustia senti
Contradisse-me
A contragosto pedi
Dentes arrancados para me fazer sorrir
“Confessionário luar”
A lua me contou
A lua me contou que não aguenta mais ouvir poemas de amor
Mas o que posso fazer?
Se você foi embora
E este é o sentimento que ficou
Tenho me escondido do sol
Que ferve me pedindo
Para gritar em clamor
Ah, mas eu não vou
Ah, eu não vou
Não vou implorar por teu calor
Por teu colo em desamor
É isso que imagino que sintas
Com a dor
Perdoa-me meu amor
Perdoa-me meu amor
“Já entendi”
Eu entendi
Eu entendi que ninguém nunca entenderá
Que serão em vão as tentativas de vingar
Que ninguém se importará
Que ninguém o honrará
Que a pesar da sorte
O pesar dos pesares
Na balança não irá mais pesar/contar
"Astronauta"
És metade homem
Total fera
Mesmo a sairdes da estratosfera
Não entendes tua própria era
"Me dê mais"
Eu já vi luas mais bonitas em dias mais normais
Amores mais infames em dias racionais
Vazios enormes em dias de festival
Prostitutas mais baratas no carnaval
Você sabe qual é a próxima rima
"Garoto problema"
Sem carne para mal passa-la
Anorexia armada
Garoto problema
Lua pequena
Tenho pena
A lua vomita luz finita
O desespero se tinta
Eu não vou passar dos trinta
Disso eu tenho certeza menina
Então porque não viver uma aventura?
Problema, problema, PROBLEMA
Ah garota, relaxa
Do inferno a gente não passa
A minha arte é a dor
O meu pincel é a navalha
Com o vermelho que escorre dos meus braços
Eu pinto um mundo que falha/falta
"Performance do acaso"
Ao final da peça
O espaço dá um tapinha nas costas do tempo
Os religiosos
Dão um tapão na cara de Deus
E os físicos quânticos
Um tapa no baseado
Você me aponta pelas loucuras que cometi, mas despertas todos os dias para fazerdes o que fizestes no dia anterior
“Razão”
És metade homem
Total fera
Mesmo a sairdes da estratosfera
Não entendes tua própria era
Bicho sem trela
Come dos comes e bebes
Bebes da fonte da juventude
Quanto mais julgas
Mais tem pulgas/Menos ajudas
Os dias passam
E nada mudas
“Sonho com você”
As vezes eu sonho
As vezes eu sonho que está tudo bem
E que mudar isso
É obra de “Zé ninguém”
As vezes eu sonho que tivemos um meio doce
E um final amargo
As vezes eu sonho que sou despreocupado
Que nada me abala
E que arrumei a mala
Saindo de fininho
Para não dar pala
Para impedir que Deus/o diabo atrapalhe
E que faça com que o sonho (não) se torne realidade
“Fio da navalha”
Quando a alma clama
Ela escorre e chama
Deitado na cama
Começo a chorar/pensar
Pensando na vida
Remexo a ferida
A chama perdida
Viver mais não dá
Traço prosa e rima
Mas no fundo eu sabia
Você não vai voltar
E de verdade, importa?
Eu fecho a porta
Esperança não há
Olho pra lâmina
Ela me ama
Ou não…
Ela só quis me usar
Temos um relacionamento abusivo
Ela dança, canta
Sou cativo dela
Ah! O seu olhar
Ela é a maldade em,,,
Aço
Curvada e inoxidável
“Fui Jesus”
Corra corra corra corra
Morra morra morra morra
Eu vi um anjo no telhado
Um caso meio complicado
Fui totalmente ofuscado pela luz
Eu sei que isso parece insano
Mas cara
Eu acho que não se tem problema
Quando o caso é com a cruz
Mas entenda
O sujeito era estranho e me ofereceu as roupas de jesus
Inicialmente eu recuei logo em seguida recusei
Mas depois de pensar mal
Eu aceitei
Saí na rua proferindo profecias
Milagres
E mil maravilhas
Mas me expus
Os evangélicos não me aceitaram
Os católicos me rejeitaram
Os judeus me odiaram
Mas tudo se está bem quando se é Jesus!
Seja Jesus!
Seja Jesus!
Seja Jesus!
“Espadachim negro’
Por que é que tem que ser assim?
Por que essa dor sem fim?
Matando demônios… ou anjos
Não sei mais a diferença
Até nos meus sonhos me atormentas
Essa dor se alojou em mim
E não sai mais
Continuo de pé por um milagre
Sangue, só quero mais
Para mim essas divindades são mortais
Minha armadura me protege
Minha armadura me fere
Vivo numa guerra
E eu só quero mais
E eu não quero mais
Já não sou são
Matando anjos ou demônios
Chame-me de Espadachim negro
Maldições
Eu tenho mais
Eu tenho mas
Eu tenho más
“Proponho um brinde”
É sobre aceitar
Pare de fugir das trevas
Deste imundo mundo
Abrace seu lado maligno
Aceite a dor
Aceite que não podes mudar
Aceite
E eventualmente acabará
Que feio é mentir
Bebericar…
Coisa de fraco
Embriague-se no que é vil
Aprenda a deixar de amar
Faça com que o sol não volte a brilhar
Para que
No fim do dia
Ao que é realidade
Podermos brindar