R.B. Côvo
Meu Coração
Meu coração
é pequeno e forte,
meu coração
é como um cofre;
guarda tanta coisa
de tanto valor,
guarda tanta gente,
guarda tanto amor...
Meu coração
é grande e fraco,
meu coração
é como um saco;
guarda tanta coisa
sem qualquer valor,
guarda indiferente
guarda ódio e rancor...
Meu coração
é alto e baixo,
meu coração
é gordo e magro,
meu coração
é triste, alegre,
meu coração
bate e não bate...
Meu último poema de amor
Não falará de amor
Eu já de amor não falo
Será uma folha branca
Pura e luzente
Ao centro um gemido apenas
As faixas dos pedestres têm uma particularidade interessante: nunca em tão pouco espaço morreu tanta gente.
Aquele ritual da comunhão na eucaristia faz-me pensar se não estaremos perante o início dos atos de canibalismo. “ Corpo de Cristo, ámen.” Para além de deixar no ar a ideia de que quem passa fome não vai à missa.
Não há nada equiparável na beleza a uma criança. Mas também não há nada equiparável no aborrecimento.
No fundo, são uns tolos. Julgam por ser livre o direito de fazer tudo o que querem, e mais não fazem e dizem, e pensam, senão tolices. Tão tolos são que na ideia que fazem de ser livres não cabe respeito algum. E sua tolice é tanto maior quanto o desconhecimento de sua condição de tolos. De nada fazem ciência - são tolos. E ciência alguma devemos exigir-lhes. Sua ciência é só uma: a repetição inflamada do substantivo "liberdade".
A palavra é o que de mais poderoso têm as humanas gentes. Pela palavra o homem se excede. Não se basta. Pela palavra logra fazer a cabeça de outro alguém. Está certo. É sua convicção primeira.