Rafael Garrefa Silveira
Amor Alice, A Dor Alice
Amor próprio, é o que te sugerem
Quando no espelho, para ti mesma apontas o dedo
E as cores da roupa que vestes
Escorrem pelo reflexo da negação
O olhar do vizinho
Ora esnoba, ora caçoa
A senhora na fila condena, depravada
Fique ereta! Me perdoa
Mostra-me, Alice
De quem é o ofício de determinar
Quando há motivos suficientes
Para exerceres o direito de fraquejar?
A cruz, de braços abertos
Sempre esteve a sua frente
Conheça-te
E nega-te a ti mesmo
Mas é a vida que adotastes
Sob a pressão do julgamento destes
Como se escolhesse identidade
Do modo que compras bolas de sorvete
Surge, por fim, uma realidade
Eufórica
Te Promete Deus, o gozo e o mundo
Te encontra, aceita, abraça; é verdade
E toma de volta tudo em um segundo
Vi, ver
É rotina
Os altos e baixos
É a soma dos momentos
Basta só aquele
(é a falta dele)
A vida é mudar
Querendo mais do mesmo
A vida é o sentido predefinido
Pela loucura dos afetados
A vida é meio poesia
Escrita por algum ousado
Demasiado corrompido
Recitada em idioma estrangeiro
E ouvida por detrás da porta
Conteste o azul do céu
Morte de inocente
O destino do assassino
A naturalidade do caos, por acaso
A vida é contestar
O próprio contestamento
Que seja então
Quanto se entende de poesia?
Muito menos de vida